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2003/10/22

Qual é o nosso Portugal? Que Portugal é o nosso? 

É aquele Portugal, antes de mais, onde as elites não sejam sistematicamente objecto de desconfiança e destruídas, em vez de promovidas e acarinhadas.

Vejamos o que se tem feito à elite dos engenheiros civis, por exemplo, ao mesmo tempo que se destruíam algumas das instituições que melhor os enquadravam e mais os prestigiavam tecnicamente, no País e no Estrangeiro, como a Junta Autónoma de Estradas e o LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil (V. post de 2003/09/15).

Vejamos, também, como se tentou humilhar, primeiro, e destruir, finalmente, uma classe de chefias militares formada pela e para a guerra anti-subversiva do Ultramar, classe que conquistou enorme prestígio internacional, como tantos de nós acreditávamos mas como também o provam juízos e apreciações de estrangeiros insuspeitos. Apesar de uma ou outra tentativa, até de "camaradas" dessas chefias, para as denegrir e incriminar perante a História, uma vez que não podiam assacar-lhes crimes de guerra perante os próprios tribunais, como seria grato a uns tantos.

Mas alguns ministros da Defesa, lúcidos e bem motivados e determinados, têm sabido resistir para salvar o que ainda foi e é possível salvar, na mira de se reconstruir umas novas FA que serão cada vez mais exigidas por tarefas que o futuro há-de impor.

Lembremos, porém, ainda como em pouco tempo se desacreditou e dispersou ou desmobilizou a classe dos engenheiros silvicultores responsáveis por mais de cinquenta anos de reflorestação intensiva e consagrada, culminando em desorganizações sucessivas e desmantelamento dos serviços florestais, quando era mais necessário que nunca que, da experiência acumulada e estruturada, se tirasse proveito, para enfrentar as catástrofes anuais dos incêndios e da destruição dos solos.

Tem sido, nestes mais de vinte anos, uma outra revolução silenciosa e continuada, de cujas motivações, propósitos desencorajantes e efeitos malignos o País parece não ter querido ainda aperceber-se cabalmente.

Nenhum País pode sobreviver a uma destruição tão persistentemente organizada das suas melhores elites.

Isto, sim, reagir contra este descalabro, é tarefa digna de nacionalistas de hoje. E não a perseguição de fantasmas históricos ou revivalismos sem sentido, que nos cegam para o essencial e actual, enquanto a Nação é abalada até às raízes, anulada a sua vontade de reconstruir-se e recuperar energias, sentido do futuro, capacidade de planear, programar, organizar e viver habitualmente.

Porque devemo-nos a nós próprios a mais firme lucidez na análise e na preparação do futuro.

Não vêem os nacionalistas também, outro exemplo, o exemplo daquilo que nestes anos todos tem sido feito da nossa classe docente?

São milhares de professores compreensível e inevitavelmente desorientados pela multiplicação de sucessivas reformas e experiências contraditórias ou superficiais, fruto de doutrinas pedagógicas desenraizadas de tudo. São milhares de professores completamente desresponsabilizadas e desautorizados pela indisciplina consentida e fomentada nas classes lectivas (ou lúdico-lectivas, nas melhores hipóteses...) e pelo desmantelamento e anulação das organizações escolares estruturantes.

São, por isso e em resultado de tudo o mais, milhares de professores diminuídos ou mesmo destruídos pelo stresse duma profissão que, para cada vez muitos mais, deixou de ser gratificante e se tornou um pesadelo.

Aqui, como no funcionalismo público em geral, a tendência foi para destruir-se o que restava dum espírito de serviço que o caracterizava e chegou a ser norma, pelo menos em vastos sectores da função pública.

Não se vê o que está a acontecer com as magistraturas judiciais também?

Elas são o objecto mais recente de tentativa de destruição duma elite nacional. De tão precipitada e apressada, tornou-se escandalosamente evidente o programa da destruição dessas magistraturas pela via da sua suspeição e politização rápidas e sem rebuço.

Parece, porém, valer-nos e valer-lhes, neste caso, que elas não estavam de modo nenhum desarmadas mas ainda unidas e coesas bastante, para oferecerem uma resistência sólida — apesar de algumas evidentes fissuras — ao que alguns pensavam ser já o golpe de misericórdia para abater a Justiça e pô-la ao serviço dos políticos.

Aqui, os agentes da destruição parecem impotentes para atingir os objectivos que se propuseram e começam mesmo a dar fortes sinais de grave desorientação.

Ao contrário do que, sonsamente, queriam fazer crer, a Justiça afigura-se não estar em crise mas sólida e de boa saúde. A crise é só deles, de certos estratos políticos.

Assim seja!

ACR

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