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2003/09/09

O Nacionalismo do Século XXI: Rumos e Soluções 

Comunicação ao I Congresso Nacionalista Português


Dr. Miguel Jardim

Minhas Senhoras e meus Senhores:
Camaradas e Amigos:

O tema em questão suscita duas condições prévias, as quais o Nacionalismo do séc. XXI deverá sempre ter em conta: a pluralidade ideológica e metodológica na atitude nacionalista e a ausência de dogmatismos quando abordamos os desafios com que nos confrontamos.
Lembrando Guillaume Faye, autor que tem tanto de profeta como de genial, designo o mundo actual como um palco onde convergem catástrofes nunca antes verificadas na história da humanidade, considerando que estas ocorrem desconcertadamente a nível global.
Comecemos pelo desmantelamento do tecido social europeu, provocado pelo consumo de drogas no seio da juventude, associado ao império da criminalidade que, cada vez mais, assume uma face legal, lavada, “civilizada”, por força do capitalismo financeiro e especulador, que vai, progessivamente, desalojando a economia produtiva radicada no trabalho e na poupança. A especulação nos mercados, o endividamento, o consumismo, a cega privatização dos serviços públicos são o espelho desta nova “velha” economia!
A estupidificação do grande público por via do electrovisual e audiovisual – televisão, jogos de vídeo, programas de entretenimento – contribui decisivamente para o desarmamento das defesas morais e espirituais das Nações, remetendo os seus povos para a alienação e ignorância.
Os confrontos e choques, cada vez mais frequentes, entre grupos étnicos e neo-tribais nas grandes metrópoles europeias resultam em sentimentos de insegurança e angústia nas populações autóctones. O fenómeno da “terceiro-mundialização” da Europa através da invasão de não europeus (afro-asiáticos) com a consequente “ghettização” desses mesmos grupos étnicos acompanhados da desvalorização dos salários, que só favorecem a grande plutocracia, levam-nos inevitavelmente ao conflito final.
Por outro lado, o envelhecimento da Europa, bem visível nas estatísticas, somado à desvalorização do matrimónio, ao estímulo ao aborto livre e à ideologização dos grupos de pressão homossexuais – o homossexualismo ideológico – contribuem para uma crise económica e demográfica sem precedentes entre os povos europeus.

Paralelamente a esta Europa debilitada e enfraquecida, vivemos o caos no Sul, particularmente em África, no Sul da Ásia e, em alguns casos, na América do Sul. A partir do Mahgreb, aqui tão perto, multidões de jovens desempregados, munidos do islamismo militante e agressor, estão preparados para invadir. O caos étnico e económico-social de países como a Nigéria, Somália, Libéria, Indonésia, Afeganistão e outros, associado à subida de todo o tipo de integrismos religiosos e políticos, mas todos com um denominador comum: o ódio às nossas culturas e ao nosso modelo civilizacional, constituem uma síntese que se revela uma ameaça imediata e perigosa à nossa estabilidade e identidade.
O corolário desta ameaça é a possibilidade de alguns países utilizarem a energia nuclear para fins militares, projectando assim o terrorismo a situações inimagináveis...
Sejamos frontais: estamos envolvidos num conflito de contornos visíveis e invisíveis em que a nossa identidade mais remota e a nossa sobrevivência estão em risco! Para não referir a ameaça ecológica que, paulatinamente, vai correndo o nosso planeta, consequência dos mitos do progresso interminável de inspiração demo-liberal de índole mundialista.
A pandemia da SIDA em África chegou ao limite dos Estados Unidos a considerarem como uma ameaça à sua própria segurança nacional, enquanto que nós, europeus, cerramos os olhos a este cenário demolidor aqui tão perto!



Perante esta perspectiva apocalíptica, que respostas?...

Cometemos o erro trágico de encararmos o outro como o imaginamos no nosso imaginário; é esta a atitude de Portugal e da Europa nos últimos sessenta anos! Com o intuito de enfrentarmos as catástrofes que o futuro nos oferece, impõe-se, antes de mais, definir quem são os nossos amigos, adversários e inimigos. Uma cuidadosa leitura de Karl Schmidt permite-nos deter os instrumentos de análise necessários e capazes para definir o nosso percurso num mundo cada vez mais complexo e polarizado.
Outro imperativo ao qual não podemos fugir é o de possuirmos uma perspectiva do globo numa dimensão “geocultural”, em que a Geografia predomina sobre o lirismo político. Rudolf Kjellen, politólogo, geopolítico e filósofo, de nacionalidade sueca, ser-nos-á bastante útil. Na linha do seu pensamento definimos Portugal como um País Ibérico, Latino e Europeu. Esta premissa é fundamental para compreender o nosso futuro como povo!

Temos que conviver com a trágica, mas estimulante, consciência de que retornámos ao nosso espaço geográfico de partida, o qual – paradoxalmente – se tornou, passados tantos séculos, o nosso ponto de chegada: a Península Ibérica, a Europa. A identidade etnocultural é o nosso último reduto na retirada, se quisermos ter viabilidade como realidade nacional.
Num mundo que é, cada vez mais, um gigantesco “hipermercado”, onde tudo se dissolve anonimamente, é na memória mais remota, a que expulsou os árabes invasores, e não a que conquistou ou expulsou, que nos devemos apegar! A memória funciona hoje como instrumento insubstituível de análise do presente e projecção do futuro. Sobretudo quando Portugal e a Europa estão sendo ocupados física e espiritualmente!


Pistas para o futuro...

Num contexto político de adversidade como o que vivemos hoje, a criação e desenvolvimento de Associações, Fundações, Revistas, Comunidades e, inclusivé, Partidos, onde coexistem e corporizam as diferentes famílias e correntes do Nacionalismo Português, são tão urgentes como necessárias.
Sem se cair na “doença infantil” do nacionalismo, expresso na “fulanização” dos pequenos chefes, ou na tentação grupuscular, todos os movimentos, associações e organizações deverão estabelecer um pacto de respeito pela identidade e personalidade de todos os integrantes do movimento nacionalista, entendido este na sua globalidade.
Os parâmetros fundamentais da nossa acção comum devem assentar na preservação da nossa mais profunda identidade, reflectida nos campos etno-linguístico, cultural, artístico, patrimonial, arquitectónico e económico.
A visão geopolítica e internacional de Portugal deve estar subordinada à construção – e esta é uma perspectiva intimista – de um gigantesco Espaço geopolítico e geoeconómico fundamentado na memória colectiva, cultural e civilizacional comum: o nosso Lar europeu. Nele se incluirá, no futuro, a Rússia, e se exclui, por razões óbvias, a Turquia. A expressão político-constitucional desse Espaço realizar-se-á de acordo com a vontade dos povos e Nações europeias e contra os nossos inimigos que nos pretendem aniquilar. Desse modo, poderemos enfrentar os Islâmicos, que lentamente nos vão cercando, e competir de igual para igual com os Estados Unidos.
No caso particular de Portugal, o Brasil poderá complementar a nossa projecção na política internacional. As nossas comunidades espalhadas pela Europa e pelo mundo devem converter-se em elementos activos e promotores da nossa cultura e identidade, em particular no que concerne à Língua Pátria. Quanto à nossa posição no Continente Africano, as nossas relações deverão pautar-se pelo respeito mútuo de cada um dos espaços geopolíticos e simultaneamente manter as melhores relações comerciais e económicas, abandonando, desde logo, os delírios de qualquer eventual integração política, que seria, no mínimo, suicida e destruidora de Portugal, tal como o concebemos.
Em síntese, minhas senhoras, meus senhores, camaradas e amigos: o futuro da nossa Nação, da nossa Pátria, deverá radicar, por um lado, na nossa grande família civilizacional: a Europeia; por outro, na única aristocracia que reconheço: a do carácter e do espírito, nas tradições mais longínquas do nosso Povo e, finalmente, na Justiça social da nossa vivência comunitária.

E como um dia o Poeta escreveu: é a Hora!
Da Aventura e da Esperança!
Viva Portugal!
Viva a Europa!



I Congresso Nacionalista Português

Lisboa, 13 e 14 de Outubro de 2001

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