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2005/03/02

Futebol e Política, mas não só 



(continuação)

Não só?...

Quero dizer que nem só o futebol demonstrou nos anos sessenta do séc. XX a capacidade do regime para mobilizar e entusiasmar a Nação numa altura em que ela precisava de reforçado ânimo para enfrentar as guerras de África.

Estou a pensar, por exemplo, no que foi o esforço em matéria de obras públicas, com a construção da Ponte sobre o Tejo (ponte Salazar, hoje 25 de Abril) inaugurada em 1965, a qual, com os acessos, custou mais de 3 milhões de contos da altura, para cima de 300 milhões de contos actualmente.

Esse enorme impulso dado às obras públicas, quando já estávamos com as despesas da guerra em grande, deu ao País novas razões para confiar que estaríamos à altura dos sacrifícios que a guerra impunha, sem prejuízo de se prosseguir o desenvolvimento económico.

O mesmo efeito também teve, aliás, o surto de fomento turístico, iniciado a partir de 1960, segundo um plano estatal rigoroso de estímulo e apoio à criação de infra-estruturas para acolhimento dos turistas, sobretudo estrangeiros, que rapidamente ultrapassaram os quatro milhões anuais.

Tudo o que foi nestes 35 anos a consolidação do nosso desenvolvimento turístico assentou na formidável sementeira dos anos sessenta.

Como, já agora, aquilo que é hoje a gigantesca obra acumulada destes quarenta e quatro anos, a partir de 1961, em matéria de formação profissional visando directamente a adaptação da mão-de-obra às necessidades do emprego e do mercado de trabalho.

Participei nisso directamente, com importantes responsabilidades, pelo que sei, como poucos, daquilo de que falo.

Através das iniciativas promovidas pelo Fundo de Desenvolvimento de Mão-de-Obra (hoje Instituto do Emprego e da Formação Profissional – IEFP), departamento do então Ministério das Corporações, realizou-se uma obra a que muitas centenas de milhares de trabalhadores, desempregados e candidatos ao emprego, devem a sua formação, aprendizagem, actualização, aperfeiçoamento e reciclagem profissionais.

Sem essa obra enorme, não se pode avaliar como teriam sido ainda mais desastrosas as consequências da demagógica e mesmo criminosa supressão em 1974/75 das Escolas Técnicas Profissionais.

Sem o ensino profissional extra-escolar criado em 1961, através do Fundo de Desenvolvimento de Mão-de-Obra, o País teria ficado, durante quase década e meia, praticamente sem ensino profissional.

Inconcebível!

Não somos poucos, só por tudo o que fica dito, os que consideramos a década de sessenta como verdadeira década de ouro e diamante da longa vida de Portugal.

Tê-la vivido a fundo é incomparável motivo de orgulho para os que tivemos a sorte de participar da sua espectacular dinâmica e criatividade.

Os cada vez mais numerosos que tudo põem em causa, e sobretudo o valor e capacidade dos Portugueses e da sociedade portuguesa, poderão, reflectindo e informando-se sobre os anos sessenta, colher aí poderosos motivos para mitigarem o seu pessimismo e o seu desespero e renovarem ou adquirirem o orgulho de serem Portugueses.

A.C.R.

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