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2003/09/12

HÁ UMA ARTE DE GOVERNAR? NÃO SE BRINCA AOS GOVERNOS... 

Melhor se chamaria às presentes notas “algumas considerações sobre a Arte de Governar”, tão simples é a ambição que me move ao escrevê-las.
Digo desde já que me inspiram os modelos de governo de alguns dos maiores estadistas dos últimos setenta anos, como: Oliveira Salazar, Franklin Roosevelt, Adenauer, Alcide De Gasperi, Robert Schumann, Charles De Gaule, Lord Atlee, Harry Truman, Lady Margaret Thatcher, Ronald Reagan, mesmo Cavaco Silva, nalguns aspectos, mas também Tony Blair, sobre o qual, aliás, se pode , naturalmente, não ter ainda um juízo histórico global definitivo.
Citei apenas modelos positivos de governar, não citei modelos negativos, os daqueles que, nisto ou naquilo, aqui e ali, seriam excelentes exemplos de como não se deve nem pode governar. O que, já se sabe, não deixaria de ter utilidade para o presente objectivo. Tenhamos no nosso espírito alguns desses maus exemplos, mas não os citemos nominalmente, talvez para não criar confusões. Creio, em todo o caso, que os maus exemplos portugueses que há dos últimos quase trinta anos nem como modelos negativos serão instrutivos bastante, tal é a sua mediocridade.
Também quero observar que muitas vezes referirei ou terei presente, nas minhas considerações, o caso do governo de Durão Barroso, que todos trazemos desde há ano e meio sob os nossos olhos. Não porque sobre o seu governo se possam tirar já conclusões totalmente seguras, mas porque nasceu com uma grande ambição de inovar e seguir caminhos de reacção contra o estado a que o País tinha sido conduzido. Persistentemente seguidos, mesmo com numerosas incertezas, esses caminhos, embora longe ainda de chegados ao fim, tornam já a experiência um utilíssimo caso de estudo. Um caso português e interessantíssimo, como seguramente não tivemos outro desde Abril/74, mesmo contando o caso dos governos Cavaco Silva.
Mas estes findaram e sobre eles podemos ter juízos plenamente fundamentados; ao passo que a governação de Durão Barroso terá ainda de prestar muitas provas – muitas, grandes e eventualmente dolorosas provas e sofridas algumas delas.
Só as oposições como as que aí temos podem proferir todos os dias juízos definitivos. Parecem julgar ser esse o seu papel político: serem sempre precipitadas a julgar, com apenas as aparências de informação ou pseudo informação disponível no momento, como se a sua única função fosse desgastar aceleradamente os governos em exercício, para o mais rapidamente possível os substituírem e logo começarem, por sua vez, a ser desgastados sempre mais aceleradamente pelas novas oposições que a sua vitória terá suscitado.
É isto que eles e elas chamam a “alternância democrática”?... Não será antes a mais estúpida forma de destruir o País que os políticos portugueses inventaram ou macaqueiam , a partir de moldes estrangeiros pessimamente compreendidos e desastradamente aplicados?...
Talvez porque, na verdade e em última instância, vêem e praticam a política como políticos apenas, não como estadistas que no fundo não ambicionam ser, ao contrário dos nomes que há bocado referi.
Duas características saltam à vista em tais exemplos modelares, independentemente dos regimes ou sistemas políticos em que esses estadistas governaram.
Todos eles tiveram governos longos ou, pelo menos, se esforçaram por esgotar o tempo todo que as constituições dos países respectivos lhes permitiam ou o máximo que os respectivos eleitorados lhes concederam.
Num ou noutro caso, até que a morte lhes cortasse os seus tempos, como foi com Salazar e Roosevelt.
Todos esses estadistas sentiram que a obra de Estado exige tempo – talvez tempo acima de tudo. E tempo foi sempre aquilo por que lutaram, tempo para realizarem a obra sonhada ou exigida.
Não podemos deixar de louvar o actual Primeiro Ministro, desde logo pelos sinais que acaba de dar de que também ele vai lutar por que o País lhe dê tempo – até 2010, diz – para realizar, concretizar na prática, as reformas que considera indispensáveis.
Penso que o País deve regozijar-se com esse anseio.
Outra característica dos estadistas referidos é a de não terem tido a obsessão do consenso activo da maioria dos governados.
Eles sabem ou souberam que um governo eficaz não precisa senão de 20% a 10% de apoiantes, porque, se a sua obra for convincente e mobilizadora para esses, tais apoiantes arrastarão o País atrás do governo.
Penso que Durão Barroso há muito entendeu isto, em toda a sua dimensão, o que é talvez a sua maior força para desorientar as oposições que tem.
Continuaremos, em breve, a desenvolver o tema.

A. C. R.

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