<$BlogRSDUrl$>

2011/02/28

O reboliço norte-africano 

As recentes revoltas e revoluções populares contra os poderes governamentais instituídos em países do Norte de África (Egipto, Tunísia, Líbia) têm suscitado por cá abundantes comentários de políticos, jornalistas e analistas. A uns interessa-lhes apenas o processo em curso, sem mais, a outros interessa-lhes o que virá a seguir.

Sejamos honestos: para cada comunidade política as revoltas e revoluções são sempre aceitáveis desde que não se voltem contra os seus interesses. É por isso que todos aguardam e tentam condicionar o desfecho do reboliço até um novo ponto de equilíbrio.

Na Líbia, a pouco e pouco, todos vão tirando o tapete a Khadafi, à medida que vai ficando mais isolado na luta pelo controle do poder. Aliás, a Líbia tornou-se um caso de estudo interessante, uma vez que todos os jornalistas estrangeiros foram obrigados a sair, mas as notícias continuam a fluir abundantemente.

Longe estamos ainda de saber em que mãos vai o poder cair no Norte de África: se na mão de movimentos afectos ao Irão (como o Hezbollah no Líbano ou o Hamas em Gaza), hostis ao Ocidente, ou em mãos amigas do Ocidente. Mas é, talvez, isso que é mais importante acautelar.

Da parte dos EUA, a parte do Ocidente que mais tem sido activa a nível diplomático a lidar com esta crise, houve a preocupação acertada de não “levar ao colo” líderes amigos, mas desgastados pelo tempo e caídos em desgraça, como Mubarak. Isso deixa o Ocidente, em particular os EUA, de mãos livres para criar novos laços de proximidade com os regimes que entretanto emergirem.

Uma coisa é certa: sem intervir directamente nas transformações políticas em curso em países soberanos, o Ocidente tem que desenvolver uma estratégia para lidar com as novas realidades que se perfilam no Norte de África, porque nada deverá ser como dantes.

Chegados aqui, uma pergunta se impõe: será possível conceber uma estratégia ocidental convergente para o novo Norte de África? Será que a estratégia dos países europeus e dos EUA pode ser a mesma? É isso que importa apurar.

Quanto a saber se os novos regimes poderão vir a ser democracias ocidentais a papel químico é uma incógnita, e talvez não seja o mais importante. Mais importante seria, sem dúvida, que houvesse liberdade. E como sabemos uma e outra não coexistem necessariamente. Que o diga o Mário Crespo.

manuelbras@portugalmail.pt

Etiquetas:


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

  • Página inicial





  • Google
    Web Aliança Nacional