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2005/02/02

Esclarecimento a um “Esclarecimento” de Nuno Neves, 

no “Causa Nacional”, de 25 p.º p.º

A sua dúvida sobre se ACR “está do lado de Portugal, se do lado daqueles que o pretendem destruir”, seria infame se não fosse apenas retórica infeliz e oportunista.

A preocupação de Nuno Neves com encontrar fundamento sério para isso deve ter sido tanta como a que o leva a incluir-nos, aos da AN, entre os “saudosistas do império português”.

Já fiz este desafio a outros, mas a única resposta que obtive foi o silêncio ou malabarismos cobardes.

Tenho a certeza de que Nuno Neves não é cobarde nem malabarista tonto, até porque não se esconde atrás do anonimato, como os outros.

Diga-nos, então, um texto onde ACR, ou quem quer que seja da AN, tenhamos mostrado qualquer interesse ou saudosismo pelo chamado “regresso ao Ultramar”.

Pelo contrário, boa parte do meu e nosso esforço, nessa matéria, desde a fundação da AN, onde quer que alguém esboce tal tendência, tem sido de esclarecer e combater os pouquíssimos lunáticos dessa “nostalgia”.

Pura e simplesmente lunáticos os consideramos, mas não, evidentemente, por eles entenderem que os Portugueses tenhamos, como diz, “uma dívida” qualquer para com o ex-Ultramar ou o ex-Ultramar para connosco.

Mas sobretudo por pensarmos que a geo-estratégia do Ocidente tem de ser outra, face à nova guerra mundial já em curso ou que se anuncia.

(Ai o “mundialismo” do ACR!)

Nessa guerra, temos de ter do nosso lado também uma África sub–saariana de nações/estados independentes, de povos e raças livres e senhores de si e dos seus destinos. Isto é, tão independentes e livres como os povos, nações e estados de toda a América e de toda a Europa, mas comungando no essencial dos valores ocidentais.

Se isto já era suficientemente claro antes, para alguns de nós, a partir do “11 de Setembro” deixou de poder entender-se que o não seja, também agora, para todos.

Por favor, recomende aos seus Amigos fn(r) que ponderem as faces todas da realidade, em lugar de se comportarem como pobres avestruzes.

António da Cruz Rodrigues

P.S. Agradeço-lhe ter-me reconhecido, no seu “Esclarecimento”, como um dos que “deseja perpetuar a cultura e tradições nacionais” e “um Portugal forte”.

É verdade, de facto, como comprova a minha luta pública de quarenta anos.

Mas também é verdade não crer que isso possa conseguir-se hostilizando e diabolizando raças e povos que já são ou de que temos de fazer aliados do Ocidente na formidável luta pelo futuro.

É um pragmatismo que não vai contra a Moral e os nossos valores, mas que, pelo contrário, os reforça e engrandece.

Esta globalização, meu Caro, é saudável e inevitável.

Porque é que entre os fn(r) ninguém fala destas realidades decisivas?

A.C.R.

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