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2004/02/12

Para o balanço do Nacionalismo Português moderno (VII). 

(continuação do post de 2004/02/11)

Os breves meses de existência do M.P.P. - Movimento Popular Português.
Outras frentes em que entâo nos batemos.


Voltámos várias vezes ao pinhal de Conímbriga, considerado o melhor local para nos encontrarmos a meio caminho entre Porto e Lisboa, o que facilitava o contacto entre os dois núcleos principais do MPP, até para não abusarmos da utilização de telefones, tornada cada vez mais suspeita, segundo os mais e os menos desconfiados.

Trazido pelo Eng.º Agnelo Galamba de Oliveira, irmão dos então célebres Cónegos Galamba de Oliveira, de Leiria, o Dr. Manuel Braancamp Sobral, pouco depois da 1ª reunião de Conímbriga, passou a fazer parte do órgão dirigente do MPP, se assim se pode dizer dum “partido” que nunca chegou a ter estatutos nem registo oficial e muito menos legalização no sentido estrito da palavra. Aliás, só depois da dissolução do MPP, em Setembro, veio a ser publicada a lei dos partidos.

No dia 3 de Junho, umas três semanas depois da reunião de Olivais – Sul estava nos jornais, rádios e televisão o primeiro texto do MPP: era o manifesto fundador do partido.

Por Lisboa toda, e também no Porto, foram distribuídos nas ruas alguns milhares de exemplares por grupos de mais novos.

A base logística era no andar da Editorial Resistência, na Rua Nova de São Mamede, muito perto da rua da escola Politécnica e quase paredes meias com a própria Igreja de São Mamede.

Não se consegue hoje encontrar um exemplar sequer do manifesto. Socorreu-me a memória dum então garoto de apenas doze anos, o Francisco Felgueiras Barreto, que não tem dúvidas destas palavras do manifesto, as únicas que foi possível reconstituir sem andar pelas hemerotecas:

“Não se iluda. Comunismo é pior que Fascismo. Todos os Países comunistas têm uma polícia igual a PIDE/DGS. Proíbem liberdade de expressão, direito à greve e partidos políticos divergentes.”

Assinado: “MPP – Movimento Popular Português.”

A fidelidade textual dos pormenores não se pode garantir, a não ser pela via da memória do ganapo de então, mas nada me permite duvidar do tema, conhecendo como conheço qual era o essencial da nossa linha de pensamento e de acção.

O MPP foi a primeira das organizações políticas pós-Abril a declarar-se frontalmente anticomunista e a prová-lo por actos, numa altura em que todos os Portugueses sentiam e sofriam — como nunca depois, mesmo entre o 28 de Setembro (1974) e o 25 de Novembro (1975) — a opressão esmagadora do poder comunista em Portugal. Porque ainda não lhe conhecíamos as fraquezas, nem tínhamos ainda avaliação rigorosa das forças e disposições da resistência anticomunista do País, o PCP paralisava mesmo só por existir. Não se avalia hoje o mito assustador que era o PCP. Todos o veneravam ostensivamente, a começar pelos grandes partidos que já então se anunciavam como tal, os socialistas e os sociais-democratas.

Os MCS, em geral, rápida e desassombradamente “ocupados” pelo PCP, contribuíram mais que qualquer outro veículo para a sujeição do País e a instalação e domínio do mito irresistível.

O MPP foi o primeiro e, durante tempo mais que bastante, o único a atacar o mito frontalmente e maciçamente.

É só um facto, mas um facto tão estranho e insuportável, pelo que diz ou pode dizer do carácter colectivo das sociedades, em geral, e da portuguesa, em particular, que quase preferia que o exclusivo histórico do MPP viesse a ser desmentido.

Mas até hoje, não.

A.C.R.

(continua num próximo post)

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