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2005/01/31

Entrevista de António da Cruz Rodrigues
ao "Causa Nacional" (3ª e última parte) 

(continuação)

7. O que aprisiona o nacionalismo em Portugal?

Não estou seguro de perceber univocamente o sentido da pergunta.

Tomo-a no sentido que me permite, creio, dar mais interesse à resposta, isto é, aquela que julgo ir direito aos tabus em que, ao longo dos últimos cem anos, os nacionalistas em Portugal mais se deixaram enredar e manietar.

Já os enunciei mas repito e acrescento: o tabu do toalitarismo dos Estados modernos e dos partidos únicos; o tabu da suposta incapacidade do sufrágio universal directo para exprimir a vontade política da Nação; o tabu corporativista; o tabu monarquista; o tabu anti-religioso; o tabu anti-judaico; o tabu anti-burguês; o tabu racialista, etnicista, racista …

Chamo-lhes tabus por serem pressupostos adquiridos e intocáveis para muitos “nacionalistas”.

Nos últimos anos, parece ter-se difundido entre nacionalistas também, uma espécie de tabu anti-ocidentalista e, mais particularmente, anti-atlantista. Como se ser atlantista, em particular, repito, diminuísse o nosso portuguesismo e o nosso nacionalismo de Portugueses.

Não quero, por já ir muito longa esta entrevista, desenvolver o que julgo constituir uma gravíssima incompreensão do que serão historicamente o Atlântico e as alianças atlânticas no vastíssimo âmbito do mesmo Oceano, como factor ultra-decisivo da geo-estratégia para a segurança mundial e defesa do Ocidente, no séc. XXI.

Não querer compreender isso e, portanto, não querer prever a indispensável participação de Portugal e de toda a Lusofonia nessas alianças, pode vir a revelar-se perigosíssima imprevidência, se não mesmo criminosa cobardia.

É evidente que nessa perspectiva o atlantismo não tem nada de fechado mas implica a aliança profunda e, acima de tudo, leal e sem reservas, da Europa e dos EUA.

O verdadeiro nacionalismo português não pode, evidentemente, ser indiferente ou ficar passivo face a estas realidades.

8. Os congressos por vós realizados foram uma tentativa de libertação?

Começo por lembrar que se tratou à partida de outra iniciativa do “grupo do Vector”, por intermédio da Aliança Nacional. Posto o que, passo a responder à pergunta.

Sim, foram os Congressos uma tentativa de libertação do nacionalismo português, exactamente no sentido que dei às respostas das perguntas que o site “Causa Nacional” quis fazer-me. A tal ponto que as reacções dentro do próprio I Congresso Nacionalista Português, em Outubro de 2001 – logo a seguir ao ataque às Torres Gémeas de Nova Iorque – foram de grande surpresa e desacordo da parte, naturalmente, de alguns dos expoentes do nacionalismo tradicional e de alguns manifestantes do nacionalismo racialista. Aliás, logo na preparação do I Congresso – iniciada cinco meses antes – essas reacções se manifestaram, até por deserções de última hora.

No II Congresso Nacionalista Português, em Novembro de 2003, não havendo já razões para tanta surpresa e estando os campos bem definidos, agradavelmente surpreendente foi, sim, a qualidade das teses apresentadas, coincidentes, ou muito próximas do pensamento neo-nacionalista, que fez ali, em minha opinião, avanços importantes para o seu próprio esclarecimento e deu provas de ter atraído excelentes novas expressões.

9. Para quando um novo congresso?

Em princípio deverá ser em 2005, pois o carácter bienal dos Congressos tem sido consensualmente estimado como adequado. Nada está, porém, ainda fixado. Em todo o caso, penso que seria muito oportuno, em especial atendendo às fortes novidades sobre posições doutrinárias e organizativas surgidas desde o II Congresso, há um ano.

10. Obrigado pela entrevista, quer deixar algumas considerações finais?

Eu é que agradeço a oportunidade oferecida, lamentando apenas ter levado tanto tempo para responder às perguntas feitas há mais de dois meses. Para desculpar-me não tenho mais que a minha convicção de que a entrevista alguma coisa terá ganho em actualidade, precisão e concisão.
Também traduzi agora, julgo que mais completamente, o trabalho de revisão e reformulação do nacionalismo português, de várias fontes, tornado especialmente intenso desde há quatro anos.

O que aí fica apela a parte significativa de tal revisão.

E mais nada. O que acrescentasse talvez não viesse a resultar senão na repetição de coisas já ditas, do que a inteligência dos leitores me dispensa por certo.

A.C.R.

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