<$BlogRSDUrl$>

2003/09/05

MAGGIOLO GOUVEIA, OUTRA VEZ — PORQUE O TEMEM ALGUNS, E TÃO DESESPERADAMENTE?... 

Será ainda “a (velha e revelha) verdade a que têm (temos) direito?”
Continuam sem limpar as suas próprias mentes de preconceitos anti-nacionais e não deixam que lhes arranquemos os antolhos bafientos.
Vale a pena insistir, nunca se perde tudo.
Um dos últimos a pronunciarem-se foi o ex-Presidente Mário Soares, podendo até estranhar-se a demora, em tão prolixo e assíduo “Senador “ da República.
Queixou-se ele da “pompa e circunstância” que teriam rodeado o funeral do tenente-coronel Maggiolo Gouveia, falando aos jornalistas à margem da abertura dum curso para responsáveis do seu Partido, em Évora.
Mas, na verdade, não era por aí que o ex-Presidente queria ficar-se.
O essencial do seu pensamento encontra-se mais facilmente na afirmação, também na mesma ocasião feita, de que “a polémica questão” (do funeral com honras militares prestadas pelo Exército e assumidas pelo Governo) apenas contribuiria “para envenenar a sociedade portuguesa”.
O ex-Presidente não quer ou não pode perceber isto: o que, na verdade, “envenena” a sociedade nacional é o forçado silêncio e a passividade sobre esta e tantas outras questões, em que se exerce sem freio a censura efectiva dele(s). A respeito das quais questões tem sido, aliás, gigantesco e sem pudor o esforço para calar os Portugueses ou ameaçá-los de severas represálias, quando conseguem falar, sempre, no fundo, com esse mesmo pretexto altamente censório de que tais questões, trazidas a público, dividem e “envenenam” os Portugueses.
Os “pobres” Portugueses a quem querem atribuir para sempre um estatuto de menoridade política e social.
Esses adeptos do silêncio forçado dos outros, eles em geral tão faladores à toa, não hesitam até, como foi o caso do ex-Presidente, na mesma ocasião, em ferir as regras do mais elementar bom senso e da mais simples inteligência.
Veja-se como o ex-Presidente chegou então a dizer que a homenagem a Maggiolo Gouveia pôs “em causa as excelentes relações de Portugal com Timor-Leste”!
Ele que pretendeu, com alguns outros, que, ao apoiarmos os Americanos no Iraque, estaríamos a alienar a soberania nacional, naturalmente até a portarmo-nos como “lacaios” dos EUA.
Pelos vistos, calarmo-nos neste caso, sepultar às escondidas os restos mortais de Maggiolo Gouveia, com medo da reacção do Governo de Timor, é que seria um belo gesto de defesa da soberania nacional!
Nem sequer se lembram de que quem continua em dívida, para com Portugal, é o Governo de Timor-Leste ao não fazer o mínimo gesto ou a simples promessa de vir a julgar os assassinos de Maggiolo Gouveia.
Mas menos ainda se lembram de que foram as ordens de abandono de Timor, dadas para ali à força militar portuguesa no território, o ponto de partida para o massacre de alguns 300 000 Timorenses e para a invasão da Indonésia.
Talvez tanta cegueira, incoerência ou hipocrisia tenha fundamentalmente uma só explicação:
O medo!
Será que tais antigos actores do extinto PREC, ou os actuais revivalistas do mesmo, como os que agora se manifestaram, serão todos uns cagarolas?
É possível que o ex-Presidente também precise de comprar o seu cão (ou uma matilha?), como aliás recomendou, igualmente em Évora, aos seus correligionários — parece que medrosos, não sabemos de quê — recordando-lhes que, “em política, quem tem medo compra um cão”.
Porventura pouco feliz, o ex-Presidente, no a propósito das suas citações proverbiais, ou antes esquecido, e talvez inconsciente (não lhe é raro isso) dos seus próprios medos?
Mas medos de quê, afinal?
Por exemplo: de que este combate à consagração nacional de Maggiolo Gouveia seja um “péssimo” precedente para outras futuras evocações históricas a que, embora incómodas, não queiram, não devam ou não possam fugir. E a verdade é que se habituaram, nestes quase trinta anos, esses sobreviventes do PREC, encapotados ou não, a não perder um só combate do género e a humilhar impunemente quem não pensa pela mesma cartilha. Perder, para eles, tornou-se-lhes uma insuportável perspectiva.
Mas haverá pelo menos um outro medo que recearão ainda mais.
Há já sem dúvida o medo de cada nova evocação histórica também vir a ser perdida por eles — como foi o caso agora da evocação de Maggiolo Gouveia, assassinado em Timor por causa, em primeiro lugar, da omissão e demissão dos responsáveis dessa altura. Mas muito pior é o medo de que venham essas evocações a transformar-se num julgamento nacional, ainda que apenas implícito, de muitas outras irresponsabilidades, cobardias, omissões ou demissões de certos responsáveis do PREC, como o caso Maggiolo Gouveia já se transformou no julgamento dos seus detractores.
Mesmo que sejam meramente os chamados juízos da história ou até novos julgamentos da opinião pública, que a perversão dos seus espíritos os faz temer quase tanto como temem os julgamentos formais do poder judicial.
Por nós, fique bem claro, eles só terão a recear os novos julgamentos políticos da História ou da opinião pública. Nem estamos interessados, os novos nacionalistas, em quaisquer outros julgamentos, muito seriamente o afirmamos.
Apenas nos interessa, e queremos, que todos os patriotas e todos os nacionalistas sejam respeitados e não perseguidos ou discriminados por o serem, como vem acontecendo na prática e na lei.
Pelo menos tão respeitados institucionalmente como aqueles herdeiros do PREC que se têm imposto à Nação exactamente por não serem uma coisa nem outra, nem nacionalistas nem patriotas...
Não é pedir demais, nem é sequer pedir muito.
É, até e apenas, o mínimo que devemos e temos o direito de exigir: numa aplicação rigorosa a todos nós, não discriminatória, dos direitos (e deveres) de cidadania portuguesa.

Etiquetas:


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

  • Página inicial





  • Google
    Web Aliança Nacional