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2008/12/23

Não chamamos cá ninguém 

Manuel Brás

É bom, por vezes, ir aos Centro de Saúde do Sistema Nacional de Saúde (SNS) para ver e ouvir as coisas fantásticas que por lá se fazem e dizem.

Imagine-se que alguém pretende uma consulta com o “Médico de Família”, mas este já mudou e então é arrastado para as “consultas de recurso”. Acontece que o nº de consultas de recurso é limitado diariamente a 6, logicamente aos primeiros 6 que chegam ao balcão às 8h da manhã, ao ponto de alguém que chegou às 7.40h já não ser atendido nesse dia. A alternativa é fazer sucessivamente a mesma experiência cada dia mais cedo, já que não é possível marcar consultas por telefone. Talvez chegando à porta do Centro de Saúde às 5h da manhã se consiga consulta.

Quando se tenta explicar à empregada que marca (ou não marca) as consultas que o sistema está viciado, a resposta não pode sintetizar melhor a filosofia da instituição: “Não chamamos cá ninguém”.

Deu-se a feliz coincidência de, nesse mesmo dia, terem sido publicadas as contas – deficitárias – do SNS, relativas a 2007: um buraco de €330 milhões, quase o dobro do previsto. Tudo isto nem sequer chega para as consultas de recurso. É obvio que o Sistema precisa de muito mais dinheiro.

É claro que se a demanda fosse de qualquer prática de esterilização (temporária ou permanente), tais como pílulas, abortos e coisas do género, o assunto era logo encaminhado sem demora. Dá ideia que este tipo de “operações” é o único em que não há listas de espera no SNS.

Os Correias de Campos, Louçãs e demais defensores do “serviço público” estão de parabéns.

Eu sei que não é hábito os portugueses pedirem contas de gastos de dinheiros públicos, que lhes saem do bolso, aos governantes de esquerda, embora já gostem de pontificar sobre os dinheiros privados, que não lhes saem do bolso. Mas, numa época em que o “serviço público” anda à caça de crimes em contas e dinheiros mal parados, é caso para perguntar pelo destino de tantos milhões enterrados no SNS e pelo destino de tantos milhões enterrados, ao longo dos anos, na educação estatal para dar o que dá: cada vez piores resultados, quer em termos académicos, quer em termos humanos.

E nos dinheiros públicos, não haverá crime?

Quem é que supervisiona o Estado?

manuelbras@portugalmail.pt

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