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2005/02/16

A fn é racista.
Porque é que sou anti-racista. (III) 

(continuação)

Os racistas portugueses da fn, como sabem, porque eles já têm desenvolvido a ideia na blogosfera, esperam no fundo vencer em Portugal… quando os seus congéneres europeus vencerem na Europa.

Mas os países europeus onde os partidos congéneres da fn alguma vez chegaram ao Poder, logo que isso lhes aconteceu e para no Poder se manterem – sempre em coligações – trataram prontamente de “meter na gaveta” o seu racismo e a sua xenofobia.

Para efeitos práticos, a ambição dos nacional-racistas não levará, portanto, a grande coisa.

Mas o que importa é a ideia sobre a Europa que os fn têm, afinal. É a ideia duma Europa governada, no limite, por um conjunto de governos seus correligionários, todos racistas, portanto, isto é, todos dispostos a expulsar da Europa pelo menos os africanos e afro-americanos e a não deixar que torne a entrar nem mais um.

A tal fortaleza Europa.

É evidente que não basta que então os governos sejam racistas; será necessário que sejam também totalitários, o que é igualmente a vocação inconfessada dos nossos racistas.

Eles ambicionam fechar a Europa completamente sobre si própria.

E nós a perguntarmos como.

Se até ao 11 de Setembro podia haver ilusões sobre isso, vá lá.

Mas nesse dia e desde então, tornou-se claro que nem a América nem a Europa podem sobreviver e vencer separadas os novos desafios.

Os nacional-racistas podem sonhar à vontade com a sua Europa-fortaleza, mas não passa de uma má utopia.

A aliança do ocidente à volta do Atlântico, contra as ameaças do terrorismo e do fanatismo muçulmano, não pode excluir a África e tem de ter por base um entendimento profundo entre a Europa e os EUA.

Pensam os nacional-racistas portugueses e europeus que esse entendimento fundamental será possível, se a Europa for governada por inimigos militantes das minorias étnicas mais numerosas dos EUA, os negros e os hispano-americanos?

O ilusionismo dos nossos nacional-racistas é tanto que já sei o que vão responder.

“Se os EUA não nos quiserem, aliamo-nos à Índia!”

Temos de pedir-lhes que nos mostrem o pacto que já porventura tenham celebrado com o governo “nacionalista” da Índia…

Só porque o principal partido indiano de governo é “nacionalista”?

Mas o governo indiano é nacionalista-racista?

E estão os nacional-racistas portugueses mesmo convencidos de que a grande maioria dos europeus não rejeitaria radicalmente substituir a aliança com os EUA por uma aliança com a Índia?...

Não há dúvida de que o delírio dos nacional-racistas é de raiz, vem de longe e promete ir para longe. É o delírio que os torna perigosos, mas penso que acabarão por ser vítimas dos seus próprios delírios. Ou caem em si e deixarão de ser eles próprios, deixarão de ser nacional-racistas. Todos nos regozijaríamos então verdadeiramente com a feliz mudança, prova finalmente duma insuspeitada lucidez, até agora conservada em perfeito segredo…

A.C.R.

(continua)

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