2005/06/09
Apito Constitucional
Os construtores europeus estão divididos quanto a saber se hão-de prosseguir o processo de ratificação ou parar por aqui.A divisão é compreensível. Uns, na reincidência de um tique muito arraigado lá para as bandas de Bruxelas e Estrasburgo, pretendem fugir para a frente como se nada se tivesse passado nos dias 29 de Maio e 1 de Junho, e marcar sucessivos referendos até que o resultado dê certo. Outros, percebendo tão descarado truque, têm um pouco mais de honestidade e preferem arrefecer o capacete por uns tempos para ver o que isto dá.
Repare-se na expressão: prosseguir a ratificação. Se há alguma coisa que não se pode prosseguir é a ratificação, que foi chumbada em sufrágio por dois países, quando é necessária a aprovação por unanimidade. Que querem eles dizer com a expressão? Que vão passar por cima do resultado francês e holandês?
Estas expressões enganosas e torpes não devem espantar vindo de onde vêm.
Eles é que dizem se vai ou não haver referendo e quando.
Afinal de contas eles são jogadores e árbitros ao mesmo tempo.
A construção europeia está viciada desde o princípio.
Manuel Brás
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