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2008/09/29

O mundo não é perfeito 

Manuel Brás

Questionam-se alguns espíritos sobre a validade dos princípios da economia de mercado, do sistema capitalista, da primazia e anterioridade da iniciativa privada sobre o Estado. Interrogam-se, no fundo, sobre a consistência de alguns princípios básicos do conservadorismo.

Não há razão para isso. Há muito mais razões para questionar a economia socialista, o estatalismo, a propriedade colectiva dos meios de produção, loucuras que levaram, não a uma grande crise, mas à derrocada total, sem sobrevivência, do sistema económico socialista – marxista – que vigorou em alguns países durante décadas. É claro que isto não se pode dizer em voz alta porque é preciso branquear a tela de fundo do PC e do BdE, não vá alguém pensar, devido às suas simpatias e ligações com regimes totalitários, que nunca foram devidamente julgados a par doutros, que essas forças políticas mereciam ser ilegalizadas por isso. Mas adiante.

Quem achar que o capitalismo não é sistema e que é preciso voltar ao socialismo, à estatização da economia e da propriedade, que veja os resultados das estatizações de empresas em Portugal durante o PREC e o que daí resultou de prejuízo para o País ou no que deu a Reforma Agrária: foi tão boa que hoje não temos agricultura.

O sistema capitalista tem fraquezas? Com certeza. E o socialismo ainda tem mais. O Estado português, em concreto, não é pessoa de bem: deve imenso e durante muito tempo a fornecedores, especialmente do sector da saúde, gozando arbitrariamente de privilégios que não concede aos seus devedores. Há mais razões para desconfiar do Estado socialista que da iniciativa privada e da economia de mercado, porque consegue esconder e ampliar as fraquezas e vícios das primeiras.

Quem quiser julgar o capitalismo, verá como nos últimos anos têm fugido imensos americanos para a Rússia, a Venezuela, a Bolívia, Cuba, Irão e outros paraísos que tais, em busca de melhor vida.

Porque é que a economia socialista ruiu e a capitalista não? Porque o capitalismo, apesar de não ser um sistema perfeito – não existe nenhum – é aquele que mais e melhor se adequa à realidade da condição humana, é mais refractário às utopias, é o mais flexível e adaptável às novas circunstâncias e, nessa medida, o que mais e melhor sobrevive, se regenera e corrige.

É em boa medida, por isso, que o sistema económico dos EUA sobrevive há mais de 230 anos, enquanto a URSS e outros sistemas socialistas ruíram ao fim de algumas décadas de manutenção forçada.

Quem é que tem saudades?

manuelbras@portugalmail.pt

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