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2005/02/28

Futebol e Política 

Confesso que o futebol me acaba sempre por atrair mais como fenómeno de incidências políticas e sociais que como desporto. Já muito antes dos sucessos internacionais do F.C. Porto em 2004, do próprio Euro 2004 e da aventura do Mourinho no campeonato inglês.

Talvez esse interesse político pelo futebol me venha do ânimo que as vitórias do Benfica na Europa, pelo meio dos anos sessenta, davam então ao País, tão necessitado de acreditar em si, para enfrentar as guerras de Africa.

O governo percebeu isso perfeitamente desde logo, e antecipou-se mesmo, impulsionando o desenvolvimento do futebol português como lhe competia, nomeadamente com o apoio ao lançamento duma excelente rede de novos estádios em substituição dos pequenos e decrépitos que existiam até aí.

Outros frutos estão ainda hoje a colher-se dessa compreensão pelo Estado Novo do impulso a dar ao desporto futebol, como fenómeno social de primeira grandeza que era e que crescentemente voltou a ser, depois das hesitações, desorganização e indisciplina derivadas do PREC, que também o atingiram, embora sem profundidade e por pouco tempo.

A solidez do País não era só financeira e por isso resistiu a quase todas as agressões do esquerdismo às realidades constituintes profundas de Portugal e dos Portugueses.

(Espera-se mesmo que nos permita resistir também às novas investidas do esquerdismo que aí vêm.)

Hoje o futebol, como fenómeno político-social e desportivo, atingiu mesmo um desenvolvimento impensável há poucos anos ainda, alargando-se a aspectos completamente inéditos, como são o caso Mourinho e o volume de jogadores portugueses colocados em clubes europeus, por intermédio de agentes também portugueses que dominam esse mercado.

Poderia dizer-se que esta valorização da “mão-de-obra”* e quadros técnicos do nosso futebol revelaram este como grande força internacionalmente prestigiante do homem português e da nossa capacidade organizativa e como poderosa actividade de natureza económica, muito elaborada já a nível empresarial e mesmo do mercado de capitais – o que não é vulgar na nossa economia e demais áreas nossas de iniciativa, em geral.

Devemos fazer votos por que a inteligência e bom senso demonstrados até agora pelos agentes deste sucesso, sem esquecer alguns grandes dirigentes dos clubes desportivos, nunca venham a ceder o passo à desorganização, ao improviso, à esperteza saloia e à falcatrua, para que demasiadas vezes sentimos uma atracção mortífera.

Sem isso, teríamos apenas mais um êxito efémero, sem a continuidade que a exploração do sucesso exige, como se impõe e parece ao alcance dos Portugueses envolvidos.

A.C.R.

*Melhor se diria “pé-de-obra”?


(continua)

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