2005/02/10
Na Morte do Dr. Henrique Veiga de Macedo,
Antigo Ministro das Corporações e Previdência Social
Só a semana passada, na reunião da comissão para o Memorial do Dr. Salazar, soube da morte do Dr. Veiga de Macedo, ocorrida na semana anterior.
Parece que os M.C.S. silenciaram de todo, ou quase, o infausto acontecimento. E, no entanto, H. Veiga de Macedo, chegou a ser, durante mais de uma quinzena de anos, um vulto de 1ª ordem e de 1ª linha do Estado Novo.
Dos quadros do Instituto Nacional do Trabalho, onde chegou a Delegado do INTP no Porto, Salazar convidou-o para Sub-Secretário de Estado da Educação (1949-1955), sendo Ministro o Prof. Doutor Fernando Pires de Lima.
Nesse cargo, concebeu, organizou e pôs em funcionamento o Plano de Educação Popular, de que foi principal instrumento a famosa Campanha de Educação de Adultos que visava reduzir drasticamente o analfabetismo entre os adultos.
As qualidades de grande organizador e extraordinário dinamizador demonstradas nesta Campanha terão levado Salazar a convidá-lo para Ministro das Corporações e Previdência Social, na remodelação do Governo em 1955, permanecendo no cargo até 1961, quando passou a presidente da comissão Executiva da União Nacional, funções que desempenhou até 1965.
Como Ministro das Corporações e Previdência Social confirmou todas as qualidades de estadista dinâmico e muito empreendedor, nos mais diversos domínios do seu importantíssimo Ministério. Mas notabilizou-se particularmente pela promoção da legislação que criou e organizou as primeiras oito Corporações (da Lavoura, dos Transportes e Turismo, do Crédito e Seguros, das Pescas e Conservas, da Indústria, do Comércio, da Imprensa e Artes Gráficas e dos Espectáculos), de que foram descendentes directas as actuais Confederações da Indústria, do Comércio, da Agricultura, do Turismo, etc.
Com a criação destas Corporações em 1957, 1958 e 1959 (seguidas aliás de mais três, já em 1966, sendo Ministro o Prof. Doutor José João Gonçalves de Proença), ficou completado e coroado todo o sistema de organismos exigido pelo regime corporativo em que assentava o Estado Novo.
Com isso, levou o Dr. Veiga de Macedo a cabo uma obra de cúpula do sistema que já muitos não esperavam e que ele tentou conduzir e pôr em prática, atenuando tanto quanto era possível o carácter de corporativismo de Estado com que o sistema tinha nascido.
Com a criação das Corporações, a participação corporativa no órgão político soberano representativo da ordem social orgânica do País, a Câmara Corporativa, ficou também completada. Foi um novo fôlego do Regime, traduzido numa mais vasta, profunda e rigorosa audiência e manifestação dos interesses e potencialidades da sociedade em geral.
Foram estas, penso, em suma, as mais notáveis obras do Dr. Henrique Veiga de Macedo, o qual, saneado no 25 de Abril, se viu na necessidade, para ganhar a vida, de exilar-se no Brasil.
Aí passou o Dr. Veiga de Macedo as maiores dificuldades, durante os primeiros tempos, até vendendo livros de porta em porta, disse-me, antes de ser nomeado Professor duma Universidade de São Paulo.
Nesta cidade vim a encontrá-lo em 1981, num jantar em casa dum grande Amigo, o Doutor José Pedro Galvão de Sousa, Professor da PUC-Pontifícia Universidade Católica, o qual muito ajudou vários Portugueses a reorganizarem a sua vida de imigrados políticos, entre eles também o Dr. Rebelo de Sousa, igualmente ex-ministro das Corporações e Previdência Social, mas já no consulado marcelista.
Concluindo.
Foi o Dr. Henrique Veiga de Macedo um Homem de têmpera excepcional, grande Português, de trato amabilíssimo, lealíssimo nas suas fidelidades de sempre, grande organizador e impulsionador, emérito homem de acção, a quem o País muito ficou a dever.
A.C.R.
Parece que os M.C.S. silenciaram de todo, ou quase, o infausto acontecimento. E, no entanto, H. Veiga de Macedo, chegou a ser, durante mais de uma quinzena de anos, um vulto de 1ª ordem e de 1ª linha do Estado Novo.
Dos quadros do Instituto Nacional do Trabalho, onde chegou a Delegado do INTP no Porto, Salazar convidou-o para Sub-Secretário de Estado da Educação (1949-1955), sendo Ministro o Prof. Doutor Fernando Pires de Lima.
Nesse cargo, concebeu, organizou e pôs em funcionamento o Plano de Educação Popular, de que foi principal instrumento a famosa Campanha de Educação de Adultos que visava reduzir drasticamente o analfabetismo entre os adultos.
As qualidades de grande organizador e extraordinário dinamizador demonstradas nesta Campanha terão levado Salazar a convidá-lo para Ministro das Corporações e Previdência Social, na remodelação do Governo em 1955, permanecendo no cargo até 1961, quando passou a presidente da comissão Executiva da União Nacional, funções que desempenhou até 1965.
Como Ministro das Corporações e Previdência Social confirmou todas as qualidades de estadista dinâmico e muito empreendedor, nos mais diversos domínios do seu importantíssimo Ministério. Mas notabilizou-se particularmente pela promoção da legislação que criou e organizou as primeiras oito Corporações (da Lavoura, dos Transportes e Turismo, do Crédito e Seguros, das Pescas e Conservas, da Indústria, do Comércio, da Imprensa e Artes Gráficas e dos Espectáculos), de que foram descendentes directas as actuais Confederações da Indústria, do Comércio, da Agricultura, do Turismo, etc.
Com a criação destas Corporações em 1957, 1958 e 1959 (seguidas aliás de mais três, já em 1966, sendo Ministro o Prof. Doutor José João Gonçalves de Proença), ficou completado e coroado todo o sistema de organismos exigido pelo regime corporativo em que assentava o Estado Novo.
Com isso, levou o Dr. Veiga de Macedo a cabo uma obra de cúpula do sistema que já muitos não esperavam e que ele tentou conduzir e pôr em prática, atenuando tanto quanto era possível o carácter de corporativismo de Estado com que o sistema tinha nascido.
Com a criação das Corporações, a participação corporativa no órgão político soberano representativo da ordem social orgânica do País, a Câmara Corporativa, ficou também completada. Foi um novo fôlego do Regime, traduzido numa mais vasta, profunda e rigorosa audiência e manifestação dos interesses e potencialidades da sociedade em geral.
Foram estas, penso, em suma, as mais notáveis obras do Dr. Henrique Veiga de Macedo, o qual, saneado no 25 de Abril, se viu na necessidade, para ganhar a vida, de exilar-se no Brasil.
Aí passou o Dr. Veiga de Macedo as maiores dificuldades, durante os primeiros tempos, até vendendo livros de porta em porta, disse-me, antes de ser nomeado Professor duma Universidade de São Paulo.
Nesta cidade vim a encontrá-lo em 1981, num jantar em casa dum grande Amigo, o Doutor José Pedro Galvão de Sousa, Professor da PUC-Pontifícia Universidade Católica, o qual muito ajudou vários Portugueses a reorganizarem a sua vida de imigrados políticos, entre eles também o Dr. Rebelo de Sousa, igualmente ex-ministro das Corporações e Previdência Social, mas já no consulado marcelista.
Concluindo.
Foi o Dr. Henrique Veiga de Macedo um Homem de têmpera excepcional, grande Português, de trato amabilíssimo, lealíssimo nas suas fidelidades de sempre, grande organizador e impulsionador, emérito homem de acção, a quem o País muito ficou a dever.
A.C.R.