2006/06/05
Totalitarismo, partido único, sufrágio universal e nacionalismo (1)
Tentou-se aqui, e não só ultimamente, desfazer algumas ideias feitas sobre o nacionalismo.
A propósito da monarquia, da burguesia, do capitalismo e seu futuro, do judaísmo, da "grande aliança" ocidental, etc.
É, aliás, uma forma de trazer o nacionalismo para as situações e os problemas concretos, a que tem de responder, como qualquer doutrina social que se preze.
Se dissermos, por exemplo, que o nacionalismo não tem necessariamente nada a ver com totalitarismo, estamos a ir contra um dos equívocos mais arreigados a respeito da doutrina e da praxis nacionalista e dos que mais as têm desfigurado e desacreditado.
Os nacionalismos mais mediatizados do séc. XX, o fascismo italiano e o nazismo alemão, proclamaram-se de facto como totalitários e isso ficou a inquinar à partida todo e qualquer outro nacionalismo, novo ou velho, que se proponha ao juízo da opinião pública, pouco dada, quase sempre, à reflexão crítica.
Claro que muitos nacionalistas, em pessoa, são eles próprios basto culpados da situação, por nunca combaterem este reflexo condicionado da opinião pública. Não sei se por não gostarem de falar do assunto, envenenado por velhas confusões lançadas e alimentadas por gente interessada em desacreditar o nacionalismo; ou se não falam por não estarem eles próprios esclarecidos nem quererem esclarecer-se, acomodados numa preguiça mental própria dos doutrinados acríticos, de convicções envelhecidas e já com pouca vida.
É demasiado grave a acusação de ser totalitário feita ao nacionalismo, para não a enfrentarmos com o máximo de rigor e decisão.
Qualquer totalitarismo seria, de facto, incompatível com a essência de qualquer nação, mesmo sendo esta reconhecido valor supremo na ordem natural.
Compreende-se assim o totalitarismo daqueles dois regimes nacionalistas europeus do séc. XX, ainda que no caso do regime italiano o seu pretenso totalitarismo tenha sido decidida e conscientemente limitado pelo seu pragmatismo.
No plano teórico – propagandístico, porém, os dois regimes eram de facto totalitários.
E não podiam deixar de sê-lo porque, teoricamente, nenhum deles reconhecia valores naturais ou sobrenaturais acima dos valores da nação.
Não é o caso do nacionalismo português.
Informada e esculpida desde sempre segundo um “projecto” assente em valores cristãos, a nação portuguesa torna incompreensível qualquer nacionalismo a ela respeitante que não viva também desses valores, mesmo que muitos dos nacionalistas seus praticantes não sejam praticantes de religião cristã alguma.
Porque o nacionalismo português nada tem a ver com um nacionalismo confessional.
Se os pretensos “nacionalistas” de obediência germânica quisessem ser reconhecidos como nacionalistas portugueses, estariam apenas a tentar o absurdo.
É que a nação “portuguesa” deles já não seria, não é a verdadeira nação dos portugueses, mas outra qualquer, existente ou nascida apenas nas cabeças deles.
Poderemos dormir tranquilos, nunca abalarão a solidez e alicerces profundos do Portugal dos Portugueses.
A.C.R.
(continua)
A propósito da monarquia, da burguesia, do capitalismo e seu futuro, do judaísmo, da "grande aliança" ocidental, etc.
É, aliás, uma forma de trazer o nacionalismo para as situações e os problemas concretos, a que tem de responder, como qualquer doutrina social que se preze.
Se dissermos, por exemplo, que o nacionalismo não tem necessariamente nada a ver com totalitarismo, estamos a ir contra um dos equívocos mais arreigados a respeito da doutrina e da praxis nacionalista e dos que mais as têm desfigurado e desacreditado.
Os nacionalismos mais mediatizados do séc. XX, o fascismo italiano e o nazismo alemão, proclamaram-se de facto como totalitários e isso ficou a inquinar à partida todo e qualquer outro nacionalismo, novo ou velho, que se proponha ao juízo da opinião pública, pouco dada, quase sempre, à reflexão crítica.
Claro que muitos nacionalistas, em pessoa, são eles próprios basto culpados da situação, por nunca combaterem este reflexo condicionado da opinião pública. Não sei se por não gostarem de falar do assunto, envenenado por velhas confusões lançadas e alimentadas por gente interessada em desacreditar o nacionalismo; ou se não falam por não estarem eles próprios esclarecidos nem quererem esclarecer-se, acomodados numa preguiça mental própria dos doutrinados acríticos, de convicções envelhecidas e já com pouca vida.
É demasiado grave a acusação de ser totalitário feita ao nacionalismo, para não a enfrentarmos com o máximo de rigor e decisão.
Qualquer totalitarismo seria, de facto, incompatível com a essência de qualquer nação, mesmo sendo esta reconhecido valor supremo na ordem natural.
Compreende-se assim o totalitarismo daqueles dois regimes nacionalistas europeus do séc. XX, ainda que no caso do regime italiano o seu pretenso totalitarismo tenha sido decidida e conscientemente limitado pelo seu pragmatismo.
No plano teórico – propagandístico, porém, os dois regimes eram de facto totalitários.
E não podiam deixar de sê-lo porque, teoricamente, nenhum deles reconhecia valores naturais ou sobrenaturais acima dos valores da nação.
Não é o caso do nacionalismo português.
Informada e esculpida desde sempre segundo um “projecto” assente em valores cristãos, a nação portuguesa torna incompreensível qualquer nacionalismo a ela respeitante que não viva também desses valores, mesmo que muitos dos nacionalistas seus praticantes não sejam praticantes de religião cristã alguma.
Porque o nacionalismo português nada tem a ver com um nacionalismo confessional.
Se os pretensos “nacionalistas” de obediência germânica quisessem ser reconhecidos como nacionalistas portugueses, estariam apenas a tentar o absurdo.
É que a nação “portuguesa” deles já não seria, não é a verdadeira nação dos portugueses, mas outra qualquer, existente ou nascida apenas nas cabeças deles.
Poderemos dormir tranquilos, nunca abalarão a solidez e alicerces profundos do Portugal dos Portugueses.
A.C.R.
(continua)
Etiquetas: Capitalismo