2003/10/16
NACIONALISMO ONTEM E HOJE (IV)
Comunicação ao I Congresso Nacionalista Português - Lisboa, 13 e 14 de Outubro de 2001
(continuação do post de 2003/10/15)
Prof. Dr. António José de Brito
Final
Agora surge a pergunta, a um tempo trágica e clássica. No meio das ruínas: que fazer?
O caminho julgamos que é este:
l) Enfrentar lucidamente a realidade. O 25 de Abril destruiu a nação portuguesa. Amorim de Carvalho, que nada teve de fascista, a seguir a essa data ignóbil escreveu um livro cujo título resume a situação O fim histórico de Portugal. Este nunca foi o rectângulo actual, satisfeito com a sua insignificância, que é agora. Reduzido a isso pela traição activa ou passiva da maioria das forças armadas, que tinham jurado dar a vida por uma pátria claramente definida como pluricontinental e o que não queriam — profissionais da guerra — era combater, pelo abandonismo covarde de uma classe política de cócoras perante os ventos da história e pela sanção tácita (porque as vestais da democracia formalmente não se deram ao trabalho de consultar o sufrágio para destruir uma construção secular de energia e heroísmo) das grandes massas ululantes, que desejam, sobretudo, fugir a esforços e receber displicentes pequenas zombaias externas, Portugal morreu. A confirmá-lo, da maneira mais definitiva está o aparecimento de grupinhos que se proclamam nacionalistas e que acalentam carinhosamente junto ao peito a visão abrilina e rectangularista. Eles não querem saber que o que caracterizou o breve tempo do rectângulo no passado, foi não se contentar em ser rectângulo, um cantinho apagado da Península. Com D. Afonso IV houve a expedição às Canárias, com D. Fernando a tentativa de avançar pelo resto da Espanha, com D. João I o desembarque em Marrocos. E depois veio a Índia, o Brasil, a África meridional.
A versão abrilina que os referidos grupinhos adoptam, é que na África meridional no século XIX, apenas, Portugal estava em estreitas faixas de costa.
Simplesmente tal visão é deturpadora. Nos séculos XVII e XVIII os sertões africanos eram percorridos por exploradores militares, missionários portugueses e a soberania do Rei reconhecida por numerosos régulos do interior. No início do século XIX antes da perda do Brasil, fruto da traição de D. Pedro IV e da estupidez dos vintistas, já Brant Pontes propunha ligar o avanço vindo de Ocidente e Oriente num só território nosso em África 1. E é imensa a mole de documentos apresentados a comprovar os nossos direitos e a nossa presença de costa a costa, pelo Ministério dos Negócios estrangeiros português à Inglaterra e outras potências, antes do Ultimato. Se calhar o Ministério estava a fazer "propaganda salazarista", para usar a pitoresca expressão de um dos porta vozes dum dos grupinhos mencionados. Aplaudem estes a ética “nórdico-ariana”. A realidade fáustica (para usar a expressão de Spengler)2 da nação portuguesa deveria, se houvesse lógica, ser-lhes simpática. Mas não, o que querem é o cantinho da península abrilino estabelecido nas mais desonrosas condições — que pelos vistos não os incomodam muito. O modelo apontado por um dos mentores é a democrática Holanda actual, que, aos primeiros tiros e franzir de sobrancelhas dos U.S.A., recolheu prudentemente a casa. Brilhante exemplo de ética “nórdico ariana”, pelos vistos.
Aliás as nações todas estão em crise porque dominadas pela doutrina péssima da sua subordinação ao bom vouloir dos indivíduos, à tese que existem para eles, os quais, se lhes aprouver, poderão dividi-las e constituir novas nacionalidades
Este é o panorama actual de hoje e que em primeiro lugar é preciso olhar de frente sem disfarces optimistas.
2) Qual o remédio para a decadência geral?
Não procuremos ressuscitar os mortos mas fujamos também das falsas soluções.
Há quem proponha como objectivo uma Europa do Atlântico a Vladivostock, composta de nações soberanas e dirigidas pela ética “nórdico-ariana”. O curioso é que os proponentes têm simpatias pela homogeneidade racial, um deles até se referindo desprezivamente ao Brasil como um caos étnico (para usar a expressão de H.S. Chamberlain). Ora, pelo menos, uma das nações, livres e soberanas da exalçada Europa, é ela um caos étnico com eslavos, mongóis, tártaros, etc. E porque maravilhosamente conseguem raças tão diferentes ter uma mesma ética e a consideram nórdico-ariana? Baptismo convencional? Admitamo-lo, mas assaz fantasista. E qual o motivo porque são excluídos dessa ética japoneses e homens de pele negra? Se abrange os mongóis porque dela se excluem japoneses e negros?
Se a ética “nórdico-ariana” se puder estender a todas a raças (e então a que vem a invocação da Europa) verdadeiramente não é nórdico-ariana é uma ética universal e o que importa é a verdade do seu conteúdo. Pouco importa, porém, o que lhe chamemos (embora devamos fugir às extravagâncias). Se for a ética da devoção à comunidade política, do sentido do dever, da fidelidade e da coragem bem como da honra e da dignidade, sim, então está aí a síntese valorativa a seguir 3. Mas não tem nada a ver com Europa, aliás fixada arbitrariamente, nem com Norte e o Sul, nem com nações infelizmente mortas ou moribundas, nem com epidermes coloridas ou descoloridas.
Dessa ética, dita nórdica-ariana, estão mais próximos os zulus que, perante a bravura de um punhado de ingleses que lhes resistira, retornaram em massa, não para os esmagar, mas saudar o inimigo que soubera bater-se; ou os soldados africanos que combateram lealmente e sem temor sob a nossa bandeira ou aqueles que partiam "de madrugada, após terem saudado o seu imperador para salvar os seu camaradas com o seu próprio sacrifício"4 do que os actuais descendentes de germanos, loiros e de olhos azuis que vomitam bílis mal cheirosa sobre a epopeia militar do III Reich e rojam-se abjectamente perante as lavagens do cérebro dos vencedores, ou os senhores Vítor Alves, Vasco Lourenço, Rosa Coutinho, Costa Gomes e quejandos que terão branca a macia cútis mas de cuja alma não é bom falar.
3) Os nossos compatriotas são os que pensam como nós, onde quer que estejam e descendam de quem descenderem. É com eles que importa marchar em toda a parte, no esforço de desmascarar, com maior intransigência e o maior rigor, a disparatocracia reinante em todo o globo. A batalha das ideias é crucial e sem mentes esclarecidas nada feito. O nacionalismo assentava em princípios que nesta hora se apresentam desencarnados numa irreal pureza. A eles temos de cingir-nos, com toda a energia e procurar aprofundá-los dedicando-lhes o melhor da nossa reflexão. E são bem simples na sua integridade: a unidade autêntica vale mais que a pluralidade dos homens, a universalidade mais que a pessoa singular, o interesse comum mais que o interesse privado; e não há unidade, universalidade, interesse comum que não requeira um poder único que se imponha à dispersão à particularidade ao predomínio dos indivíduos ut singuli.
Quando reinarem nos espíritos estes princípios com o consequente repúdio do demo-liberalismo então começará a alvorecer. Não será para hoje nem para amanhã. Desprezemos os imediatismos e as ilusões dos triunfos fáceis. À nossa geração — minha e dos poucos que aqui e ali me acompanhem — cabe o esforço de não deixar apagar as pequenas luzes que bruxuleiam em homenagem à verdade, desmascarando os falsos ídolos adorados no rectângulo e alhures, sejam estes uma Europa de fantasia, o silêncio cúmplice e não condenatório face aos erros reinantes espalhados pelo mundo e malefícios semelhantes.
Sempre contra o 25 de Abril! Sempre contra a democracia! Pelo sacro Império universal da Ordem, da Autoridade, da Hierarquia.
______________________________________________
1 Alfredo Pimenta, Palavras à Juventude, Porto, Pola Grei, 1942, p. 9.
2 O. Spengler, Années décisives, trad. francesa de Raia Hadekel, Paris, Mercure de France, 3934, p. 75 "Quanto ao imperialismo marítimo, símbolo da expansão fáustica para o infinito… É a esse facto que se deve a descoberta do caminho marítimo pelos portugueses" Sobre o espírito fáustico ver ainda Decadência do Ocidente, trad. espanhola Garcia Morente, Madrid, Espasa Calpe, 1947, vol. IV, pp. 46-47, e num sentido estritamente político, Preussentum un Sozialismus, München, C.H. Beck, 1921, p. 25.
3 Ao caracterizar a alma nórdica H.F.K. Günther escreve "Na sua mais alta aparição é sobretudo a raça nórdica directamente a exibir os maiores homens de estado" (Rassenkunde des deutchen Volkes, München, J.F. Lehmanns, 1939, 103-113 milhares pp. 193-l94) "é superior em qualidades de vontade e cuidadosa previsão" (Idem, p.197) "Em muitos homens nórdicos manifesta-se a honra guerreira e predominantes qualidades soldadescas" (Idem, p. 203), noutra obra refere-se "à consciência do dever… que nunca fará perder um certo cavalheirismo" (Kleine Rassenkunde des deutschen Volkes, München, 1936, p. 60) e na Religiosidade indo europeia, trad italiana de Adriano Romualdi, Padova, Ar., pp. 187 "a concepção indo europeia de uma ordem cósmica em que a moralidade do indivíduo singular deve inserir-se vem novamente expressa; os valores da honra, da fidelidade da coragem viril… é reafirmada".
L. Ferdinand Clauss descrevendo Die nordische Seele traça estas linhas "O mais alto valor existencial para esta espécie é, desta forma, um certo sentido de heroísmo onde se não pensa apenas no heroísmo guerreiro" (Die nordiche Seele, München, J.F. Lehmanns, 1933, p. 18) Darré ensina "Em ligação com a ideia nórdica de Günther poderia nascer uma ideia de estado alemã… uma tarefa que vale que os melhores do nosso povo se sacrifiquem por ela" (Walter Darré. La Race, trad. francesa de Pierre Melon e A. Pfannstiel, Paris, Sorlot, 1939, p.286).
Se calhar isto também é propaganda salazarista.
Evidentemente que me dirão que estas virtudes aparecem ligadas a um certo corpo com certa hereditariedade. É isso, sem dúvida o disparate, mas os autores referidos, contradizendo-se, felizmente, apontam o caminho para o pôr de lado.
Assim Darré fixa autoritariamente "a raça pura em sentido nórdico reconhece-se materialmente pela concordância entre a sua acção e as directrizes nórdicas" (Obr. cit., p. 208, nota), Clauss proclama "o abismo é mais profundo: ele surge entre almas e almas e muitas vezes entre a alma e o seu corpo" (Obr. cit, p. 9) e Günther admite que pode talvez ser compatível uma alma nórdica com corpo de outra raça (Obr. cit.,p. 262).
4 Maurice Bardèche, Souvenirs, Paris, Buchet/Chastel, p. 220.
(continuação do post de 2003/10/15)
Prof. Dr. António José de Brito
Final
Agora surge a pergunta, a um tempo trágica e clássica. No meio das ruínas: que fazer?
O caminho julgamos que é este:
l) Enfrentar lucidamente a realidade. O 25 de Abril destruiu a nação portuguesa. Amorim de Carvalho, que nada teve de fascista, a seguir a essa data ignóbil escreveu um livro cujo título resume a situação O fim histórico de Portugal. Este nunca foi o rectângulo actual, satisfeito com a sua insignificância, que é agora. Reduzido a isso pela traição activa ou passiva da maioria das forças armadas, que tinham jurado dar a vida por uma pátria claramente definida como pluricontinental e o que não queriam — profissionais da guerra — era combater, pelo abandonismo covarde de uma classe política de cócoras perante os ventos da história e pela sanção tácita (porque as vestais da democracia formalmente não se deram ao trabalho de consultar o sufrágio para destruir uma construção secular de energia e heroísmo) das grandes massas ululantes, que desejam, sobretudo, fugir a esforços e receber displicentes pequenas zombaias externas, Portugal morreu. A confirmá-lo, da maneira mais definitiva está o aparecimento de grupinhos que se proclamam nacionalistas e que acalentam carinhosamente junto ao peito a visão abrilina e rectangularista. Eles não querem saber que o que caracterizou o breve tempo do rectângulo no passado, foi não se contentar em ser rectângulo, um cantinho apagado da Península. Com D. Afonso IV houve a expedição às Canárias, com D. Fernando a tentativa de avançar pelo resto da Espanha, com D. João I o desembarque em Marrocos. E depois veio a Índia, o Brasil, a África meridional.
A versão abrilina que os referidos grupinhos adoptam, é que na África meridional no século XIX, apenas, Portugal estava em estreitas faixas de costa.
Simplesmente tal visão é deturpadora. Nos séculos XVII e XVIII os sertões africanos eram percorridos por exploradores militares, missionários portugueses e a soberania do Rei reconhecida por numerosos régulos do interior. No início do século XIX antes da perda do Brasil, fruto da traição de D. Pedro IV e da estupidez dos vintistas, já Brant Pontes propunha ligar o avanço vindo de Ocidente e Oriente num só território nosso em África 1. E é imensa a mole de documentos apresentados a comprovar os nossos direitos e a nossa presença de costa a costa, pelo Ministério dos Negócios estrangeiros português à Inglaterra e outras potências, antes do Ultimato. Se calhar o Ministério estava a fazer "propaganda salazarista", para usar a pitoresca expressão de um dos porta vozes dum dos grupinhos mencionados. Aplaudem estes a ética “nórdico-ariana”. A realidade fáustica (para usar a expressão de Spengler)2 da nação portuguesa deveria, se houvesse lógica, ser-lhes simpática. Mas não, o que querem é o cantinho da península abrilino estabelecido nas mais desonrosas condições — que pelos vistos não os incomodam muito. O modelo apontado por um dos mentores é a democrática Holanda actual, que, aos primeiros tiros e franzir de sobrancelhas dos U.S.A., recolheu prudentemente a casa. Brilhante exemplo de ética “nórdico ariana”, pelos vistos.
Aliás as nações todas estão em crise porque dominadas pela doutrina péssima da sua subordinação ao bom vouloir dos indivíduos, à tese que existem para eles, os quais, se lhes aprouver, poderão dividi-las e constituir novas nacionalidades
Este é o panorama actual de hoje e que em primeiro lugar é preciso olhar de frente sem disfarces optimistas.
2) Qual o remédio para a decadência geral?
Não procuremos ressuscitar os mortos mas fujamos também das falsas soluções.
Há quem proponha como objectivo uma Europa do Atlântico a Vladivostock, composta de nações soberanas e dirigidas pela ética “nórdico-ariana”. O curioso é que os proponentes têm simpatias pela homogeneidade racial, um deles até se referindo desprezivamente ao Brasil como um caos étnico (para usar a expressão de H.S. Chamberlain). Ora, pelo menos, uma das nações, livres e soberanas da exalçada Europa, é ela um caos étnico com eslavos, mongóis, tártaros, etc. E porque maravilhosamente conseguem raças tão diferentes ter uma mesma ética e a consideram nórdico-ariana? Baptismo convencional? Admitamo-lo, mas assaz fantasista. E qual o motivo porque são excluídos dessa ética japoneses e homens de pele negra? Se abrange os mongóis porque dela se excluem japoneses e negros?
Se a ética “nórdico-ariana” se puder estender a todas a raças (e então a que vem a invocação da Europa) verdadeiramente não é nórdico-ariana é uma ética universal e o que importa é a verdade do seu conteúdo. Pouco importa, porém, o que lhe chamemos (embora devamos fugir às extravagâncias). Se for a ética da devoção à comunidade política, do sentido do dever, da fidelidade e da coragem bem como da honra e da dignidade, sim, então está aí a síntese valorativa a seguir 3. Mas não tem nada a ver com Europa, aliás fixada arbitrariamente, nem com Norte e o Sul, nem com nações infelizmente mortas ou moribundas, nem com epidermes coloridas ou descoloridas.
Dessa ética, dita nórdica-ariana, estão mais próximos os zulus que, perante a bravura de um punhado de ingleses que lhes resistira, retornaram em massa, não para os esmagar, mas saudar o inimigo que soubera bater-se; ou os soldados africanos que combateram lealmente e sem temor sob a nossa bandeira ou aqueles que partiam "de madrugada, após terem saudado o seu imperador para salvar os seu camaradas com o seu próprio sacrifício"4 do que os actuais descendentes de germanos, loiros e de olhos azuis que vomitam bílis mal cheirosa sobre a epopeia militar do III Reich e rojam-se abjectamente perante as lavagens do cérebro dos vencedores, ou os senhores Vítor Alves, Vasco Lourenço, Rosa Coutinho, Costa Gomes e quejandos que terão branca a macia cútis mas de cuja alma não é bom falar.
3) Os nossos compatriotas são os que pensam como nós, onde quer que estejam e descendam de quem descenderem. É com eles que importa marchar em toda a parte, no esforço de desmascarar, com maior intransigência e o maior rigor, a disparatocracia reinante em todo o globo. A batalha das ideias é crucial e sem mentes esclarecidas nada feito. O nacionalismo assentava em princípios que nesta hora se apresentam desencarnados numa irreal pureza. A eles temos de cingir-nos, com toda a energia e procurar aprofundá-los dedicando-lhes o melhor da nossa reflexão. E são bem simples na sua integridade: a unidade autêntica vale mais que a pluralidade dos homens, a universalidade mais que a pessoa singular, o interesse comum mais que o interesse privado; e não há unidade, universalidade, interesse comum que não requeira um poder único que se imponha à dispersão à particularidade ao predomínio dos indivíduos ut singuli.
Quando reinarem nos espíritos estes princípios com o consequente repúdio do demo-liberalismo então começará a alvorecer. Não será para hoje nem para amanhã. Desprezemos os imediatismos e as ilusões dos triunfos fáceis. À nossa geração — minha e dos poucos que aqui e ali me acompanhem — cabe o esforço de não deixar apagar as pequenas luzes que bruxuleiam em homenagem à verdade, desmascarando os falsos ídolos adorados no rectângulo e alhures, sejam estes uma Europa de fantasia, o silêncio cúmplice e não condenatório face aos erros reinantes espalhados pelo mundo e malefícios semelhantes.
Sempre contra o 25 de Abril! Sempre contra a democracia! Pelo sacro Império universal da Ordem, da Autoridade, da Hierarquia.
______________________________________________
1 Alfredo Pimenta, Palavras à Juventude, Porto, Pola Grei, 1942, p. 9.
2 O. Spengler, Années décisives, trad. francesa de Raia Hadekel, Paris, Mercure de France, 3934, p. 75 "Quanto ao imperialismo marítimo, símbolo da expansão fáustica para o infinito… É a esse facto que se deve a descoberta do caminho marítimo pelos portugueses" Sobre o espírito fáustico ver ainda Decadência do Ocidente, trad. espanhola Garcia Morente, Madrid, Espasa Calpe, 1947, vol. IV, pp. 46-47, e num sentido estritamente político, Preussentum un Sozialismus, München, C.H. Beck, 1921, p. 25.
3 Ao caracterizar a alma nórdica H.F.K. Günther escreve "Na sua mais alta aparição é sobretudo a raça nórdica directamente a exibir os maiores homens de estado" (Rassenkunde des deutchen Volkes, München, J.F. Lehmanns, 1939, 103-113 milhares pp. 193-l94) "é superior em qualidades de vontade e cuidadosa previsão" (Idem, p.197) "Em muitos homens nórdicos manifesta-se a honra guerreira e predominantes qualidades soldadescas" (Idem, p. 203), noutra obra refere-se "à consciência do dever… que nunca fará perder um certo cavalheirismo" (Kleine Rassenkunde des deutschen Volkes, München, 1936, p. 60) e na Religiosidade indo europeia, trad italiana de Adriano Romualdi, Padova, Ar., pp. 187 "a concepção indo europeia de uma ordem cósmica em que a moralidade do indivíduo singular deve inserir-se vem novamente expressa; os valores da honra, da fidelidade da coragem viril… é reafirmada".
L. Ferdinand Clauss descrevendo Die nordische Seele traça estas linhas "O mais alto valor existencial para esta espécie é, desta forma, um certo sentido de heroísmo onde se não pensa apenas no heroísmo guerreiro" (Die nordiche Seele, München, J.F. Lehmanns, 1933, p. 18) Darré ensina "Em ligação com a ideia nórdica de Günther poderia nascer uma ideia de estado alemã… uma tarefa que vale que os melhores do nosso povo se sacrifiquem por ela" (Walter Darré. La Race, trad. francesa de Pierre Melon e A. Pfannstiel, Paris, Sorlot, 1939, p.286).
Se calhar isto também é propaganda salazarista.
Evidentemente que me dirão que estas virtudes aparecem ligadas a um certo corpo com certa hereditariedade. É isso, sem dúvida o disparate, mas os autores referidos, contradizendo-se, felizmente, apontam o caminho para o pôr de lado.
Assim Darré fixa autoritariamente "a raça pura em sentido nórdico reconhece-se materialmente pela concordância entre a sua acção e as directrizes nórdicas" (Obr. cit., p. 208, nota), Clauss proclama "o abismo é mais profundo: ele surge entre almas e almas e muitas vezes entre a alma e o seu corpo" (Obr. cit, p. 9) e Günther admite que pode talvez ser compatível uma alma nórdica com corpo de outra raça (Obr. cit.,p. 262).
4 Maurice Bardèche, Souvenirs, Paris, Buchet/Chastel, p. 220.