2006/05/23
Os mil anos da burguesia ocidental.
Ininterruptos, mas com altos e baixos.
Com o fim do Império Romano do Ocidente, some-se a burguesia romana que não possuía armas nem hábitos de guerra, que então passou a ser o que fundamentalmente interessava à sobrevivência colectiva, familiar e individual, no meio da desorganização social geral que acabou por impor-se.
Mas no séc. X* o equilíbrio entre os vários poderes políticos europeus emergentes foi-se instalando e o regresso da paz permitiu o recomeço das trocas e dos negócios em grande escala, por terra, por mar e pelos grandes rios europeus.
Renasceu daí a burguesia pouco a pouco, mas aceleradamente, pelos esforços dos mais audazes, com mais iniciativa e mais visão, acabando por tornar-se hegemónica a partir do fim do séc. XVIII, como já aqui se recordou, à medida que se foi apossando do poder político e controlando as suas expressões institucionais.
Foi também através dela, e do sistema capitalista por ela criado, que a Europa e os EUA/Canadá/Austrália/Nova Zelândia completaram e consolidaram a sua expansão mundial, servindo-se aliás da Revolução Industrial e da Revolução Científica.
Também devem atribuir-se-lhes, penso, os principais e talvez os melhores sucessos do nacionalismo nos últimos duzentos anos.
Como algumas das piores derrotas dele, também, para sermos objectivos inteiramente.
Na verdade, por toda a parte a burguesia vencedora e hegemónica soube apossar-se dos estados-nações pré-existentes (e não criações suas, em geral) para pô-los ao seu serviço e dos seus projectos e ambições de domínio mundial crescente.
Tropeçou algumas vezes e perdeu, mas logo a seguir as nações derrotadas puderam reconstruir-se na base das estruturas de estado que as respectivas burguesias nacionais impuseram, beneficiando muitas vezes da compreensão e apoio das burguesias dos estados-nações vencedores.
Lembrem-se as recomposições da Europa feitas a partir de 1918 e de 1945 ou 1991, só possíveis pelo entendimento profundo que se estabeleceu, ou pré-existia mesmo, entre as burguesias nacionais vencidas e as vencedoras.
Aliás, o caso do Japão é paradigmático também disso mesmo, como igualmente o da URSS, em grande parte.
De facto, o triunfo da burguesia ocidental, idosa de mil a mil e duzentos anos, alarga-se e impõe-se ainda mais desmesuradamente que nunca antes, com a vitória do Ocidente na Guerra Fria, em 1991.
Há alguma futurologia que possa e valha a pena fazer-se?
A.C.R.
*Poderíamos recuar até ao séc. IX, com o estabelecimento do Império Carolíngio, de bases fortemente capitalísticas, mas com origem agrária, pelo enorme desenvolvimento da agricultura nos domínios possuídos pela nobreza e pela Igreja.
Mas no séc. X* o equilíbrio entre os vários poderes políticos europeus emergentes foi-se instalando e o regresso da paz permitiu o recomeço das trocas e dos negócios em grande escala, por terra, por mar e pelos grandes rios europeus.
Renasceu daí a burguesia pouco a pouco, mas aceleradamente, pelos esforços dos mais audazes, com mais iniciativa e mais visão, acabando por tornar-se hegemónica a partir do fim do séc. XVIII, como já aqui se recordou, à medida que se foi apossando do poder político e controlando as suas expressões institucionais.
Foi também através dela, e do sistema capitalista por ela criado, que a Europa e os EUA/Canadá/Austrália/Nova Zelândia completaram e consolidaram a sua expansão mundial, servindo-se aliás da Revolução Industrial e da Revolução Científica.
Também devem atribuir-se-lhes, penso, os principais e talvez os melhores sucessos do nacionalismo nos últimos duzentos anos.
Como algumas das piores derrotas dele, também, para sermos objectivos inteiramente.
Na verdade, por toda a parte a burguesia vencedora e hegemónica soube apossar-se dos estados-nações pré-existentes (e não criações suas, em geral) para pô-los ao seu serviço e dos seus projectos e ambições de domínio mundial crescente.
Tropeçou algumas vezes e perdeu, mas logo a seguir as nações derrotadas puderam reconstruir-se na base das estruturas de estado que as respectivas burguesias nacionais impuseram, beneficiando muitas vezes da compreensão e apoio das burguesias dos estados-nações vencedores.
Lembrem-se as recomposições da Europa feitas a partir de 1918 e de 1945 ou 1991, só possíveis pelo entendimento profundo que se estabeleceu, ou pré-existia mesmo, entre as burguesias nacionais vencidas e as vencedoras.
Aliás, o caso do Japão é paradigmático também disso mesmo, como igualmente o da URSS, em grande parte.
De facto, o triunfo da burguesia ocidental, idosa de mil a mil e duzentos anos, alarga-se e impõe-se ainda mais desmesuradamente que nunca antes, com a vitória do Ocidente na Guerra Fria, em 1991.
Há alguma futurologia que possa e valha a pena fazer-se?
A.C.R.
*Poderíamos recuar até ao séc. IX, com o estabelecimento do Império Carolíngio, de bases fortemente capitalísticas, mas com origem agrária, pelo enorme desenvolvimento da agricultura nos domínios possuídos pela nobreza e pela Igreja.