2005/06/16
O Verão Quente de há trinta anos, esse sim, é a nossa comemoração! (III)
Por um salazarismo democrático. (V)
(continuação de “O Verão Quente de há trinta anos, esse sim, é a nossa comemoração! ” e de “Um salazarismo democrático (IV) - Do PREC, em Portugal, ao Solidariedade, na Polónia”)
Os funerais destes dias parece terem trazido a muitos militantes de esquerda novas, fortes razões de tornarem a acreditar.
Sintomático.
As manifestações comunistas de 1974/75 impuseram-me uma regra, fruto de repetidas observações: cada vez que os seus organizadores anunciavam a participação em qualquer delas de x manifestantes, para se ter uma ideia aproximada da verdade era preciso dividir esse número por 9 ou 10.
Não pude verificar agora se o descaramento voltou.
Se não voltou, é que as convicções e expectativas continuam muito arrefecidas.
Talvez porque o défice agora não ajuda …
Que quero dizer?
Que também vai ser muito difícil, se não impossível, obrigá-los a reconhecerem a sua suprema derrota, isto é, que o famoso défice – esse “monstro”! – é principalmente ainda obra do PREC e das suas heranças, ou seja, de tudo, enfim, que foi a cegueira gonçalvista ou cunhalista e dos seus apaniguados e cúmplices, que agora tiveram ocasião de voltar a juntar-se, para reviverem um passado mítico, que lhes teima em não querer voltar.
O Regime vem, não há dúvida, desde há trinta anos mostrando a sua incapacidade para resolver a chaga do défice.
E sem isso não há país viável, capaz de funcionar independentemente.
A independência que todos os dias vamos perdendo, não foi e é tanto por causa da UE, mas fundamentalmente porque, em razão do défice, anterior à UE, passamos o tempo a pedinchar e a solicitar obséquios mais ou menos humilhantes, de espinha dobrada, para não dizer quebrada.
Também aí o exemplo do salazarismo é incontornável, como modelo que deveríamos ser capazes de converter em ideal democrático.
O défice é praticamente crónico dos últimos duzentos anos da vida política nacional, pelas mais variadas razões.
Com uma só interrupção estrutural, a dos quarenta anos de superavides do Estado Novo, com guerras e tudo e com empréstimos, sim senhor, mas empréstimos para possibilitar investimentos, garantido o pagamento das respectivas prestações.
Julgue-se da possibilidade de duração tão longa do Estado Novo, se não fosse o rigor financeiro da sua gestão e a boa administração dos resultados dessa gestão …
Isso foi seguramente bem mais importante para a duração e sucesso do Regime que a PIDE, a censura e o controlo dos resultados eleitorais.
Quero dizer que, se um regime político olhar sem falhas pelas suas finanças, isso é ponto de partida bastante para todos os restantes êxitos, caso não tenha de temer ameaças desproporcionadas à sua segurança interna e externa.
É por isso que a nossa relação com a União Europeia é tão importante, mas, por isso mesmo, impondo-se que a pratiquemos exigentemente, com perfeita autonomia e sem subserviências, o que o sistemático défice das contas públicas não permite.
A.C.R.
("Por um salazarismo democrático. (VI)")
Os funerais destes dias parece terem trazido a muitos militantes de esquerda novas, fortes razões de tornarem a acreditar.
Sintomático.
As manifestações comunistas de 1974/75 impuseram-me uma regra, fruto de repetidas observações: cada vez que os seus organizadores anunciavam a participação em qualquer delas de x manifestantes, para se ter uma ideia aproximada da verdade era preciso dividir esse número por 9 ou 10.
Não pude verificar agora se o descaramento voltou.
Se não voltou, é que as convicções e expectativas continuam muito arrefecidas.
Talvez porque o défice agora não ajuda …
Que quero dizer?
Que também vai ser muito difícil, se não impossível, obrigá-los a reconhecerem a sua suprema derrota, isto é, que o famoso défice – esse “monstro”! – é principalmente ainda obra do PREC e das suas heranças, ou seja, de tudo, enfim, que foi a cegueira gonçalvista ou cunhalista e dos seus apaniguados e cúmplices, que agora tiveram ocasião de voltar a juntar-se, para reviverem um passado mítico, que lhes teima em não querer voltar.
O Regime vem, não há dúvida, desde há trinta anos mostrando a sua incapacidade para resolver a chaga do défice.
E sem isso não há país viável, capaz de funcionar independentemente.
A independência que todos os dias vamos perdendo, não foi e é tanto por causa da UE, mas fundamentalmente porque, em razão do défice, anterior à UE, passamos o tempo a pedinchar e a solicitar obséquios mais ou menos humilhantes, de espinha dobrada, para não dizer quebrada.
Também aí o exemplo do salazarismo é incontornável, como modelo que deveríamos ser capazes de converter em ideal democrático.
O défice é praticamente crónico dos últimos duzentos anos da vida política nacional, pelas mais variadas razões.
Com uma só interrupção estrutural, a dos quarenta anos de superavides do Estado Novo, com guerras e tudo e com empréstimos, sim senhor, mas empréstimos para possibilitar investimentos, garantido o pagamento das respectivas prestações.
Julgue-se da possibilidade de duração tão longa do Estado Novo, se não fosse o rigor financeiro da sua gestão e a boa administração dos resultados dessa gestão …
Isso foi seguramente bem mais importante para a duração e sucesso do Regime que a PIDE, a censura e o controlo dos resultados eleitorais.
Quero dizer que, se um regime político olhar sem falhas pelas suas finanças, isso é ponto de partida bastante para todos os restantes êxitos, caso não tenha de temer ameaças desproporcionadas à sua segurança interna e externa.
É por isso que a nossa relação com a União Europeia é tão importante, mas, por isso mesmo, impondo-se que a pratiquemos exigentemente, com perfeita autonomia e sem subserviências, o que o sistemático défice das contas públicas não permite.
A.C.R.
("Por um salazarismo democrático. (VI)")
Etiquetas: PREC, Salazar, Um salazarismo democrático