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2003/09/17

A II Guerra Mundial e o Eclipse do Nacionalismo (II) 

Comunicação ao I Congresso Nacionalista Português - Lisboa, 13 e 14 de Outubro de 2001

Dr. Manuel Marques José

3.
A intenção de eclipsar nacionalismos refere-se apenas a alguns nacionalismos: Portugal, por exemplo. A Nação Portuguesa incomodava, nação pluricontinental e plurirracial, habilmente administrada, imbuída de forte humanismo cristão e de respeito pelos povos que habitavam os nossos imensos territórios afro-asiáticos.
Ora, as intenções soviético-americano-(sionistas) - volto a pôr o sionistas entre parêntesis - não se prendiam muito com o humanismo que, habilmente, sobretudo eles -esta dupla ou esta tríade-, resolveram erigir como postulado na Declaração Universal dos Direitos do Homem (uma coisa que depois cada um interpretou à sua maneira, quero dizer, aos seus interesses) -um texto inválido pela concepção abstracta que apresenta do Homem: segundo o velho filósofo grego Aristóteles, só, o homem seria um deus ou uma besta. Desprovido da sua nação, do seu deus, da sua família, da sua aldeia, da sua vila, da sua cidade, o Homem não existe.

4.
Mas, paradoxalmente, hipocritamente, os miseráveis que regeram o mundo a partir da lI Guerra Mundial criaram novos nacionalismos, muitos nacionalismos: africanos, asiáticos. Sobretudo africanos. Talvez assentando na ideia de que África deveria regredir historicamente para um território de escravos ou um território escravo - da União Soviética, dos Estados Unidos, de outros.
Os nacionalismos africanos, tal como foram apresentados (não estou a negar a existência de nacionalismos africanos) nada mais eram que ficções elaboradas por irresponsáveis estadistas e acólitos mais ou menos irmanados, e postas em acção por mais ou menos brilhantes agentes do KGB ou da CIA (de várias nacionalidades, entre os quais portugueses). E depois, aconteceu o que aconteceu, o que continua a acontecer - coisas decerto englobáveis no conceito de crimes contra a humanidade, crimes imprescritíveis como agora se diz muito, (é moda!) - os crimes contra a humanidade não prescrevem -, com tribunal internacional e tudo (mas como nesses crimes há responsabilidades dos USA, de outros e da defunta URSS, não são consideráveis - tal como não são os massacres de 1961 no Norte de Angola!) - ou seja, uns são filhos da mãe e outros da outra!
E criaram-se outras caricaturas de nacionalismos: passando a designar-se por nação um qualquer grupo de gentalha que gosta de uma bebida qualquer, tendo obrigatoriamente como requisitos rótulo em inglês e publicidade televisiva; e até se fala também em planeta reebok, ou será nike?!, para referir as multidões que gostam de andar com esses sapatos... Enfim!...
E também se criou o nacionalismo mundialista – uma fraude, uma ficção - bem aceite neste nosso tempo adormecido! (Agora um pouco desperto -embora aturdido e confuso - depois dos acontecimentos de 11 de Setembro e subsequentes). E também o nacionalismo europeu -de que actualmente os nossos iluminados governantes e afins dizem que fazemos parte!
Este nacionalismo mundialista foi enunciado pela União Soviética por um lado, e pelos Estados Unidos por outro - ou pelos Sionistas? - Após o colapso do paraíso soviético, resta-nos pois o paraíso americano-parêntesis-sionista-parêntesis.

5.
Empobrecido o mundo, empobrecida a humanidade, o mundo restringido ao conceito de recurso material, a humanidade restringida ao conceito de recurso humano, eis-nos num tempo morfínico, anestesiado...
Com o eclipsar das nações, toda a ternura, todo o cuidado que se deveria ter para com a Pátria, a casa onde nascemos, o regaço materno que tanta vez nos embalou, a aldeia ou a cidade em que crescemos, a escola onde aprendemos, a família e as pessoas que nos rodeiam deixariam de ter qualquer sentido. Em nome de ficções e instabilidades, de caricaturas: a alta costura esfarrapada; a água com açúcar vendida com rótulos coca-cola, fanta, sprite, 7up, etc.; o pão com carne de vaca moída e minhocas à mistura; os deuses do celulóide; o sonho de pôr o Michael Jackson a macaquear e a guinchar na Sagrada Mesquita de Meca, no lugar da Sagrada Kaaba...
No mundo actual, desertificado e indigente, resta uma «civilização do bem-estar consumista» que «constitui o grande coveiro histórico da ideologia gloriosa do dever.»4 E resta-nos também esta duplicidade: o zombie e o fanático: (cito) «A barbárie acabou portanto por se apoderar da cultura. À sombra desta grande palavra, a intolerância cresce, ao mesmo tempo que o infantilismo.»5. O zombie: o indivíduo típico contemporâneo, vai de madrugada para o trabalho, à noite regressa a casa, sem vontade, sem querer, inexistente, um número; o fanático: o fundamentalista islâmico que em nome de Deus se atira contra as Twin Towers do World Trade Center.
É um tempo perigoso o nosso tempo. E citaria um pequeno poema de Friedrich Nietszche: «"Nenhum caminho já! Abismo e silêncio de morte!" / Assim quiseste! Fugiste do caminho! / Ora pois, caminheiro! Olha agora frio e claro! / Estás perdido, se acreditas no perigo.»6

6.
Todavia, o estarmos aqui é sinal de que não acreditamos no perigo e que a nossa querida Pátria se reerguerá. E embora eu tenha escrito um livro cujo título é «Pela Pátria, esta missa de finados», também estou aqui.
Disse.
_______________________________________
4 Gilles Lipowetsky, Crepúsculo do Dever, Publicações D. Quixote, Lisboa, 1994, p.59.
5 Alain Finkielkraut, A derrota do pensamento, Publicações D. Quixote, Lisboa, 1988, p.145.
6 Friedrich Nietzsche, Poemas, Centelha, Coimbra, 1981, p.139.

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