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2004/02/23

Para o nosso balanço do Nacionalismo Português. (XIII) 

Hoje falamos de mudanças que o “28 de Setembro” trouxe.

(continuação do post de 2004/02/20)

O estado de espírito que viria a gerar o “28 de Setembro”, por parte da Direita portuguesa, foi sem dúvida o de um grande optimismo, por isso, talvez, pouco reflectido, como deixei escapar no poste anterior.

A “Direita” spinolista julgou chegada a hora do seu triunfo e atirou-se de cabeça, com poucas precauções.

A esquerda comunista ou satélite, por seu lado, não tinha ainda verdadeiramente dado a medida da sua força e da sua determinação, nem tinha ainda dado, como veio a dar, por fim, a medida do seu desespero suicida.

Ambas foram precipitadas.

A composição do equilíbrio de forças que havia de permitir, enfim, de algum modo, estabilizar politicamente o País, não passava pelo triunfo nem de uma, nem de outra.

Se quiséssemos usar uma linguagem cinegética, poderíamos dizer que o Gen. Spínola funcionou no pós-25 de Abril, até ao fim do PREC, como uma espécie de negação da Direita portuguesa.

Inconscientemente, em todo o caso, mas talvez porque essa fosse a grande vocação do Gen. Spínola, tudo aconteceu como se a Direita acirrasse o General, atirando-o sucessivamente para o campo de caça da esquerda e dos comunistas, que aí acabaram por apanhá-lo, reduzindo a pouco o seu peso político.

Foi no 28 de Setembro e foi no 11 de Março.

A verdade, porém, é que essas datas, se ficaram como as grande vitórias da esquerda comunista ou comunizante, de tal modo a obrigaram a excessos políticos e de violência que a desgastaram e esgotaram para outros combates mais decisivos. De facto perdeu-os essa esquerda por estar já muito enfraquecida, dos seus excessos anteriores, em que usou e abusou das forças próprias, até à exaustão, ao mesmo tempo que a não-esquerda se tinha entretanto organizado melhor e reunido forças mais disciplinadas, lúcidas e promissoras.

As derrotas do Gen. Spínola, das duas vezes em que provocou a esquerda em terreno aberto, no 28 de Setembro e no 11 de Março, deram cabo dessa esquerda “vencedora”.

Saldo do balanço dessas provocações: Spínola, com as suas insensatezes, obrigou a esquerda a tais dislates defensivos/agressivos que, no fim, deixando-a esgotada pelos excessos das reacções dela (as nacionalizações, as ocupações de propriedades, a autogestão de empresas, etc.), a conduziu indirectamente à derrota.

Talvez, afinal, não tenha sido de todo injusto o título de Marechal que lhe deram....

Mas é certo que, por uns tempos, não apenas a direita spinolista, mas toda a direita ficou em estado de grande desorientação e paralisada, após o “28 de Setembro”.

Estuporada, como se diria em Português de antanho, e sem saber que fazer.

Nós, antes militantes do MPP, aceitámos o convite do PDC, como já disse, depois de uma paralisação política de quase dois meses (v. Poste XII).

Ao ligarmo-nos ao PDC, não podíamos imaginar que, sem querer nem saber, íamos juntar achas num projecto político que também acabaria por tornar-se outro foco spinolista, sujeito à atracção dos habituais abismos de insensatez, imponderação e arrogância, ao estilo da “escola” do General..

Em apenas pouco mais de cinco meses vertiginosos, de 28/09/74 a 11/03/75, o PDC estabeleceu-se como partido, atingiu o zénite de popularidade e praticamente morreu, de morte súbita.

Mas a verdade é que, pela história do PDC, como por tantas outras histórias de actividades frenéticas, mas bem fundadas, de luta contra o domínio marxista do País, em tantas frentes, depressa os Portugueses nos sentimos cheios outra vez de esperança e optimismo.

Desta vez foi tão verdade e profundo o optimismo, que a “derrota” do 11 de Março não fez mossa e, em vez de abater a resistência da Nação, foi como um impulso novo para a resistência se firmar mais sólida e mais fundo.

Nem as nacionalizações em massa abateram o País!

Como se em geral pressentíssemos que isso e tudo que as acompanhou era o erro mais grave dos comunistas e comunizantes, que havia de conduzi-los fatalmente à derrota sem remissão.

Nós, os “antigos” do “antigo MPP” e do “falecido” PDC lembrávamo-nos do sofrimento dos prisioneiros de 28 de Setembro, muitas vezes, porque sentíamos a sua ausência e a falta que faziam às famílias e ao nosso combate. Aos mais próximos de nós mandávamos, quanto podíamos, os nossas mensagens de esperança e confiança. Mas não podíamos deixar de lamentá-los sobretudo por estarem longe deste frenesim insurreccional que mais cedo ou mais tarde inverteria o sentido que as coisas tinham tomado até ao 11 de Março.

Sabíamos que era só uma questão de algum tempo.

A imensa nódoa da prisão, sem culpa formada, dos mais de mil prisioneiros políticos do 28 de Setembro, marcaria para sempre de infâmia o “regime” saído dos acontecimentos daquela data e refinado no 11 de Março.

Essa infâmia era por si só tão insuportável que o “regime” que a fizera não podia durar.

Absoluta foi, pois, a nossa alegria de ver cá fora, depois de o “regime” ter caído, os dois prisioneiros políticos do 28 de Setembro com quem mais, no MPP e no “Bandarra”, os do grupo do VECTOR tínhamos trabalhado: o José Luís Pechirra e o Manuel Maria Múrias.

Não há dúvida: o “regime” do 28 de Setembro tinha-os metido na cadeia, a eles e aos outros mil, mas foi curto: precisaria de ter metido muitos mais, talvez a Nação inteira. O PCP e apaniguados avaliaram muito mal a força de todos nós.

A.C.R.

(continua num próximo post)

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