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2003/09/24

NACIONALISMO E DEMOCRACIA: SÍNTESE POSSÍVEL? (I) 

Comunicação ao I Congresso Nacionalista Português - Lisboa, 13 e 14 de Outubro de 2001

Engº Francisco Ferro

1. Introdução

Há várias décadas, em plena guerra do Ultramar, o Chefe do Governo Português pronunciou um discurso com o objectivo de explicar ao mundo em que consistia a nossa política (em especial a ultramarina) e sintetizou o que se propunha dizer nesta frase: “vamos lá a ver se nos entendemos”. É uma peça notável de oratória política em que o domínio da linguagem foi posto ao serviço dos valores e das raízes de que todos nos orgulhamos; ninguém esperará por isso que um vulgaríssimo observador do que se passa nesta “nesga de terra debruada de mar”, como escreveu Miguel Torga, faça algo de semelhante: se citei esse texto admirável foi apenas porque os motivos que me levam a falar-vos hoje e as razões que me assistem para dizer o que digo se baseiam igualmente nessa ideia nuclear de nos entendermos sobre essas palavras, mil vezes repetidas, de Nacionalismo e de Democracia; o que significam para além das roupagens com que as vestem os admiradores e os adversários; finalmente o que devemos pensar de uma eventual aliança entre os dois conceitos que uns defendem como um imperativo da hora presente e outros combatem em nome da nossa honra, do nosso caracter e da necessidade de preservar acima de tudo a integridade e soberania da Nação. Nação que nos cumpre transmitir aos nossos filhos mais forte, mais próspera, mais consciente do que devemos aos mortos que a construíram e engrandeceram com o seu sacrifício e, sobretudo, menos dependente de decisões alheias aos nossos interesses e às quais, não raro, nos temos vindo a submeter progressivamente.
Não antecipo conclusões, embora os poucos que me conhecem as possam imaginar; de resto, o que verdadeiramente importa não são as minhas conclusões mas principalmente as vossas, das quais me permito destacar as da juventude que me ouve e a quem compete a árdua missão de continuar Portugal. Por isso mesmo, e porque ela não pode ser enganada por modas efémeras ou fundamentalismos irracionais, é que estas considerações (que desejo tão breves quanto possível) terão como fundamento quando se justifique testemunhos de gente que através do estudo, da meditação e da intervenção activa no campo do pensamento ou da vida pública se tornou exemplo de referência e conquistou o respeito de todos nós. Não vos peço que concordem comigo; peço simplesmente que ouçam com espírito crítico mas aberto quem não comunga do “politicamento correcto” e só aspira a que saiam daqui mais esclarecidos e mais preparados para os terríveis combates que se avizinham. Oxalá o consiga. Como disse alguém, “a grande divisão, o inultrapassável abismo, será entre os que servem a Pátria e os que a negam”. Estou seguro de que ninguém desejará estar na última trincheira, mesmo que haja palavras sedutoras e habilmente utilizadas pelos nossos inimigos para nos convencerem de que tudo é discutível e tudo pode ser posto em causa em nome dos “ventos da história” ou dos ventos da demagogia. Vamos então, a ver se nos entendemos.
(continuação num próximo post)

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