2006/05/30
As surpresas que ainda nos dá
Este pequeno-grande Portugal!-I
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Levou-nos a Figueira uma reunião da Associação de Professores Reformados da Guarda, que reúnem duas ou três vezes por ano, tanto quanto possível em lugares sempre diferentes.
O encontro começou com uma sessão na Casa Municipal da Cultura, de boas-vindas a nós todos, e teve para mim a nota dominante na especial amizade com que nos acolheu um casal de velhos amigos da minha mulher, já agora também meus, o Dr. Raúl e a Professora Marina, que no dia seguinte nos proporcionaram diversas visitas, à margem do encontro da véspera.
Seguiu-se a Missa por alma dos professores falecidos, na Matriz de Figueira, com a presença dos cerca de duzentos participantes do encontro; donde se seguiu para uma visita rápida, de autocarros, por locais históricos e monumentais à volta da sede do concelho; e, por fim, para o almoço simpaticamente animado pela alegria dos antigos professores, que se conheciam todos de há pelo menos cinquenta anos, alguns sem se terem voltado a ver desde então, pelo que não poucos desses já tinham dificuldade em reconhecer-se, sem a ajuda dos nomes que iam lembrando uns aos outros, para atalhar atrapalhações, seguidas logo de grandes abraços e de ainda maiores sorrisos e gargalhadas a disfarçar as emoções.
Mas o que mais ainda quero referir aos que me leiam, é a surpresa dos lugares históricos e monumentais.
O concelho é o das Terras de Riba-Côa, tão lembradas na História dos primeiros tempos pós-independência, em que muito se lutou por libertá-las do domínio do reino de Leão, até que, pelo Tratado de Alcanises, em 1297, os reis D. Dinis, de Portugal, e Fernando IV, de Castela, finalmente acertam que aquilo são definitivamente terras portuguesas.
Compreendem-se assim tantas marcas que por ali há desses tempos.
A começar pela própria vila de Castelo Rodrigo, que foi sede do concelho até 1836, numa colina a menos de dois quilómetros de Figueira, cheia de belas ruínas razoavelmente recuperadas: a torre de Menagem, as muralhas, a Igreja românica do séc. XII, o palácio de Cristóvão de Moura, incendiado pela população logo que soube do sucesso da Revolução de 1640, etc.;
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Novo pequeno salto em autocarro, agora até ao Alto da Serra da Marofa, com os seus amplíssimos horizontes, depois de passar-se perto do campo onde teve lugar em 1664 a batalha de Castelo Rodrigo, ou da Salgadela, contra os espanhóis, que os portugueses venceram e por isso contribuiu para forçar os nossos vizinhos ao fim da Guerra da Restauração, em 1668;
Mais distante fica a aldeia de Vermiosa (de vermes), muito característica do viver rural de há apenas poucas dezenas de anos, e com algumas ruas, terreiros e construções muito interessantes, incluindo a ponte românica a caminho de Escarigo, mas tudo isso nada nos dizendo que a gente da Vermiosa fala um linguajar característico, próprio, que já tem sido objecto de estudo;
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Depois, continuando em direcção ao Douro, descendo as encostas de paisagens magnificentes, até chegar a Barca de Alva, com a ponte grandiosa sobre o Douro, para Trás-os-Montes, e o cais onde diariamente atracam os grandes barcos vindos do Porto com turistas, os quais ao Porto ou à Régua regressam, mas em autocarros que levam muito menos tempo que levaria o barco, para mais repetindo cansativamente um percurso já conhecido.
Ponto final.
Se puder, prezado navegante da blogosfera, não perca uma visita de pormenor a este singularíssimo concelho de Figueira de Castelo Rodrigo e à sua gente cativante e muitíssimo acolhedora.
A.C.R.
(continua)