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2005/03/17

Somos mesmo bons! 





Creio que certas circunstâncias vão aumentando, aceleradamente até, as probabilidades de haver cada vez mais Portugueses a ser reconhecidos no estrangeiro como valores de excepção nas respectivas áreas de actividades.

Em 2004, três acontecimentos, que todos com certeza recordam, podem ter particularmente lançado este movimento.

Foi a projecção europeia e mesmo mundial do “Euro 2004”.

Foi a escolha de Durão Barroso para presidente da Comissão Europeia, com episódios de luta política acesa que a tornaram incerta e mediática até ao fim.

E foi – talvez principalmente, sabe-se lá! – a ida de José Mourinho para treinador do Chelsea, levando consigo alguns dos melhores jogadores portugueses de futebol.

Entretanto, foram as negociações com outro empresário russo para a reformulação do futebol do Dínamo de Moscovo, à base da contratação duma fornada de vários bons jogadores também portugueses.

Mas nem tudo é Durão Barroso e futebol.

Já aqui há dois ou três meses deram os jornais a notícia de que um jovem português ido de Portugal uns dois anos antes, para os EUA, concorreu e ganhou brilhantemente o lugar de cozinheiro-chefe dum dos mais importantes, se não o mais importante hotel de Nova Iorque. E ganhou brilhantemente e surpreendentemente!

Agora, a semana passada, chegou a notícia de novo caso que é outro máximo também. Aliás ainda no domínio da culinária.

Foi num concurso internacional em França, a décima edição do Bocuse d´Or, em Lyon, que Sérgio Vieira, de 27 anos, filho de emigrantes portugueses, residente em Clermont-Ferrand, ganhou em Janeiro, nada mais nada menos, diz a Imprensa, que o título de melhor cozinheiro do mundo, entre 24 cozinheiros que são a nata dos cozinheiros do mundo inteiro.

Querem mais?

Deixei para o fim um caso importante entre todos, o do Prof. Doutor José Gil, filósofo da Universidade de Lisboa. Um extraordinário pensador/ficcionista de ideias* - como aliás grande parte dos filósofos, se calhar os mais interessantes, tais quais Nietzsche e Platão, por exemplo. Uma importante revista francesa de cultura classificou há dois ou três meses José Gil entre os vinte e cinco mais importantes pensadores da actualidade.

Não há que duvidar, não estamos cercados – lá fora e cá dentro - só de medrosos e invejosos.

Em Política, Filosofia, Futebol, Atletismo (ver Naide Gomes, a Portuguesa de São Tomé) e Culinária…

Somos mesmo bons!

Quantas vezes os melhores!

A.C.R.


P.S. Não pensam assim alguns nacional-racistas, para os quais o ideal é ficarem entre si reduzidos a um militante ariano puro, que esse então será com certeza o melhor do mundo, mesmo que represente muitíssimo menos que os 0,16% actuais dos votantes…

*Pensador/ficcionista de ideias, isto é, aquele que consegue articular ideias em sistemas filosóficos, com a coerência e a verosimilhança com que os melhores romancistas articulam os seus factos e acontecimentos imaginários (Ver “Portugal Hoje. O Medo de Existir”, José Gil – Jan. 2005 –
Relógio d´Água, editores).

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