2005/01/13
CONTRA INFORMAÇÃO
Não há maneira de se entenderem …
Cada vez menos.
Ontem a reunião do comité central nacional-racialista ia sendo dramática.
O Chefaço teve de enfrentar desde logo o descontentamento generalizado, um verdadeiro levantamento, porque, dizia-se, os interesses da fn não tinham sido defendidos na constituição das listas.
Que aqueles “vis” representantes ali do povinho nacional-racista pusessem em questão o seu pessoal afinco em garantir a predominância da fn nas listas para a AR, deixou o Chefaço imediatamente em brasa.
Teve de recorrer ao argumento extremo que só mesmo em último caso gostava de usar, o dos números (além do mais, entendia-se mal com números).
Assegurou ele que mais de 70% dos candidatos das listas pnr/fnr são fiéis militantes da fnr, devidamente inscritos. E tinha o rol deles à mão, que a seu pedido um adjunto leu bem alto… Mais de 180 em 300 e pouco candidatos!
Um outro adjunto, dos menos desdotados para a Aritmética, tinha-lhe feito as contas e as percentagens.
Ficou a malta embasbacada.
O Chefaço não resistiu a comentar com o seu sorriso mais cínico.
“Sem nós … não haveria listas da extrema-direita senão em sete ou oito círculos!”
Um desmancha-prazeres contra-atacou.
“Mas “eles” dizem que estamos todos, os da fn, como suplentes e na metade inferior das listas.”
“Não é verdade! – berrou o Chefaço a perder as estribeiras – “Eles” bem queriam levar-nos à certa. Mas cá os mecos tínhamos os olhos bem abertos! Foi só pegar nos papeis à força – não foi sequer preciso muita - e levá-los até ao “café” lá adiante, para refazer tudo de alto a baixo. Chiça! Foi cá um destes apertos! Eu tinha exigido ao presidente do Partido para esperar que voltássemos. Com efeito! Hein! Esperava-nos em sentido! Grande homem! Enquanto nos vier comer à mão, tem o lugar garantido! Ele sabe-o …”
Uma interminável salva de palmas para o Chefaço aclamou o seu eloquente esclarecimento.
Deu-lhe a ele, porém, um súbito assomo da mais profunda humildade.
Com um gesto decidido fez silenciar o entusiasmo dos “vis” representantes do povinho fn.
Para dizer simplesmente.
“Mas foi um esforço do caneco, camaradas. Uma mobilização como nunca se fez, nem a dos duzentos skin-heads aqui há tempos ali para Sintra-Cascais. Tínhamos preenchido as listas só com a nossa gente, se quiséssemos, sim, se quiséssemos…”
“Fica para a próxima” – acrescentou, descendo o tom da voz para que poucos ouvissem e fossem espalhar lá fora o segredo.
Mas o pior estava para vir.
Foi quando o teimoso arrancou com outra tecla para insistir.
“Mas, já agora, que história é aquela dos seguranças?” – berrou por sua vez.
Logo conto.
ACR
(continua)
O Chefaço teve de enfrentar desde logo o descontentamento generalizado, um verdadeiro levantamento, porque, dizia-se, os interesses da fn não tinham sido defendidos na constituição das listas.
Que aqueles “vis” representantes ali do povinho nacional-racista pusessem em questão o seu pessoal afinco em garantir a predominância da fn nas listas para a AR, deixou o Chefaço imediatamente em brasa.
Teve de recorrer ao argumento extremo que só mesmo em último caso gostava de usar, o dos números (além do mais, entendia-se mal com números).
Assegurou ele que mais de 70% dos candidatos das listas pnr/fnr são fiéis militantes da fnr, devidamente inscritos. E tinha o rol deles à mão, que a seu pedido um adjunto leu bem alto… Mais de 180 em 300 e pouco candidatos!
Um outro adjunto, dos menos desdotados para a Aritmética, tinha-lhe feito as contas e as percentagens.
Ficou a malta embasbacada.
O Chefaço não resistiu a comentar com o seu sorriso mais cínico.
“Sem nós … não haveria listas da extrema-direita senão em sete ou oito círculos!”
Um desmancha-prazeres contra-atacou.
“Mas “eles” dizem que estamos todos, os da fn, como suplentes e na metade inferior das listas.”
“Não é verdade! – berrou o Chefaço a perder as estribeiras – “Eles” bem queriam levar-nos à certa. Mas cá os mecos tínhamos os olhos bem abertos! Foi só pegar nos papeis à força – não foi sequer preciso muita - e levá-los até ao “café” lá adiante, para refazer tudo de alto a baixo. Chiça! Foi cá um destes apertos! Eu tinha exigido ao presidente do Partido para esperar que voltássemos. Com efeito! Hein! Esperava-nos em sentido! Grande homem! Enquanto nos vier comer à mão, tem o lugar garantido! Ele sabe-o …”
Uma interminável salva de palmas para o Chefaço aclamou o seu eloquente esclarecimento.
Deu-lhe a ele, porém, um súbito assomo da mais profunda humildade.
Com um gesto decidido fez silenciar o entusiasmo dos “vis” representantes do povinho fn.
Para dizer simplesmente.
“Mas foi um esforço do caneco, camaradas. Uma mobilização como nunca se fez, nem a dos duzentos skin-heads aqui há tempos ali para Sintra-Cascais. Tínhamos preenchido as listas só com a nossa gente, se quiséssemos, sim, se quiséssemos…”
“Fica para a próxima” – acrescentou, descendo o tom da voz para que poucos ouvissem e fossem espalhar lá fora o segredo.
Mas o pior estava para vir.
Foi quando o teimoso arrancou com outra tecla para insistir.
“Mas, já agora, que história é aquela dos seguranças?” – berrou por sua vez.
Logo conto.
ACR
(continua)
Etiquetas: racismo e racialismo