2008/06/04
Santana Lopes, os seus desânimos e as sereias dele
A divisão do PSD, agora confirmada, em três tendências, ou pelo menos duas, é uma excepcional manifestação de força e de potencialidades abrangentes de todo o espectro político português, de direita e centro-direita.
Uma das consequências disso é, por exemplo, o acantonamento forçado do CDS à direita do PSD, onde se vê impedido de crescer.
Isso acontece, obviamente, parece evidente, porque quem está na direita do PSD sente-se bem, mesmo realizado politicamente, e em geral não cede à atracção, insuficiente, da facção ultra-conservadora de direita do CDS.
Parece tão claro que qualquer crescimento significativo do CDS encontra daquele lado – e outro lado não há… - um travão invencível ou praticamente invencível, até porque o CDS, o seu “pessoal” directivo, não parece ter estofo para praticar um direitismo inovador capaz de seduzir as direitas com potencial de crescimento e de futuro.
Sem Paulo Portas, o CDS talvez já tivesse morrido, porque, não sendo um Santana Lopes, Portas ainda por vezes tem uns lampejos que deixam alguma esperança aos espectadores menos frustrados ou menos desgastados pelos tempos de espera em vão.
Que esperança?
Que importa, se é uma esperança sempre sem futuro, sempre a confirmar-se como vazia?...
Nunca deixa de haver à direita alguém pronto a aconselhar os melhores, que têm dificuldades nos seus partidos, a saírem para fundar um partido próprio, mais um partido.
Chega agora a atribuir-se essa intenção a Santana Lopes, presumidamente insatisfeito e desiludido com o seu 3º lugar na eleição directa de domingo.
Quem lhe deseja tal não é seu amigo, quer porventura destruí-lo politicamente e tirar-lhe todas as possibilidades de continuar dentro do PSD o seu trabalho tão bem começado.
Não cede ele, com certeza, às vozes dessas sereias, porque a sua experiência do mundo político é muito grande e profunda.
Mas se tivesse alguma tentação nesse sentido, deveria lembrar-se de todos os sacrifícios e desmedidos esforços que fez para chegar aonde chegou.
E – talvez acima de tudo – teria de lembrar-se de que são uma força enorme, e uma promessa ainda maior, os 30% que acreditam em si, o compreendem e talvez em si e nos seus projectos puseram todas as esperanças políticas deles.
E talvez também lhe dê força para resistir às sereias lembrar-se daqueles do seu próprio partido que tantos esforços terão feito para que a sua votação não fosse ainda maior, e que à socapa muito se ficariam a rir de si!
A.C.R.
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