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2005/05/16

Os nossos liberais 

Ser liberal constituirá uma das coisas mais complicadas de definir na actualidade.

Qual é a essência do liberal?

A liberdade individual como valor supremo, ao qual nada se deverá sobrepor. Até nos dirão que esse valor supremo é a liberdade de cada um, que esta acaba onde a dos outros começa e é respeitada por todos. Mas, poderá a liberdade, sem mais, ser um valor supremo? É que sendo a liberdade um poder de escolha, elevá-la a valor supremo equivale a escolher o poder de escolha. O que não deixa de conduzir à indecisão, à perplexidade, ao relativismo mental e à contradição. Escolher o quê e porquê não interessa, nem é objecto de qualquer valor supremo.

Essa essência pode ter uma formulação mais economicista. Será, então, assumir o mercado como meio para esse valor supremo que é o lucro. Se o mercado funcionar, correrá tudo bem e alcançaremos um mundo perfeito, o tal mundo melhor, e uma sociedade mais justa.

Como se vê, o liberalismo, tal como o socialismo, tem as suas utopias. O que significa dizer que há, ou pode haver, liberais utópicos.

É claro que poderemos incluir a formulação mais economicista dentro da outra anterior, mais lata, considerando o comércio livre e o mercado como uma consequência da liberdade individual de comprar e vender. Mas, o que é o mercado? Qual é o seu rosto? Será o mercado politicamente neutro? Como se relaciona o poder político com o económico e financeiro? Qual deles tem primazia?

Faceta comum a todo o liberalismo (por mais que lhe chamem neoliberalismo) será a pretensão da primazia do económico e financeiro sobre o político.

Os nossos liberais estão espalhados por todos os cantos políticos: do CDS ao BE. Diziam os jornais sobre o Congresso do CDS que António Pires de Lima se assumiu aí como liberal. A ala liberal da União Nacional foi direitinha para o PSD. E Freitas do Amaral é liberal? Claro que sim. E Sócrates? Obviamente. E Vital Moreira? Sem dúvida, a blogosfera já o consagrou. E Louçã? Claro que sim, então ele não quer a liberalização do aborto, das drogas e do homossexualismo? E Trotsky? Claramente.

Há até quem diga que se em “A Riqueza das Nações” de Adam Smith substituirmos “mercado” por “Estado” e “lucro” por “sociedade sem classes” ficamos com “Das Kapital” nas mãos. Será verdade?

Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt

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