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2003/10/09

Discurso Inaugural proferido no I Congresso Nacionalista Português, em 13 de Outubro de 2001 (II) 

Discurso Inaugural pelo Dr. Eduardo Fernando Alves (continuação do post de 2003/10/07)

Senhoras e Senhores:

Perante a visão ensombrada que expomos, existirá dúvida da necessidade e oportunidade deste CONGRESSO?
Como nacionalistas confessos, não nos limitaremos a apontar defeitos mas a propor orientação e caminhos para o renascimento.
Sobre as ruínas dos nossos castelos, carreados as pedras dispersas, gizado o projecto duma Pátria Nova, há de nascer e crescer, em momento propício, uma obra revestida de nobreza, precursora dum futuro melhor.
Aos timoratos ou hesitantes oporemos aquele «talent de bien faire» apanágio de quem nos fez grandes. Sejamos optimistas que é a filosofia dos fortes! Os derrotistas chamarão a isto utopia.
Quem, como nós, conheceu e viveu uma época áurea de ressurgimento e exaltação dos mais nobres sentimentos de amor pátrio, e, a dado ponto, é sacudido por demoníaca convulsão que nos precipita na mais abjecta vileza, sente impulso de bradar a Sua inconformidade, a sua revolta. Não nos move a ânsia de dinheiro ou do poder, não sacrificamos ao bezerro de ouro, mas sim pretendemos derrubar os falsos deuses para alçar, na pureza dos propósitos, o altar da Pátria, pela qual é bom e justo viver ou até morrer. Morrer de pé, se necessário!... Mas tudo isto ordeira e pacificamente, por convicção, no campo doutrinário.
Saudosistas, nós? Certamente, quando evocamos as glórias pretéritos e as cotejamos com a baixeza presente.
Da História dos altos feitos como das sombras da “vil tristeza" vamos extrair lições para agir com fé e ponderação.
Ao deixarmos de ser ultramarinos ou pluricontinentais, logo ansiámos integrar-nos na Europa. No entanto, consideramos estarmos doentiamente embevecidos, contemplando uma visão onírica, ao sermos contemplados com dádivas generosas. Felizes, podemos viver à larga, com pouco trabalho. Até quando? Meditemos... É quase certo estarmos a abusar das "delícias de Cápua". Não nos seduzem demiurgos ufanos de realizarem outros trabalhos de Hércules.
Pensamos ser erro grave fazer da Europa, num processo «contra natura» um aglomerado de tribos cuja convivência, decorrido o período de euforia e de alcance de benesses, caia em agitação, turbulência e até agressividade. Temos exemplos recentes e alguns à vista. Sejamos bons vizinhos, respeitadores, colaborantes para o progresso e felicidade comuns, sem, todavia, nos desviarmos da nossa raiz cultural. Saibamos resistir a sofismas revolucionários. Há que assumir o grave dever de sermos guardas zelosos do depósito histórico que herdámos.
Aceitamos, certamente, os espaços económicos, resguardada que seja,
porém, a soberania.
Será que o conceito de pátria é mito ultrapassado e a Nação algo vago e despiciendo, nesta hora em que tantas forças nos querem coagir à mundialização - essa aurora cujos róseos contornos se vislumbram enganosamente auspiciosos?
Hoje, entre nós, só os bons ou maus resultados de algumas actividades desportivas ou de um ou outro atleta isolado, suscitam emoção ou desconsolo, às vezes paixão, porque ainda representam as "cores nacionais". É nosso propósito lutar contra esta apatia.
A História não é apenas um acervo de factos irrelevantes, de guerras bárbaras e sangrentas, de crimes e costumes nefandos, olvidando o quanto custaram a liberdade de cada povo, o aperfeiçoamento de cada língua, a manifestação da religiosidade, a erecção de monumentos ou de uma infinidade de realizações que servem ao povo.
Propomo-nos accionar as mentes de velhos e novos para uma revolução dos espíritos. Para Tanto, os NACIONALISTAS não baixarão os braços, usarão dos meios lícitos convenientes e necessários para continuar esta cruzada.
Meios, para tanto? Pois é aqui que se nos põe o desafio de encontrar soluções. Uma determinação férrea, um exemplo que arraste, o cerrar de fileiras, mesmo de poucos para, doutrinando, formarmos alargada e briosa legião disposta à reconquista de almas generosas. Será o rejuvenescimento dum povo que se ergue, se purifica e se adestra para a batalha sem tréguas, contra a dissolução, a covardia, a traição e o vício.
Para nós, são benvindos quantos, pessoa! e colectivamente, experimentam as mesmas preocupações quanto à defesa da portugalidade, nobilitando o povo pela dignificação da família, dentro da moral cristã, sem embargo de se admitirem outras confissões minoritárias, mas aceitáveis.
Isto o que nos move. Delírio o nosso? Juvenilidade?
Tudo se poderá conseguir, no respeito pela Lei, mas sem subserviência, nem cedências. Manteremos a dignidade. Por isso, antes de agir, há que ponderar.
Estamos dispostos a honrar a tradição e a História Pátria autêntica, não no sentido estático, mas como incentivo duma dinâmica para um Futuro de harmonia e prosperidade.
Se o nosso objectivo for alcançado, mesmo parcialmente, dar-nos-emos por retribuídos, a exemplo do nosso Vate Maior:
«Vereis amor da Pátria não movido
De prémio vil, mas alto e quase eterno...»

Senhoras e Senhores:
Nada vos trouxe de novo. Contudo, pensamos que, para a cura dos males há que escalpelizar as chagas a fim de acorrermos com o remédio salutar.
No entanto, seja-nos permitido um apelo veemente, que aqui vos deixamos:
Ó gente da Velha Lusitânia, da conquista e do povoamento;
Ó povo intrépido de santos, guerreiros e marinheiros;
Ó visionários do Quinto Império;
Ó sacrificados, abnegados, heróicos lutadores, na paz e na guerra, aquém e além, em tarefas homéricas;
Ressurgi, levantai-vos, construí o presente e abri o porvir anunciando certezas...
Ó Mocidade esperançosa, sonhadora, prenhe de entusiasmo e de audácia para esta redentora campanha nacional, contamos com a tua generosidade, para erguer nos braços a Pátria desfeiteada.
Assim, ela não morrerá. Ela, assim, será exaltada!
Chegou a tua hora, Ó Mocidade. Investida de brio, vais redimir ultrajes, esconjurar traições, construir futuros, agindo e gritando:
«Seja o eco duma afronta
O sinal de ressurgir.»
Portugal, o velho tronco, enfim, vai reflorir!...

Tenho dito.

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