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2005/01/10

Esfregando as mãos de contentes …
Já agora, nestes tempos de tristezas … 

“Camaradas! Há um traidor no meio de nós! Há! Um pelo menos …

Todos os membros do comité central dos nacional-racistas – outra vez reunido – escancararam os olhos e as bocas muito abertas.

O lideraço apressou-se a adiantar, num tom furioso.

“Se não, expliquem vocês como é que tudo quanto aqui se diz chega lá fora sem tirar nem pôr!”

O inteligente da última acta levantou-se bruscamente, pôs-se em sentido e, estendendo o braço ao alto, ao jeito da saudação romana, proclamou muito preocupado, querendo deitar água na fervura:

“ O que aqui se disse é tudo tão óbvio, que os nossos inimigos nem precisam de inventar ou de espiar, basta-lhes deduzir.”

“Não apoiado!” – atalhou bem alto o lideraço.

O inteligente deixou cair o braço, aliviou a posição de sentido, como quem vai descansar, mas rapidamente reagiu.

“Ó Chefe! Pois tu não vês a facilidade com que tu … e todos nós, realmente … A facilidade com que todos damos à língua, mal nos puxam por ela! E se quem no-la puxa for um adversário, sei lá se um inimigo, mais depressa ainda a deixamos desatar!”

Ouviu-se logo um sururu de protesto evidente, exigindo explicações, pormenores, exemplos, qualquer coisa que justificasse tão grave denúncia.

“Um exemplo?... Ah! Quereis um exemplo?”

O assim chamado Chefe pareceu hesitar um momento, mas logo retornou num arranque de coragem.

“Então aí vai. Foi ainda há bocado, lá fora, que um qualquer me veio com esta. Que os da frente nacional já tomaram conta do Partido, que fomos nós até que redigimos o programa eleitoral dele, que conseguimos retirar qualquer prova do nosso nacional-racismo do programa partidário, para não darmos pretexto algum aos déspotas que nos governam de nos fecharem a loja. Enfim. Que é só para ganharmos tempo. Porque assim que ganharmos as eleições … Isso é inevitável! Logo que dominemos o Parlamento, suspendemos a Constituição, declaramos a interinidade do regime, em poucos dias pomos lá fora todos os imigrantes não legalizados. Primeiro os pretos, naturalmente. Perante a desorientação dos partidos derrotados nas eleições e da Europa Unida, vai ser pão com queijo. É canja!”

Um adjunto do lideraço não aguentou mais.

“O grande sacana! – gritou – Eu contei isso a um gajo amigo lá fora, esta manhã! Mas era um tipo de confiança. Filho da p.! E digo-vos mais, era identitário! Em quem é que se pode confiar?!”

Estava arrasado, o lideraço.

“Pois. Eu não te dizia? – esgaravatou o inteligente da fn, na ferida em carne viva do outro, já de si tão abatido -. É só puxarem-vos pela língua e … Eles aí vão!” – concluiu, numa gargalhada.

O lideraço olhou-o com ódio indisfarçado, antes de apressadamente declarar a sessão encerrada, sem ânimo para mais.

“E vão todos bugiar, à …, por hoje. Amanhã aqui, à mesma hora, que temos muito trabalho para descascar.”

ACR

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