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2005/02/17

Porque é que sou anti-racista. (IV) 

(continuação)

Não são “questiúnculas” o que nos separa, aos racistas e aos anti-racistas.

Julgo que os três postes anteriores (
este, este e este) permitem recordar que se trata de divergências de fundo, ao nível da concepção do homem, ao nível moral, ao nível da História, ao nível da geo-estratégia mundial, ao nível da política, do Estado como do indivíduo e da sociedade.

Por mim reforcei a minha certeza de que o racismo não tem futuro e que devemos combatê-lo como uma doença mortífera, com a maior energia e determinação e a máxima lucidez.

Os filhos e netos ou bisnetos dos derrotados de 1945 não devem alimentar ilusões a tal respeito.

Mas não julguem – como constantemente querem fazer crer, antes de mais para se encorajarem falsamente a si próprios – que não distinguimos entre o racismo e o direito que aos Estados assiste de regularem as correntes imigratórias que se dirijam aos respectivos Países, ameaçadoras como verdadeiras invasões.

Como também é certo, por outro lado, que o simples etnicismo acaba sempre redundando em orgulho racial e exigência de reconhecimento duma superioridade de grupo, étnico ou racial, que em nada vem a distinguir-se do racismo puro e cru.

Estejamos, portanto, também atentos ao etnicismo e às teses identitárias.

É tão importante perceber todos estes aspectos das questões racialistas/racistas como perceber que os sucessivos racismos registados pela experiência do homem em sociedade, ao longo dos tempos, não passaram de puros acidentes históricos, ligados no seu aparecimento e desenvolvimento ao predomínio político, militar, económico, tecnológico de um povo ou império hoje, amanhã outro.

A profunda unidade dos homens – proclamemo-lo sem hesitações nem temores absurdos – é profundamente consoladora.

E, ao contrário do que temem ou fingem temer os racistas, essa unidade não tem que destruir ou pôr em perigo a diversidade e multiplicidade de caminhos a prosseguir pelos grupos humanos, nacionais ou outros.

Não precisamos de fazer da globalização um fantasma.

Quando aprendermos a conviver com o grande universalismo que é o universalismo do homem e da humanidade, teremos encontrado os caminhos para a consolidação da riqueza representada pelos nossos particularismos e pela nossa diversidade e complementaridade.

Mas não é uma atitude para um dia distante. É para hoje!

Descontraí-vos, senhores racistas!

António da Cruz Rodrigues (ACR)

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