2008/05/28
Ensino Profissional/Escolas Profissionais
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Foram estas uma realidade totalmente nova no panorama do ensino em Portugal, se nos lembrarmos de que os verdadeiros antecedentes delas foram as antigas Escolas Técnicas Profissionais (ETP).
É que o “25 de Abril” tinha-as fechado, sob o pretexto de viverem na sombra do elitismo dos liceus, esses, sim, frequentados pela elite social do País, aspirante à frequência do ensino superior e universitário.
É capaz de ter sido um dos actos políticos mais estúpidos de toda a história da humanidade civilizada…
Os mais entendidos e atentos não saberão mesmo como reabilitar a Revolução de tão assombroso pecado!
Entre a morte das ETP e o nascimento das EP, passaram-se perto de vinte anos completamente perdidos para a formação técnica e profissional, de nível III, dos portugueses!
Um crime de que ainda não recuperámos e de que talvez nunca recuperemos.
Mas ganhou-se alguma coisa na substituição dum modelo por outro, no plano do ensino profissional escolarizado?
Penso que sim, que o ensino actual talvez até seja mais decididamente profissionalizante, mas também é muito mais caro e, por isso, ao fim de vinte anos de existência, de expansão muitíssimo mais limitada que a do antigo ETP (Ensino Técnico Profissional).
Há, porém, no Ensino Profissional actual, possibilidades de significativamente maior variedade de cursos que o tornam muito mais adaptável ás carências locais, a partir da grande liberdade e capacidade de iniciativa e organização atribuídas ás próprias escolas.
Dou como exemplo a escola Profissional que criámos em Seia.
Em 2008-2009 terá a funcionar turmas dos seguintes cursos de técnicos profissionais, com equivalência ao 12º ano de escolaridade, nas áreas de:
Construção civil
Turismo – Informação e Animação Turística (ou simplesmente Turismo)
Gestão
Serviços Jurídicos
Termalismo
Viticultura e Enologia
Topógrafo – Geómetra
Instrumentista de Sopro e de Percussão
Esta listagem inclui quatro cursos mais antigos e outros quatro, os últimos, que são de criação muito recente.
Todos estes cursos formam técnicos (em vários casos pela primeira vez) para actividades da maior importância no desenvolvimento socio-económico da região.
Mas são talvez mais flagrantes os casos recentes do termalismo e da viticultura e enologia, numa região muito rica em termas importantes e de pequenas e grandes adegas produtoras de vinho do Dão (região demarcada, com marcas de qualidade garantida).
Quanto aos topógrafos-geómetras, o curso vem, especialmente, mas não só, ao encontro de necessidades dos municípios do Interior, no recrutamento de técnicos do levantamento do território, base do seu melhor conhecimento e utilização.
Mas talvez mais surpreendente de todas foi a reacção à criação do curso de música para Instrumentistas de Sopro e Percussão, que encheu de expectativas os numerosos grupos musicais e bandas de toda a zona.
Sem dúvida os agentes económicos dos concelhos de Seia e circundantes viram, na criação destes novos cursos, mais uma prova, particularmente significativa, da atenção da escola às realidades particulares do tecido social e empresarial desta zona das Beiras.
O futuro dirá em que medida acertámos na análise dessas realidades.
Mas também sabemos que uma característica fundamental das Escolas Profissionais é a permanente atenção dos seus dirigentes á adequação delas ao evoluir dessas realidades e às novas carências do tecido sócio-económico.
Julgo conhecer bem o espírito de muitos de tais dirigentes e que…
Cá estão e estaremos para isso mesmo!
Contando evidentemente com a prevalência desse espírito também nos Serviços centrais e regionais do Ministério da Educação.
A.C.R.
Etiquetas: Beira Interior, Ensino, Escola Profissional da Serra da Estrela, PREC