2004/02/13
CHAMADAS À SANTIDADE
Do livro “Em Defesa da Vida”
Editado por Nova Arrancada, S.A.
NUNO SERRAS PEREIRA
1. “Nós somos filhos dos nossos actos”, dizia S. Gregório de Niza. Isto é, ao agir, faço-me. Se escolho roubar torno-me ladrão, se escolho mentir torno-me mentiroso, se escolho matar um inocente indefeso torno-me assassino. “Ob-jecto próprio de um acto humano não é qualquer coisa que acontece fora de mim, mas a escolha que realizo. [...] Quando ajo escolho algo a propósito de mim mesmo. [...] Quando roubo escolho ser ladrão, quando cometo adultério escolho ser adúltero” (L. Melina), quando coopero com a graça de Deus escolho ser santo. O agir não tem só um carácter transitivo mas também imanente. O fim imediato, ou seja, a finalidade objectiva incorporada na acção, é que dá significado ao agir qualificando a escolha de quem age. “O objecto do agir não é uma coisa mas uma escolha finalizada. Por exemplo, o objecto da escolha (aspecto moral) de roubar um cavalo não é o cavalo, mas o acto de roubá-lo”. (L. Melina).
2. Uma mulher que abortou mas que depois, sob o influxo da graça escolhe arrepender-se, é uma convertida, santificada pelo Espírito de Deus, digna da nossa maior estima e que muito pode amar servindo a vida. O que foi já não é. O que era antigo passou, tudo foi renovado: “Um pensamento especial quereria reservá-lo para vós, mulheres, que recorrestes ao aborto. [...] Não vos deixeis cair no desânimo, nem percais a esperança. [...] Se não o fizeste ainda, abri-vos com humildade e confiança ao arrependimento: o Pai de toda a misericórdia espera-vos para vos oferecer o seu perdão e a sua paz no sacramento da Reconciliação. [...] Ajudadas pelo conselho e solidariedade de pessoas amigas e competentes, podereis contar-vos, com o vosso doloroso testemunho, entre os mais eloquentes defensores do direito de todos à vida”. (João Paulo II).
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