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2006/05/16

Sobre o anti-burguesismo de alguns nacionalistas. (3)
Últimos apontamentos, ou quase. 

(poste anterior sobre o assunto)

Na evolução do Ocidente pós-Idade Média e nas origens do Renascimento europeu, encontram-se, entre outros, dois movimentos decisivos: um primeiro, de carácter político, que acaba por impor a monarquia absoluta dos séc. XIV a XVIII, como factor de unidade nacional e árbitro de conflitos de interesses sociais diversos/divergentes; e um segundo movimento, de carácter económico, iniciado nos séc. XI e XII, que culmina, por meados do séc. XV, na formulação do que alguns autores chamam o “capitalismo inicial” ou “primeiro capitalismo”, que não é uma ruptura com o passado mas o culminar de “um dinâmico e constante processo de crescimento medieval”, como sublinham os mesmos autores.

Registem-se algumas etapas dessa evolução.

A revolução comercial e urbana impulsionada pelas Cruzadas.

A extraordinária intensificação da circulação monetária, geradora de muitas situações de forte acumulação capitalista, prelúdio necessário dos grandes investimentos.

E o restabelecimento progressivo da segurança de bens e pessoas, graças ao poder crescente de formas eficazes e concentradas de autoridade real ou de grandes senhores, que completam o quadro das condições necessárias ao desenvolvimento económico, no interior dos estados e entre estados.

Enquanto se verifica substancial aumento da população europeia, sobretudo no séc. XIII, assiste-se, pois, graças à acumulação de capitais, provenientes principalmente de actividades mercantis, a uma extraordinária reactivação económica geral que se manifesta de mil maneiras: alargamento das áreas agrícolas de certos produtos, como cereais; difusão e organização de crescente especialização na agricultura; intensificação da pecuária; incremento da exploração de novas e antigas jazidas de minerais, por toda a Europa, com o fomento correspondente da indústria metalúrgica e o aparecimento dos primeiros altos fornos; aperfeiçoamento geral da indústria têxtil; verdadeiras revoluções sucessivas dos meios de transporte, acima de todos os marítimos; etc., etc.

Tudo isto redunda no crescimento de grandes cidades que são pólos vigorosos de novos e sucessivos impulsos à concentração de riqueza, de desenvolvimento e racionalização do espírito de lucro, de aparecimento gradual de realidades novas, como a formação e consolidação de tentaculares mercados financeiros de amplitude continental, que, com as Descobertas, rapidamente se tornam transcontinentais, a partir da Europa.

Compreende-se como tudo isto requer segurança de pessoas e bens, regulamentação adequada da vida financeira e comercial, estabilidade política e social, ordem nos costumes e na religião, tudo condições de que foram monarquias fortes e consolidadas a melhor garantia.

A.C.R.

(continua)

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