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2007/05/09

Memórias das minhas Aldeias
Esquecimentos da História
Parte V – N.º 12 

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Mas os começos do Colégio Dr. Simões Pereira terão sido verdadeiramente muito difíceis, a avaliar por episódios relacionados com o que poderia chamar-se a guerra pelas matrículas de alunos que iam terminando o ensino primário e também para evitar que eles, uma vez matriculados, “fugissem” ou fossem aliciados por outros colégios em concelhos próximos.

Foram na altura bem conhecidos e muito falados alguns desses episódios mais picarescos, digamos.

Mas um dos mais característicos, e ao mesmo tempo quase sinistro, talvez tenha praticamente passado despercebido, porque ficou só entre muito poucas pessoas.

Era Julho-Agosto de 1940.

Um aluno de uma escola primária do concelho tinha acabado de fazer com distinção o exame da 4ª classe, logo seguido do exame de admissão, para o qual o seu Professor da 4ª classe o fora preparando ao longo do ano lectivo, todos os dias depois de partirem para suas casas os demais alunos da mesma classe.

Como se esperava, porque era tido pelos que o conheciam, como muito bom aluno, o rapaz foi aprovado no exame de admissão feito no Liceu Alves Martins, em Viseu, notícia que foi comunicada ao aluno e à mãe pelos responsáveis do colégio em cujo grupo de alunos de admissão o rapaz fora integrado para Viseu.

Qual não foi o espanto do rapaz e da mãe quando, numa tarde de grande calor receberam em casa, de surpresa, a visita de três altos delegados do Colégio, para lhes dizerem, sem rodeios, que afinal houvera um erro da pessoa encarregada de ler as pautas no Liceu, em Viseu, e que o rapaz de facto tinha “chumbado”.

Perante a aflição da mãe e do rapaz, os delegados do colégio tentaram acalmá-los, assegurando que iriam ver o que se podia fazer e despediram-se deixando um raio de esperança a sobrenadar na angústia causada.

Poucos dias decorreram e alguém em nome do colégio voltou para esclarecer que já estava tudo arrumado, o lapso fora “corrigido”, o rapaz tinha afinal “passado” e já podia matricular-se no 1º ano.

Havia um cheiro a falsidade que os interessados não podiam detectar, na sua simplicidade.

Só muitos anos passados mãe e filho compreenderam a “fita”, cada um por seu lado. Os farsistas haviam brincado com a inocência, ignorância e credulidade de ambos para lhes arrancarem a confirmação de que o rapaz iria efectivamente frequentar o colégio deles, pois lhes constara ou fizeram de conta que sim, que as intenções dos pais eram realmente outras. Estes nem por sombras, mas à cautela os “estrategas” do colégio resolveram dar-lhes aquele valente safanão a que os visados, tinham a certeza, não conseguiriam resistir, e que não perceberiam.

Tudo uma farsa montada e desempenhada a três.

Na mira deles, já estavam dois irmãos do mais velho em causa, também bons alunos, que nos dois anos seguintes terminariam a 4ª classe e seriam igualmente candidatos ao colégio, cuja fidelidade os farsantes antecipadamente queriam assegurar assim.

A.C.R.

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