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2005/05/25

Um salazarismo democrático 

Não há incompatibilidade, a não ser que queiramos servir-nos dos habituais bloqueios ou fixações mentais, para não andar nem desandar.

Registemos uns tantos dados que ultimamente têm sido abundantemente repetidos para definir a “desgraçada” situação a que os políticos trouxeram Portugal, visto este, é claro, exclusivamente do lado do défice.

Para simplificar ou porque, estando o défice supremamente em foco, tudo parece mais fácil de compreender.

População activa desempregada: 7,5%, a maior taxa desde há oito anos.

Em termos de lógica económica dos sistemas políticos contemporâneos, o desemprego pode encarar-se como, sobretudo, um instrumento de saneamento da economia empresarial, ou seja, um mal necessário.

A Espanha deu-nos essa lição ao longo dos últimos mais de vinte anos.

Nunca vi os Espanhóis responsáveis queixar-se do desemprego, que chegou a passar dos 20%.

Tinham compreendido ou pelo menos interiorizado que isso era consequência inseparável da reformulação de todo o seu sistema empresarial em que andavam empenhados.

Até os socialistas compreenderam isto. Nós aqui ou nos queixávamos do desemprego, mesmo baixo, que tínhamos, ou ríamo-nos e esfregávamos as mãos irresponsavelmente da alta taxa do desemprego espanhol. Sem capacidade para compreender que o subsídio de desemprego não é uma esmola para ir deixando os desempregados sobreviver, mas um instrumento activo de política económica.

Suporta-se, promove-se mesmo o desemprego, para que empresas falidas ou não competitivas fechem ou se reorganizem. Isso tem custos económicos e custos sociais, mas, se encararmos os primeiros pelo que são, podem-se minimizar radicalmente os segundos.

Foi o que os Espanhóis fizeram e nós, aqui ao lado, governantes e governados, não nos entrou a lição pelos olhos adentro.

E não foi o único exemplo que tivemos, porque outros países europeus o deram também. A Áustria e a Irlanda, de facto, abundaram no mesmo sentido.

Em vez de lamuriar, como os nossos empresários e os nossos governantes e muitos economistas, mas sobretudo sindicatos, não considerámos o desemprego por aquilo que ele deve ser quando utilmente considerado: o tal instrumento activo de política económica e de política de mão-de-obra.

Todos, em vez disso, empenhadíssimos em “salvar” o emprego a todo o custo, em centenas de empresas previsivelmente condenadas …

Lembram-se de termos falado aqui do Fundo de Desenvolvimento de Mão-de-Obra, exactamente como fundamental instrumento daquele tipo, criado em 1961/62 e, digo-o agora, quase transformado depois de 1974, com uma filosofia sobretudo de órgão esmoler do Estado, em suprema Misericórdia pública?

É fundamental saber História.

A.C.R.

(continua)

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