2011/04/08
O lixo acumula-se
Após muitos anos a varrer o lixo – défices do Estado, má gestão do dinheiro dos contribuintes, despesismo inútil – para debaixo do tapete, o lixo, finalmente, não pode ser mais escondido.
As agências de rating podem não ser inocentes nem insuspeitas, podem ter falhas, como no caso do Lehman Brothers, mas, infelizmente, ao classificarem certas empresas públicas portuguesas como lixo, é a realidade que lhes dá razão. Como se vê. Podemos chamar-lhes o que quisermos, mas o País está nas lonas, o Estado social está falido, o défice orçamental de 2010, anunciado por 6,9%, foi depois revisto para 8,6%, o Estado já não tem dinheiro para as suas empresas “públicas”. Aí as agências não se enganaram.
Ou seja, o Estado social já deu a quem tinha a dar. Ao fim de várias décadas transforma-se em lixo.Este desfecho, o pedido de ajuda ao FMI, não deve espantar, dado o grau de incompetência com que os políticos, sucessivamente, “governaram” o País nas últimas décadas. O problema é esse: o País esteve, e está, entregue a políticos incompetentes e tachistas dos aparelhos partidários. Este é o verdadeiro lixo.
Mas não se pense que com o financiamento do FMI tudo fica ipso facto resolvido. Nem pensar. Nada nos garante que o próximo governo terá autoridade para e saberá lidar com a situação, nem é garantido que as contas públicas – do Estado – vão ser postas em ordem. De resto, qualquer empresa no lugar do Estado social português já tinha falido há muito tempo, com tanto défice, tanta dívida, tanto dinheiro mal gasto.
Aliás, nem está garantido que o Sócrates seja corrido, como merece. Como não está garantido que Passos Coelho, se ganhar as eleições de 5 de Junho, seja capaz de dar conta do recado, com tanta hesitação a que já nos habituou.
É necessário, pois, que os portugueses, em particular, e todos aqueles que prezam a realidade e não lhe fecham ideologicamente os olhos, em geral, se preparem para a eventualidade de não existir hoje no País ninguém à altura que o momento exige. A classe política é fraca e incompetente: não podemos esperar grande coisa.
Num país com a cabeça formatada pela esquerda, que usa a mentira com profissionalismo, que manipula a imprensa, a cultura, a educação, ao serviço dos seus objectivos ideológicos, é possível que ainda muita gente esteja iludida a respeito do “Estado social”, esperando subsídios e rendimentos. Com a ajuda de uma direita incompetente, incapaz de combater pelas suas convicções, que nem sequer sabe mentir, quanto mais de comunicar e pôr em acção os seus objectivos políticos, tudo é uma incógnita. Mesmo que Passos Coelho seja o próximo Primeiro-Ministro em Junho, o que não é garantido, quanto tempo demorará o PS e os seus aliados a voltar ao governo?
Vencer o cenário miserável que o País atravessa não é apenas uma mera questão técnica de habilidades económicas e ginástica financeira. Passa também, e primordialmente, por moldar outras convicções e outras mentalidades. Quem despreza isto, despreza o mais importante.
O País não precisa só de mudar de governo. Os mesmos continuarão a fazer o que sabem: o mesmo que fizeram até aqui. O que o País precisa é de uma mudança de regime. Porque este agoniza.
Um dos benefícios que esta crise pode trazer é emagrecer o Estado. Assim como um alastramento do fenómeno à Espanha pode pôr em risco o euro e a própria União Europeia, mantida apenas por e para os aparatchiks de Bruxelas e Estrasburgo, que pode sucumbir a esta crise continuada, que se alimenta também do progressivo declínio demográfico europeu.
Seja muito ou pouco o tempo a esperar para que o País entre num rumo certo, uma coisa não podemos esquecer: o Estado não é a Nação.
Não tenhamos medo nem pena que este Estado social podre caia. No fundo o “Estado social” só serve os interesses da esquerda, só serve para dar mais poder à esquerda.
E se assim é, bom é que caia.
manuelbras@portugalmail.pt
Mas não se pense que com o financiamento do FMI tudo fica ipso facto resolvido. Nem pensar. Nada nos garante que o próximo governo terá autoridade para e saberá lidar com a situação, nem é garantido que as contas públicas – do Estado – vão ser postas em ordem. De resto, qualquer empresa no lugar do Estado social português já tinha falido há muito tempo, com tanto défice, tanta dívida, tanto dinheiro mal gasto.
Aliás, nem está garantido que o Sócrates seja corrido, como merece. Como não está garantido que Passos Coelho, se ganhar as eleições de 5 de Junho, seja capaz de dar conta do recado, com tanta hesitação a que já nos habituou.
É necessário, pois, que os portugueses, em particular, e todos aqueles que prezam a realidade e não lhe fecham ideologicamente os olhos, em geral, se preparem para a eventualidade de não existir hoje no País ninguém à altura que o momento exige. A classe política é fraca e incompetente: não podemos esperar grande coisa.
Num país com a cabeça formatada pela esquerda, que usa a mentira com profissionalismo, que manipula a imprensa, a cultura, a educação, ao serviço dos seus objectivos ideológicos, é possível que ainda muita gente esteja iludida a respeito do “Estado social”, esperando subsídios e rendimentos. Com a ajuda de uma direita incompetente, incapaz de combater pelas suas convicções, que nem sequer sabe mentir, quanto mais de comunicar e pôr em acção os seus objectivos políticos, tudo é uma incógnita. Mesmo que Passos Coelho seja o próximo Primeiro-Ministro em Junho, o que não é garantido, quanto tempo demorará o PS e os seus aliados a voltar ao governo?
Vencer o cenário miserável que o País atravessa não é apenas uma mera questão técnica de habilidades económicas e ginástica financeira. Passa também, e primordialmente, por moldar outras convicções e outras mentalidades. Quem despreza isto, despreza o mais importante.
O País não precisa só de mudar de governo. Os mesmos continuarão a fazer o que sabem: o mesmo que fizeram até aqui. O que o País precisa é de uma mudança de regime. Porque este agoniza.
Um dos benefícios que esta crise pode trazer é emagrecer o Estado. Assim como um alastramento do fenómeno à Espanha pode pôr em risco o euro e a própria União Europeia, mantida apenas por e para os aparatchiks de Bruxelas e Estrasburgo, que pode sucumbir a esta crise continuada, que se alimenta também do progressivo declínio demográfico europeu.
Seja muito ou pouco o tempo a esperar para que o País entre num rumo certo, uma coisa não podemos esquecer: o Estado não é a Nação.
Não tenhamos medo nem pena que este Estado social podre caia. No fundo o “Estado social” só serve os interesses da esquerda, só serve para dar mais poder à esquerda.
E se assim é, bom é que caia.
manuelbras@portugalmail.pt
Etiquetas: Eleições legislativas, FMI, União Europeia