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2005/03/07

Temos governo 

Temos governo para durar?

Como desde Cavaco se tem verificado, isso depende mais da resistência dos primeiros-ministros que dos ministros, e aqueles têm sido sujeitos a provações muito duras.

Um ministro substitui-se sem prejuízo da continuidade do governo; sem primeiro-ministro, o governo cai.

Foi o que sucedeu com as desistências de Cavaco, de certo modo; de Guterres; e de Durão Barroso.

Pedro Santana Lopes aguentou até ao fim, com grande coragem e decisão para fazer frente às oposições e, sobretudo, à oposição dos correligionários.

Quero dizer, pois, que a “sorte” de José Sócrates depende só dele, da sua capacidade de resistir e, vamos lá, das provas de bem governar que der, como da sua habilidade para evitar as armadilhas que a oposição e os correligionários vão atravessar-lhe no caminho.

E os próprios ministros…

A começar talvez pelo mais polémico e estranhado de todos, Freitas do Amaral.

Nomeação tão estranha que ocorre perguntar: “quem pretende enganar quem?”

Freitas não, que esse não engana ninguém.

A própria direita já há muito que por ele se não deixa enganar.

Será que a esquerda quer fazer dele candidato da esquerda para substituir Sampaio?

Não deixava de ter piada…

Mas o cálculo – se cálculo há… - poderia sair furado aos socialistas, porque são grandes os sintomas de forte rejeição do “fundador” do CDS à esquerda, à direita e ao centro.

Ou talvez Sócrates confie mais em Freitas do Amaral para lhe sustentar uma política anti-americana e anti-atlantista do que em qualquer dos seus correligionários socialistas.

Mas qual o interesse duma política estrangeira dessas? Já nem os Franceses de Chirac sustentam uma tal política, quando Busch vem somando os sucessivos êxitos que se sabe, na sua estratégia de fazer mudar o mapa político do Médio Oriente.

Desde Reagan, na década de oitenta, que não há um tão completo exemplo de prossecução firme duma estratégia de grande alcance, tão bem sucedida.

Foi a invasão do Iraque e a derrota de Saddam seguidas da mão de ferro na contenção da resistência à ocupação e dos grandes passos para a quase normalização da vida política dos Iraquianos, no sentido ocidental.

Foram os grandes passos para pacificação das relações entre Palestinianos e Israelitas, com reconhecimento mútuo dos dois estados e funcionamento regular das instituições do Estado Palestiniano.

São os fortes avanços na normalização política do Estado afegão.

E é agora o levantamento popular em Beirute, à maneira do de Kiev, na Ucrânia, que obriga os Sírios de Assad, fortemente anti-americanos, a garantir que vão rapidamente retirar do Líbano todas as tropas sírias de ocupação ali estacionadas desde há uma dúzia de anos, porque Bush lhes mandou uma intimação nesse sentido, logo seguido pelos Franceses e por Russos e Alemães e pela Arábia Saudita.

E isto sem falar de outras peças do puzzle político da Turquia ao Egipto e à Arábia Saudita, que também se vão ajeitando ao grande desígnio dos Republicanos de Bush, aquele que melhor serve no Médio oriente os interesses ocidentais.

É nesta altura que Portugal passa a ter um ministro dos Negócios Estrangeiros com um passado recente de declarações estupidamente anti-Bush e anti-política americana naquela área. Como os nossos estrategas fn´s…

O que é que se passará naquelas iluminadas cabeças!

Mas eles é que sabem.

Saberão?

A.C.R.

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