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2004/02/20

Um parêntese. Achegas sobre a ida do MPP ao Alentejo, em princípios de Setembro de 1974. 

(continuação do post de 2004/02/19)

Em 2004/02/16, com notas sobre a vida do MPP – Movimento Popular Português (poste IX) publiquei alguns dados acerca da ida ao Alentejo para um comício.

O comício foi no Cano, concelho de Sousel, distrito de Portalegre, logo nos começos de Setembro, a um sábado.

Saímos de Lisboa, manhã cedo, em duas carrinhas, além de mim, o Agnelo Galamba de Oliveira, o Manuel Arnao Metelo, o Pedro Garcia Rocha, o José Luís Pechirra, o irmão Manuel Pechirra, um brasileiro Pontes (inventor do “Pontex”...) e o António da Gama Ochôa, que desde havia algum tempo passara a actuar no projecto MPP, mas que já a partir de 1973, pelo menos, era também militante e dirigente do VECTOR.

Foi o António da Gama Ochôa um alto funcionário do Ministério das Corporações, exemplar chefe de família, culto e inteligente doutrinador do Corporativismo de Associação, que soube suportar com nobilíssima coragem as terríveis agruras dum saneamento pior que moralmente injusto, porque completamente ilegal, como depois do PREC veio a ser-lhe reconhecido.*

Se me ler, que me perdoe as “indiscrições”.

O dia de acção política começou no Cano, com distribuição na feira semanal, durante a manhã, do manifesto e de prospectos anunciando o comício dessa noite, bem como de autocolantes e brochuras; fomos almoçar a Estremoz, onde aproveitamos para também distribuir alguma propaganda; e, dada uma volta por outras povoações da zona, depois do jantar também em Estremoz voltámos ao Cano, para o comício ao fim da tarde.

Perorámos todos do alto duma varanda, creio que na Casa do Povo, sobre a praça central do lugar, para uma assistência que excedia as seiscentas pessoas; nada mal para a conjuntura e para o meio.

Não tínhamos, nenhum de nós, creio, experiência por aí além da oratória que se impunha, mas não nos saímos mal nas diatribes anti-comunistas que não poupámos. Todos ouvimos aplausos, não houve apupos, mas o Galamba de Oliveira e o José Luís Pechirra foram mesmo aplaudidos com particular vigor e entusiasmo.

O comício começara ainda ao lusco-fusco. Acabámos noite bem cerrada, na praça fracamente iluminada, e regressámos a Lisboa convencidos de que o Alentejo não era uma seara política pobre e negativa como se dizia.

Os acontecimentos a partir de umas três semanas depois daquela noite iam rectificar juízos eventualmente precipitados de alguns e alertar-nos fortemente para a necessidade de uma luta bem mais dura e mais arriscada, bem mais exigente do que até aí e daquilo que a maioria ousava prever.

Veio a ser necessária, de facto, a partir do “28 de Setembro”, uma radical revisão e endurecimento das nossas disposições para o combate.

Diga-se, com orgulho e alegria, que foram muitíssimo poucos os que não estiveram à altura.

A.C.R.

* Corporativismo de Associação por oposição a Corporativismo de Estado, na terminologia de grandes teóricos do Corporativismo, como Manoïlesco, adaptada e desenvolvida entre nós pelo grande Mestre do Corporativismo e Direito Corporativo, que foi o Prof. Doutor José Pires Cardoso; bem como por outros, menos conhecidos mas também influentes e distintos doutrinadores, de que me lembram agora, especialmente, o Dr. João Manuel Cortez Pinto e o Dr. Fernando Cid Oliveira Proença, aos quais o VECTOR também ficou a dever preciosos contributos das suas inteligências excepcionais.

(continua num próximo post)

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