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2005/06/15

O Verão Quente de há trinta anos, esse sim, é a nossa comemoração! 

(continuação de “As Direitas e o PREC. Que Verão Quente foi aquele!”)

2ª - O ano passado, o governo achou que o 25 de Abril tinha duas vertentes, a vertente da revolução e a da evolução, triunfante sobre a primeira, achando o governo que esta vertente da evolução era a que se justificava comemorar e lhe competia comemorar.

Também assim entendo, tanto mais que os fartos comemorativismos da Imprensa deste ano insistem sobretudo em recordar factos e situações de 2ªa ordem, esquecendo o essencial: a vigorosíssima reacção do Povo português nas ruas, que fez recuar definitivamente o monstro da revolução e seus energúmenos.

Ao arrepio dos revolucionários marxistas, mas também de muitos outros que, não compreendendo, senão tardiamente, os sentimentos nacionais profundos, ainda dois anos depois da revolução “vencedora” e vencida, iam respeitosamente subscrever, na Assembleia Constituinte, uma Constituição de essência marxista. A tal ponto que levou ela depois quase dez anos a limpar-se de todas as máculas lá deixadas por deputados constituintes pouco vertebrados e convictos de que os “ventos da História” ainda sopravam para aquele lado.

É difícil imaginar maior cegueira política.

Mas há ainda gente toldada por essa cegueira.

Com a morte, por exemplo, de Vasco Gonçalves, vimos alguma “boa gente” estes dias promover loas de estarrecer ao general, esquecendo tudo o que teve de se lutar para desviá-lo dos seus propósitos e travá-lo definitivamente na concretização duma política que deve ter atrasado, pelo menos mais vinte anos, a nossa aproximação ao nível europeu de desenvolvimento sócio-económico e cultural.

A esses respeito, diga-se que o Primeiro-Ministro mostrou grande sanidade moral, histórica e política resistindo, ao que parece, às tentativas de uns poucos para que mandasse proclamar luto nacional pela morte do general comunista.

O nosso povo era intuitivamente esclarecido e certeiro nas suas opções, mas a classe política dirigente era em grande parte completamente desactualizada e de confrangedora frouxidão e ignorância.

Se fosse necessário, para não ter que decidir-se, tomar posições (de risco ou não) e enfrentar os tabus criados e alimentados pelos marxistas, essa classe política, ou grande parte dela, não hesitaria em “entregar o ouro todo ao ladrão”.

Foi contra ela e não apenas contra os marxistas e marxistóides que o Povo português e a parte sã das Forças Armadas alcançaram a grande vitória nacional sobre o PREC de há trinta anos.

É por isso que as comemorações dos anos 1974-75 andam e continuarão a andar talvez indefinidamente falseadas.

Deduz-se do que tenho dito, a razão disso.

É que esses tementes ao PREC não quererão nunca reconhecer que também foram derrotados com ele e com todos os “vascos gonçalves” da História. Ou seja, portanto, não têm de facto nenhuma vitória para festejar, mas gastam-se a fazer crer que sim.

A.C.R.

(continua)

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