2004/02/16
Para uma resenha histórica e balanço do Nacionalismo Português moderno e pós-moderno (IX).
Como veio a acabar o M.P.P. — Movimento Popular Português
(continuação do post de 2004/02/13)
Ao contrário do que se passou com a audiência dada pelo Primeiro-Ministro Doutor Adelino da Palma Carlos ao M.P.P., não me foi possível, na realidade, recordar com segurança quem terá representado o M.P.P. na audiência concedida pelo Presidente da República General António de Spínola, em 10 de Julho de 1974, à “delegação representativa do Movtº Federalista Português, do Partido Trabalhista Democrático Português, do Partido Liberal e do M.P.P.”, como refere o “relatório” oficial sobre a intentona do 28 de Setembro de 1974, na parte transcrita em 06 do corrente pelo blogue “O Sexo dos Anjos”.
Não se pode imaginar qualquer resultado minimamente interessante da audiência, sabido já na altura como Spínola estava a apostar tudo no Partido do Progresso e no CDS.
Não consegui sequer recordar, nem recorrendo à ajuda de alguns dos nomes que apontei antes, directamente envolvidos no M.P.P., quem nos terá representado na audiência, se audiência acabou de facto por haver.
A ter havido audiência (e não mera entrega do papel a algum secretário) e a termos estado representados, parece-nos que só poderia ter sido através do Eng.º A. Galamba de Oliveira e/ou do Dr. Manuel Braancamp Sobral.
Quaisquer outros de nós éramos insuficientemente “diplomáticos” para suportar uma audiência com o homem que todos considerávamos o principal responsável pelo êxito do assalto em curso ao Poder por parte do PCP e, portanto, o principal responsável, pela consequente destruição de Portugal que, aos olhos de muitos, era já inevitável.
Havia, porém, forças políticas de Direita e até Nacionalistas portugueses dispostos a perdoar tudo a Spínola, em nome dum pragmatismo político que não encontrava eco no M.P.P.
Se é certo que, acima de tudo, o M.P.P. transmitiu desde a primeira hora a certeza de querer e saber identificar o Inimigo no meio da confusão triunfante, isto é, o inimigo principal, o PCP, não é menos certo que sempre o MPP viu em Spínola o “inocente útil” com quem nada queria, com quem não pactuaria nunca e que considerávamos politicamente um inepto, um desastrado, se não pura e simplesmente um desastre acabado.
Com esse, nunca embarcaríamos em aventuras.
Parecia que já em Julho estávamos a palpitar os desastres do “28 de Setembro” e do “11 de Março”.
Mas não, não nos passava pela cabeça o que veio a acontecer.
Tínhamos muito com que nos ocuparmos, acções concretas lançadas ou em via de lançamento, em cujo êxito estávamos profundamente empenhados.
Íamos fazer o primeiro comício do M.P.P. entre o Povo e tínhamos escolhido, por sugestão do José Luís Pechirra, fazê-lo no Alentejo. Sim, no Alentejo, na “boca do lobo” comunista, para juntarmos os actos às palavras e darmos a prova de como não éramos de balelas, mas prontos a correr os riscos todos dos combates necessários, em que acreditávamos. Fomos ao Alentejo, admitimos por cautela o pior, não nos deram essa honra; e as coisas até não correram nada mal; teríamos até voltado em breve, não levassem os acontecimentos outro rumo, com a prisão do J. Luís Pechirra e do Manuel Maria Múrias, no “28 de Setembro”; e conseguiríamos a legalização do M.P.P., facilmente, com os milhares de assinaturas que por nosso intermédio foram mais tarde, na altura própria, para o PDC – Partido da Democracia Cristã.
Mas é cedo para falar disso, que não era previsível em Julho.
Nesse mês estávamos, o grupo do VECTOR, enquanto nos envolvíamos nas acções já referidas do M.P.P., a ajudar o Manuel Maria, com igual empenho e toda a nossa logística, a preparar a bela aventura do BANDARRA.
Não vou aqui repetir-me, mas quem queira saber ou recordar o que isso foi pode refrescar conhecimentos ou recordações lendo, neste blogue, o que escrevi na morte do M.M.M., a propósito do lançamento do inesquecível semanário e dos seus inesquecíveis três números (o “zero, o “um” e o “dois”) os únicos que a pesada mão da “censura” abrilina/comunista deixou sair.
Mas já chega por hoje, conto mais amanhã.
A.C.R.
(continua num próximo post)
(continuação do post de 2004/02/13)
Ao contrário do que se passou com a audiência dada pelo Primeiro-Ministro Doutor Adelino da Palma Carlos ao M.P.P., não me foi possível, na realidade, recordar com segurança quem terá representado o M.P.P. na audiência concedida pelo Presidente da República General António de Spínola, em 10 de Julho de 1974, à “delegação representativa do Movtº Federalista Português, do Partido Trabalhista Democrático Português, do Partido Liberal e do M.P.P.”, como refere o “relatório” oficial sobre a intentona do 28 de Setembro de 1974, na parte transcrita em 06 do corrente pelo blogue “O Sexo dos Anjos”.
Não se pode imaginar qualquer resultado minimamente interessante da audiência, sabido já na altura como Spínola estava a apostar tudo no Partido do Progresso e no CDS.
Não consegui sequer recordar, nem recorrendo à ajuda de alguns dos nomes que apontei antes, directamente envolvidos no M.P.P., quem nos terá representado na audiência, se audiência acabou de facto por haver.
A ter havido audiência (e não mera entrega do papel a algum secretário) e a termos estado representados, parece-nos que só poderia ter sido através do Eng.º A. Galamba de Oliveira e/ou do Dr. Manuel Braancamp Sobral.
Quaisquer outros de nós éramos insuficientemente “diplomáticos” para suportar uma audiência com o homem que todos considerávamos o principal responsável pelo êxito do assalto em curso ao Poder por parte do PCP e, portanto, o principal responsável, pela consequente destruição de Portugal que, aos olhos de muitos, era já inevitável.
Havia, porém, forças políticas de Direita e até Nacionalistas portugueses dispostos a perdoar tudo a Spínola, em nome dum pragmatismo político que não encontrava eco no M.P.P.
Se é certo que, acima de tudo, o M.P.P. transmitiu desde a primeira hora a certeza de querer e saber identificar o Inimigo no meio da confusão triunfante, isto é, o inimigo principal, o PCP, não é menos certo que sempre o MPP viu em Spínola o “inocente útil” com quem nada queria, com quem não pactuaria nunca e que considerávamos politicamente um inepto, um desastrado, se não pura e simplesmente um desastre acabado.
Com esse, nunca embarcaríamos em aventuras.
Parecia que já em Julho estávamos a palpitar os desastres do “28 de Setembro” e do “11 de Março”.
Mas não, não nos passava pela cabeça o que veio a acontecer.
Tínhamos muito com que nos ocuparmos, acções concretas lançadas ou em via de lançamento, em cujo êxito estávamos profundamente empenhados.
Íamos fazer o primeiro comício do M.P.P. entre o Povo e tínhamos escolhido, por sugestão do José Luís Pechirra, fazê-lo no Alentejo. Sim, no Alentejo, na “boca do lobo” comunista, para juntarmos os actos às palavras e darmos a prova de como não éramos de balelas, mas prontos a correr os riscos todos dos combates necessários, em que acreditávamos. Fomos ao Alentejo, admitimos por cautela o pior, não nos deram essa honra; e as coisas até não correram nada mal; teríamos até voltado em breve, não levassem os acontecimentos outro rumo, com a prisão do J. Luís Pechirra e do Manuel Maria Múrias, no “28 de Setembro”; e conseguiríamos a legalização do M.P.P., facilmente, com os milhares de assinaturas que por nosso intermédio foram mais tarde, na altura própria, para o PDC – Partido da Democracia Cristã.
Mas é cedo para falar disso, que não era previsível em Julho.
Nesse mês estávamos, o grupo do VECTOR, enquanto nos envolvíamos nas acções já referidas do M.P.P., a ajudar o Manuel Maria, com igual empenho e toda a nossa logística, a preparar a bela aventura do BANDARRA.
Não vou aqui repetir-me, mas quem queira saber ou recordar o que isso foi pode refrescar conhecimentos ou recordações lendo, neste blogue, o que escrevi na morte do M.M.M., a propósito do lançamento do inesquecível semanário e dos seus inesquecíveis três números (o “zero, o “um” e o “dois”) os únicos que a pesada mão da “censura” abrilina/comunista deixou sair.
Mas já chega por hoje, conto mais amanhã.
A.C.R.
(continua num próximo post)
Etiquetas: Balanço do Nacionalismo Português Actual, II Congresso Nacionalista Português, Manuel Maria Múrias, Um Nacionalismo Novo