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2003/08/15

Reacções dum Nacionalista - A neocolonização de África é inevitável? (I) 

No “Público”, há dias, o director José Manuel Fernandes (JMF) citava um “grande repórter e escritor de viagens” americano – Robert D. Kaplan – que em 1997 escreveu: “A maior ameaça para o nosso sistema de valores vem hoje de África. Poderemos continuar a acreditar em princípios universais, enquanto a África decai para condições de vida que seriam melhor descritas por Dante do que pelos modernos economistas?”
É nitidamente um exagero, que só vale, do princípio ao fim da citação, pelo que se adivinha. De facto a resposta não oferece dúvidas, porque R. Kaplan concluiu: “Teremos de enfrentar no séc. XXI os problemas de África, tal como no séc. XX enfrentámos os da Europa.”
É apenas, claro, um Americano a empertigar-se.
O absurdo da comparação obriga-nos a não ir por aí, mas antes por domínios mais comezinhos, que o próprio JMF vai buscar e evocar , a propósito da guerra civil na Libéria. Diz ele: “Aparentemente o Presidente liberiano (Charles Taylor) deverá abandonar amanhã o país, facilitando uma intervenção estrangeira liderada pela Nigéria e apoiada por “marines” dos Estados Unidos. Assim, na única nação da região que nunca foi uma colónia tradicional (...) mais um exército ocidental vai intervir para tentar estabelecer a paz. Ao lado, na Serra Leoa, são soldados britânicos que procuram acabar com a guerra. Na Costa do Marfim é um contingente francês que se interpôs entre duas facções beligerantes.” E JMF acrescenta:
“Mais de quatro décadas volvidas sobre a saída das potências coloniais, o regresso das forças europeias e a estreia das forças americanas tornaram-se inevitáveis após o colapso dos Estados em boa parte da África Ocidental.”
Perguntamos nós:
Ao que se assiste, no fundo, é pura e simplesmente ao regresso da colonização europeia (e agora também americana) do Continente Africano?
A África, segundo estes analistas que citamos, e tantos outros do mesmo pendor, não terá outra saída senão deixar-se colonizar de novo por europeus e americanos, americanos que na verdade já foram decisivos no delinear da colonização europeia do séc. XIX?
Se lembrarmos a Conferência de Berlim e Livingstone, ao serviço dos Ingleses, embora aparentemente ao serviço do rei dos Belgas, Leopoldo I ...



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