2006/05/30
Esta noite, um escândalo!
“Prós e Contras”, último da série antes de Setembro.
Programa muito conhecido da RTP 1.
Das 22h 35 de ontem à 01h 00 de hoje, com um intervalo apenas.
Participantes: Henrique Medina Carreira, antigo ministro socialista das Finanças, Manuel Ferreira de Oliveira, da Galpe, Belmiro de Azevedo e José da Silva Lopes, também antigo ministro socialista das Finanças.
Moderadora, assaz barulhenta e assustadora: Fátima Campos Ferreira.
Tema: “Por onde vai o País?”
Impõem-se naturalmente Belmiro de Azevedo e Medina Carreira, do princípio ao fim.
Belmiro de Azevedo porque, pressentindo o escorregadio do tema, teima em safar-se dos riscos evidentes, esclarecendo que não está ali para falar macroeconomicamente em nome de Portugal (isto é, nem para atacar nem para defender o governo), mas como empresário, e grande, grandíssimo, só isso. Esfalfa-se desde logo… sem cansaço, a demonstrar que todo o mal da terrível, angustiosa situação do País vem de o Governo nada, na verdade, estar a fazer para reduzir o défice sem panos quentes, cortando cerca de 10.000 milhões de euros na despesa pública (ordenados e prestações sociais), sem ao mesmo tempo aumentar os impostos, antes pelo contrário, porque já são demasiado altos e estão a estrangular as empresas.
Isto é, entenda-se, somos pobres e como pobres teremos de viver.
Silva Lopes tenta algumas vezes rebater, sem nenhuma convicção, e Belmiro de Azevedo continua a repetir o seu número, não disfarçando o apoio às posições de Medina Carreira.
Vai-se instalando uma atmosfera de beco sem saída.
Ninguém consegue ou se atreve a corrigir Medina Carreira que reafirma, sempre com a mesma segurança, os seus números assustadores e a sua certeza da incapacidade ou impossibilidade do Governo (dos Governos?) para atacar drasticamente e cortar a direito nas despesas.
A certa altura soltam-se palavras inauditas.
“Crise do regime político”!
Ninguém dá por ter ouvido ou todos fingem não ter ouvido.
Minutos volvidos, como se durante o intervalo entretanto acontecido alguém tivesse ousado explicações, ouvem-se por três ou quatro vezes, entre diálogos cruzados da conversa já caótica, as palavras “revolucionário” e “revolução”, distintamente, não dá para perceber com que sentidos e em que contexto.
Fecho a TV, não quero ver nem ouvir mais.
Mas espero tenha acabado tudo bem, “na melhor”.
Vou tentar esquecer o escaldão desta noite.
Estará a RTP, a t.v. do Governo, a ficar armadilhada?
Terei sonhado um pesadelo?
Desisto.
A.C.R.
Programa muito conhecido da RTP 1.
Das 22h 35 de ontem à 01h 00 de hoje, com um intervalo apenas.
Participantes: Henrique Medina Carreira, antigo ministro socialista das Finanças, Manuel Ferreira de Oliveira, da Galpe, Belmiro de Azevedo e José da Silva Lopes, também antigo ministro socialista das Finanças.
Moderadora, assaz barulhenta e assustadora: Fátima Campos Ferreira.
Tema: “Por onde vai o País?”
Impõem-se naturalmente Belmiro de Azevedo e Medina Carreira, do princípio ao fim.
Belmiro de Azevedo porque, pressentindo o escorregadio do tema, teima em safar-se dos riscos evidentes, esclarecendo que não está ali para falar macroeconomicamente em nome de Portugal (isto é, nem para atacar nem para defender o governo), mas como empresário, e grande, grandíssimo, só isso. Esfalfa-se desde logo… sem cansaço, a demonstrar que todo o mal da terrível, angustiosa situação do País vem de o Governo nada, na verdade, estar a fazer para reduzir o défice sem panos quentes, cortando cerca de 10.000 milhões de euros na despesa pública (ordenados e prestações sociais), sem ao mesmo tempo aumentar os impostos, antes pelo contrário, porque já são demasiado altos e estão a estrangular as empresas.
Isto é, entenda-se, somos pobres e como pobres teremos de viver.
Silva Lopes tenta algumas vezes rebater, sem nenhuma convicção, e Belmiro de Azevedo continua a repetir o seu número, não disfarçando o apoio às posições de Medina Carreira.
Vai-se instalando uma atmosfera de beco sem saída.
Ninguém consegue ou se atreve a corrigir Medina Carreira que reafirma, sempre com a mesma segurança, os seus números assustadores e a sua certeza da incapacidade ou impossibilidade do Governo (dos Governos?) para atacar drasticamente e cortar a direito nas despesas.
A certa altura soltam-se palavras inauditas.
“Crise do regime político”!
Ninguém dá por ter ouvido ou todos fingem não ter ouvido.
Minutos volvidos, como se durante o intervalo entretanto acontecido alguém tivesse ousado explicações, ouvem-se por três ou quatro vezes, entre diálogos cruzados da conversa já caótica, as palavras “revolucionário” e “revolução”, distintamente, não dá para perceber com que sentidos e em que contexto.
Fecho a TV, não quero ver nem ouvir mais.
Mas espero tenha acabado tudo bem, “na melhor”.
Vou tentar esquecer o escaldão desta noite.
Estará a RTP, a t.v. do Governo, a ficar armadilhada?
Terei sonhado um pesadelo?
Desisto.
A.C.R.
Etiquetas: Impostos