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2003/10/08

A segunda das catástrofes que assolaram a Beira Interior. E um teste, repetimos, à Arte de Governar deste Governo. 

Num nosso post de 2003/10/02, falei apenas de uma das duas grandes catástrofes que nos últimos meses atingiram a Beira Interior: a situação do ensino secundário da BI, traduzida no mau ranking dos 55 estabelecimentos desse ensino, no conjunto dos 615 do País.

Não disse tudo, nem por sombras, do que poderia ser dito, mas creio ter dito o suficiente para não ficarem dúvidas de quão urgente é mobilizarem-se todos os recursos, materiais e de imaginação criativa e decidida vontade do Poder e da sociedade civil para invertermos radicalmente a situação.

Com a catástrofe do acontecido à floresta, é o mesmo, se não pior.

A floresta portuguesa sofre tradicionalmente de dois males:

1º - O despovoamento do território, até à situação actual, chegando-se a andar quilómetros dentro dela, a pé ou de jeep, sem encontrar ninguém. Isso traduz-se em falta de vigilância que facilita os incêndios, sejam espontâneos, sejam de origem criminosa ou de pura inadvertência e descuido.

2º - A falta de investimento na floresta a respeito da qual sempre se entendeu — por uma mentalidade vinda de mais longe ainda — que é (ou foi) uma fonte de rendimento certo e seguro, espontâneo, ou quase, ainda que modesto, mas sem exigir investimento.

Como pode lutar-se contra estes dois males, isto é, contra a falta de vigilância assídua da floresta, por parte dos próprios donos dela, e contra o desinvestimento na floresta, que não permite geri-la racionalmente e torná-la fonte interessante de rendimento?

A questão essencial está, de facto, em criar e assegurar actividades rentáveis para a floresta.

Os proprietários deixaram de interessar-se pelos seus “bocados” florestados ou florestáveis, e de percorrê-los assiduamente, porque eles não lhes dão rendimento que valha a pena o esforço.

Ora, não investindo na reflorestação dos terrenos onde a floresta ardeu e na beneficiação (limpezas, desbastes, nutrientes, desinfestações, etc.) dos reflorestamentos, não haverá rendimento.

É um círculo vicioso que temos de romper.

Não há investimento porque não se espera rendimento a médio prazo; e não há rendimento porque não se investiu oportunamente.

Têm de convencer-se os proprietários de que a silvicultura não é uma actividade condenada a recuperar o investimentos só muitos anos depois de plantadas as árvores, quando chega a altura de as cortar para vender a lenha e a madeira ou começar a colher as resinas, na melhor hipótese.

É evidente que se trata de criar actividades não estritamente florestais, mas na floresta, que comecem a render de imediato, ou quase, sem prejuízo do material lenhoso das árvores e, ao mesmo tempo, dando vida e presença humana às áreas florestadas, o que, só por si, reduzirá decisivamente os riscos de incêndios.

É para isto, também, que se exige do Governo uma política de compreensão para o que está em jogo e que disponha rapidamente dos recursos do Fundo Financeiro Florestal, a favor da recuperação da floresta nacional e, em particular da floresta das zonas mais deprimidas. É o caso da Beira Interior, onde já existem instrumentos técnicos, associativos e empresariais que darão garantia de segurança e bons resultados aos investimentos a fazer pelo Estado e pela iniciativa privada.

Voltaremos ao assunto.

Porque o meu leitor/bloger não pensará, seguramente, que isto não é assunto digno de nacionalistas compenetrados...

Penso até que a velha mística nacionalista aqui é que teria hoje um dos seus mais importantes e úteis pontos de aplicação

A.C.R.

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