2005/05/30
Um salazarismo democrático (II)
(continuação)
Cavaco Silva andou a semana passada na berra.
Mostrou receio pelo aumento do desemprego e as consequências daí derivadas, com risco possivelmente grave para a estabilidade social do País.
Afirmou também o seu desacordo com o anunciado aumento de impostos, especificando, quanto ao IVA, que sendo a sua taxa máxima em Espanha de 16%, a subida da correspondente taxa portuguesa para 21% vai com certeza prejudicar a competitividade das empresas nacionais. Nas suas exportações para o nosso grande vizinho peninsular, mas também nas suas exportações para outros Países onde enfrentemos a concorrência das empresas espanholas.
Na mesma sessão em Braga, Cavaco Silva foi ainda mais claro e abrangente na defesa da competitividade das empresas nacionais, seguramente prejudicadas pelo aumento dos impostos, considerando que ela, a competitividade, deve ser a total prioridade do Governo, que acima de tudo a tem de ajudar na conquista ou reconquista de mercados externos e na promoção da imagem do País.
Não nos diz Cavaco Silva como isto há-de ser feito. Mas, ao insistir no desemprego como fonte de possível instabilidade social, parece querer ignorá-lo como factor, que aqui recordei, de reorientação do emprego e, por isso, directa ou indirectamente, de competitividade das empresas e do desenvolvimento sustentado do País.
Lembrou, aliás, o seu antigo ministro das Finanças, Miguel Cadilhe, na mesma semana, que o crescimento dos custos com o funcionalismo público, iniciado a partir de 1990 (até chegar aos 14,9% do PIB actuais) foi da responsabilidade de Cavaco Silva, que não terá querido condicionar os aumentos desses custos aos ganhos de eficiência do pessoal abrangido.
Os burocratas e os sindicatos – assegura Cadille – atingiram os seus fins em matéria de tabelas, promoções e progressões nas carreiras, mas chegou-se à monstruosa máquina burocrática que temos. Ela é a principal responsável pelo défice público e, daí, pela baixa produtividade nacional, como pode concluir-se da história contada por Miguel Cadille.
(V. Público de 29 do corrente, pg. 16)
Não seguiu o cavaquismo o exemplo de salazarismo que sempre soube, ao longo de quarenta anos, conter a despesa pública nos limites do mais perfeito rigor e da melhor prudência e eficácia desenvolvimentista.
A.C.R.
Cavaco Silva andou a semana passada na berra.
Mostrou receio pelo aumento do desemprego e as consequências daí derivadas, com risco possivelmente grave para a estabilidade social do País.
Afirmou também o seu desacordo com o anunciado aumento de impostos, especificando, quanto ao IVA, que sendo a sua taxa máxima em Espanha de 16%, a subida da correspondente taxa portuguesa para 21% vai com certeza prejudicar a competitividade das empresas nacionais. Nas suas exportações para o nosso grande vizinho peninsular, mas também nas suas exportações para outros Países onde enfrentemos a concorrência das empresas espanholas.
Na mesma sessão em Braga, Cavaco Silva foi ainda mais claro e abrangente na defesa da competitividade das empresas nacionais, seguramente prejudicadas pelo aumento dos impostos, considerando que ela, a competitividade, deve ser a total prioridade do Governo, que acima de tudo a tem de ajudar na conquista ou reconquista de mercados externos e na promoção da imagem do País.
Não nos diz Cavaco Silva como isto há-de ser feito. Mas, ao insistir no desemprego como fonte de possível instabilidade social, parece querer ignorá-lo como factor, que aqui recordei, de reorientação do emprego e, por isso, directa ou indirectamente, de competitividade das empresas e do desenvolvimento sustentado do País.
Lembrou, aliás, o seu antigo ministro das Finanças, Miguel Cadilhe, na mesma semana, que o crescimento dos custos com o funcionalismo público, iniciado a partir de 1990 (até chegar aos 14,9% do PIB actuais) foi da responsabilidade de Cavaco Silva, que não terá querido condicionar os aumentos desses custos aos ganhos de eficiência do pessoal abrangido.
Os burocratas e os sindicatos – assegura Cadille – atingiram os seus fins em matéria de tabelas, promoções e progressões nas carreiras, mas chegou-se à monstruosa máquina burocrática que temos. Ela é a principal responsável pelo défice público e, daí, pela baixa produtividade nacional, como pode concluir-se da história contada por Miguel Cadille.
(V. Público de 29 do corrente, pg. 16)
Não seguiu o cavaquismo o exemplo de salazarismo que sempre soube, ao longo de quarenta anos, conter a despesa pública nos limites do mais perfeito rigor e da melhor prudência e eficácia desenvolvimentista.
A.C.R.
Etiquetas: Salazar, Um salazarismo democrático