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2004/02/11

Ainda para um Balanço do Nacionalismo Português moderno (VI). Como nasceu e viveu o MPP – Movimento Popular Português. 

(continuação do post de 2004/02/09)

Prometi num post anterior explicar isso.

Numa reunião em minha casa, em Olivais-Sul, Lisboa, nos primeiros dias de Maio de 1974, juntou-se o então núcleo duro do grupo VECTOR para apreciarmos os últimos acontecimentos políticos do País.

Pediu-se a presença de alguns elementos de fora deste núcleo, de modo que, por volta das nove da noite, nos juntámos ali umas doze a quinze pessoas, de que se recordam com segurança as seguintes: Agnelo Galamba de Oliveira, José Rebelo Vaz Pinto, José Luís Pechirra, Adelino Felgueiras Barreto, um jovem de apelido Craveiro Lopes, António da Cruz Rodrigues, José Bayolo Pacheco de Amorim, Nuno Abecassis, Fernando Meira Ramos, António Paulo Rückert Moreira e Pedro Garcia Rocha.

Foi unânime a opinião de que era preciso reagir, constituindo-nos em força política, eventualmente um partido, pois que os partidos já estavam então previstos pelos órgãos decisores da Revolução, mas não regulamentados, o que, porém, não impedia que desde logo pudessem apresentar-se publicamente e passar a funcionar sem embargos nem outros embaraços (até ver).

Para dar expressão ao estado de espírito constatado entre os participantes da reunião, os mais activos marcámos pouco depois uma reunião para um sítio à beira da estrada de Conímbriga, perto da via Lisboa – Porto, num pinhal ao ar livre e céu aberto.

Para que não se dissesse que conspirávamos escondidos...

Estiveram presentes: Agnelo Galamba de Oliveira, Adelino Felgueiras Barreto, João Manuel Cortez Pinto, António Paulo Rückert Moreira, Pedro Garcia Rocha, o signatário, o jovem Craveiro Lopes com outro rapaz e uma rapariga da sua idade, e quatro elementos idos do Porto, Fernando Meira Ramos, António Sousa Machado, Joaquim Mendes de Vasconcelos e Nuno Bigotte Chorão.

Tenho uma dúvida: não sei se foi desta segunda reunião, se depois ou, até, se de conversas anteriores entre nós, que saiu o nome Movimento Popular Português.

Que ele surgiu muito cedo, não pode haver dúvida porque logo se começou a trabalhar em publicidade vária que obrigava a ter o nome pronto a imprimir-se.

Tudo isto demonstra quão seguramente vivíamos entre todos uma excepcional disposição de espírito, que se traduziu num estado de completo optimismo e tranquilidade, sem lugar para quaisquer dúvidas quanto a valer a pena arriscar sem reservas, porque em qualquer caso Portugal ganharia.

Tivemos depois, a maioria, momentos de muito menos optimismo; outros de inquietação e insegurança; activistas houve que sofremos o saneamento, a prisão ou ameaças disso; uns tantos sofremos perseguições e assaltos mas, que eu saiba, nunca a qualquer destes militantes faltou determinação de lutarem para vencer.

Vinham, aliás, aí tempos em que iria ser preciso jogar tudo por tudo, mas parecia que todos nos preparávamos alegremente para eles.

A.C.R.

(continua num próximo post)

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