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2008/02/13

Inverno Demográfico 

Fez dia 11 de Fevereiro um ano que o aborto foi liberalizado por via de um referendo. É provável que ninguém consiga demonstrar, nem garantir, que o aborto clandestino - o terror é o “clandestino”, não o aborto, entenda-se - acabou. Talvez tão provável como a sua continuidade real, que agora já não inquieta esses espíritos.

Para além do drama do aborto em si, agora mais facilitado, acrescem os danos físicos e psíquicos às mulheres que a essa prática se submetem, como foi reportado por especialistas numa conferência realizada em Lisboa no passado dia 8 de Novembro.

A tudo isto ainda acresce a miserável situação demográfica decorrente de uma população envelhecida, de uma taxa de natalidade exígua, que está a milhas de renovar gerações, a que se soma uma cada vez mais generalizada instabilidade familiar, sulcada por um número crescente de divórcios e de uniões precárias.

O Engº Sócrates, por seu lado, apoia tudo isto e o seu contrário. Ferrenho defensor da liberalização do aborto, vem uns meses mais tarde anunciar a concessão de prestações de apoio à gravidez para certos estratos sócio-económicos, bem como alguns aumentos de abono de família. Ora bolas: não seria de começar por apoiar as mulheres que passam pelo dilema do aborto, sem deixar de apoiar as restantes, e promover outras alternativas? Porque é que aqueles que são vítimas do aborto não podem contar para a natalidade que o País precisa? Bloqueio ideológico?

Mas será que o governo, com essas medidas financeiras de “incentivo” à natalidade - como eles dizem - vai conseguir inverter as tendências demográficas dos últimos 40 anos? Dito de outra forma: será que a concessão desses subsídios é suficiente para mudar uma mentalidade forjada nas gerações nos últimos 40 anos, desde os bancos das escolas aos centros de saúde? Não creio. Os casos de outros países na mesma situação, que começaram primeiro esse tipo de “incentivos” apontam para um ligeiro, mas insuficiente, aumento da natalidade em anos subsequentes.

A APF tem dedicado os seus 40 anos de existência em Portugal a educar os portugueses para o controle da natalidade e para a aceitação do aborto. Não será injusto considerar a APF como a única instituição em Portugal que consegue cumprir na íntegra os seus objectivos: o aborto está liberalizado e a pirâmide demográfica levou uma valente machadada nos últimos 40 anos. Que mais se pode querer? A APF está de parabéns.

Reparem: os governos querem diminuir o défice e a despesa pública, os juízes e os tribunais querem por a justiça a funcionar, as polícias querem deter os corruptos e os criminosos, os economistas querem fugir à recessão, a selecção de futebol quer ganhar qualquer coisa, e olhem o que acontece.

Na escola, os jovens, de computador em riste, podem não saber fazer contas, nem ler mais que duas páginas seguidas, ou mesmo escrever uma frase com sentido completo, saber onde fica a Austrália, nem conhecer figuras relevantes da História de Portugal - que interessa isso? - mas conhecerão, de certeza, todos os métodos contraceptivos e saberão tudo sobre a “educação sexual”.

Nos hospitais e centros de saúde as consultas de oftalmologia, de medicina interna, de ortopedia, de cardiologia, etc, bem como as variadas cirurgias, podem demorar meses ou anos, mas os abortos, as esterilizações, o fornecimento de todo o tipo de pílulas (abortivas e contraceptivas) é que são prioritários.

Não há dúvida. Em Portugal só a APF consegue cumprir objectivos. É fantástico.

Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt

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