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2005/02/04

A Estrela é a Serra 


Uma região onde a Natureza permanece quase intacta. Óptimo para as férias deste verão.
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António M. Antunes


A primeira vez que subi à Serra da Estrela foi em 1939, quando tinha nove anos. Fiquei fascinado pelo encanto daquelas paragens: a leveza e transparência da atmosfera, a água cristalina das pequenas lagoas e a imensidade verde dos relvados.

Após inúmeros passeios, recordo-me vivamente da alegria que tivemos – há quatro anos -, eu e um grupo de amigos, quando, depois de uma difícil escalada, chegámos ao cimo do Cântaro Magro, de onde se desfruta uma paisagem grandiosa. Um deles dizia-me o seguinte: «Sentimos o ar puro, o silêncio, a paz, a liberdade… Na Serra não há barreiras físicas nem intelectuais entre as pessoas. O grupo que passeia é como se fosse uma só pessoa com o mesmo sentimento».

As montanhas, convidando ao esforço, são mais educativas do que as praias, as quais incitam à preguiça. Há também o “prazer do cansaço”, como afirmava Miguel de Unamuno, grande pensador espanhol e entusiasta calcorreador de serras.

Já alguém chamou às montanhas as catedrais da Terra. Por outro lado, segundo o escritor Saint-Loup, deve amar-se não só as montanhas, como também os seus habitantes.

Para quem se decidir a dar um passeio à Serra da Estrela, usufruindo a pé da sua extraordinária beleza, sugiro a visita aos seguintes pontos pitorescos: a elevação próxima da Lagoa Comprida e da casa do Arquitecto Vítor, de onde se avistam as lagoas do Covão do Forno e do Covão do Curral; a Penha do Gato, de onde se avista Loriga entre dois rochedos; a Candeeira, do topo da qual se vê, no fundo de um abismo, a Lagoa da Candeeira, onde existem lontras, e o vale do Zêzere (a Candeeira serviu de motivo a numerosos quadros feitos pela família de pintores dinamarqueses Sigurd Swane, que tiveram um enorme sucesso no seu país); o Malhão ou Cabeço do Monte Estrelo, de onde pode admirar-se os “Poços de Loriga” (Covão das Quelhas, Covão Serrano e Lagoa da Francela); o Cântaro Magro, para cuja ascensão é necessário uma pessoa conhecedora.

Uma última recomendação: se for à Serra da Estrela, não se esqueça de usar calçado e vestuário apropriado, e proteger-se do Sol, pois este “queima” mais do que na praia.

Aqui fica, portanto, o convite a visitar a Estrela: um autêntico e nobre santuário natural, onde fará, certamente, uma experiência inesquecível.

CIDADE NOVA N.º 4/99

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