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2011/03/10

E se fosse ao contrário? 


Duas séries de acontecimentos recentes, sobre o mesmo assunto – a perseguição de morte aos cristãos em “países muçulmanos” e o comportamento medroso de alguns dirigentes políticos europeus, em especial portugueses, espanhóis e irlandeses – põem, mais uma vez, em destaque como o medo dirige a (in)acção destes políticos e os leva a ter dois pesos e duas medidas, em que aqueles que, coerentemente, dispensam a violência, acabam sempre por ser prejudicados e discriminados, enquanto aqueles que usam e abusam da violência, talvez também coerentemente, saem em vantagem.

É por demais conhecida a perseguição de morte que os cristãos têm sofrido nos últimos tempos em vários “países muçulmanos”, de modo especial no Paquistão. Esta escalada criminosa culminou mais recentemente, a 2 de Março, com o assassinato do ministro paquistanês para as minorias, Shahbaz Bhatti, em consequência da sua oposição às leis “anti-blasfémia” em vigor no Paquistão, que prescrevem prisão perpétua e pena de morte para os autores de palavras ou acções que sejam consideradas blasfémia para o Islão.

É certo que nem todos os muçulmanos funcionam assim e que muitos se opõem a este tipo de procedimentos, como os que vivem em Portugal. Mas, com esses podemos nós bem. O problema são os outros, esses que vivem no Paquistão e noutros países em que perseguem os cristãos.

Bhatti já tinha recebido diversas ameaças de morte, mas sempre se recusou a ceder nas suas reivindicações. Numa recente visita ao Canadá disse que a sua motivação derivava da sua fé em Cristo: “Enquanto cristão, acredito que Jesus é a minha força. Ele deu-me o poder, a sabedoria e a motivação para servir uma humanidade sofredora. Sigo a minha consciência, e estou pronto a morrer e a sacrificar a minha vida pelos princípios em que acredito”.

A condenação a estas perseguições não se fez esperar. Quase todos os dirigentes políticos europeus, à excepção de Portugal, Espanha, Irlanda, Luxemburgo e Chipre, condenaram explicitamente as perseguições aos cristãos no Paquistão. O alvo são as excepções: porquê? Estão com medo de quê? Podem berrar à vontade que como dirigentes políticos de países laicos não lhes cabe vir em auxílio dos cristãos ou, como eles gostam de dizer, do clube cristão, porque aqui o que se trata é da mais elementar justiça, que fica por fazer. Onde estão agora os defensores dos direitos humanos e da liberdade religiosa? Fugiram.

É bom de ver que, para estes aldrabões, os direitos humanos e a liberdade religiosa só servem para condenar os cristãos, nunca para os defender. Para esta gente, os cristãos só interessam para pagar impostos e votar neles.

E se fosse ao contrário?

Imagine-se agora que o presidente Sarkozy, em atenção à expressiva e ruidosa minoria muçulmana que vive em França, chamava para o governo um ministro muçulmano que se opunha a uma lei da república – por exemplo, sobre a proibição do véu islâmico – e que, em resposta, um grupo de fundamentalistas assassinava esse ministro.

Será que os Sócrates e Zapateros ficavam em silêncio?

http://www.forumlibertas.com/frontend/forumlibertas/noticia.php?id_noticia=19444&id_seccion=10


http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=95&did=144544


http://www.france24.com/en/20110215-en-interview-shahbaz-bhatti-minister-pakistan-minorities-penjab-islamism-blasphemy-christian




manuelbras@portugalmail.pt

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