<$BlogRSDUrl$>

2004/12/20

Tardanças e Andanças dos Nacional-frentistas 

O escol nacional-racialista voltou a reunir à roda da estátua do Épico, Largo Camões.

Mandaram os “provinciais” arranjar candidatos a deputados nas suas terrinhas.

Ficaram em Lisboa só os mais puros.

Ainda chegaram a uns vinte.

Começava a ser difícil reunir a céu aberto, com pretos e pretas constantemente cá e lá.

Um camarada esforçou-se por resolver o problema e veio dizer que, por cima da loja da Venetton, havia um esconso amplo bastante para os vinte, onde podiam reunir-se, ao fechar da loja, que um amigo, embora preto – desculpou-se – lá empregado, lhes garantia o acesso.

“Olha lá! – admirou-se outro – A Venetton não é aquela do cartaz do “amor” entre as raças, todas abraçadas, a arreganharem as dentuças? ...”

“É ... Mas também ... não havendo outro lugar ... Mesmo em frente da Brasileira!...”

O caldo ia de certeza entornar-se, se não interviesse, e o condottiere não hesitou.

“E o que é que tem?! – exclamou – Que é que tem a Venetton?... É o próprio inimigo quem nos abre as portas?... Pois, então, vamos entrar! Seja a estupidez do inimigo também uma arma nossa!”

Mas a maioria cogitou, calada, que poderia ser uma grande imprudência.

Antes isso, em todo o caso, que enfrentar o grupo de rapazolas negros que surgiu de repente, em passada arrogante, como se fossem cair-lhes em cima. Mas não. Passaram ao lado, narizes ao alto, mas mal cheirando o ar que respiravam e foram desaparecendo.

E se voltarem? – cogitaram os frentistas.

Por isso, cautelosamente, em grupos de dois, foram-se subtilmente esgueirando até à Venetton, onde os esperava, à porta, o negro amigo do camarada, que logo os encaminhou ao prometido esconso.

O lideraço já ia a pensar noutras coisas.

Mal assentaram arraiais no espaço atribuído pela Venetton, logo ele soltou cá para fora o que mais o preocupava naquele minuto. Era preciso escolher não só os motes inspiratórios da campanha, mas, sobretudo, as figuras emblemáticas inspiradoras do racialismo, os “nossos” idolatrados “mestres”.

E logo ainda mais didáctico.

“Dos motes podemos tratar amanhã. Hoje vamos às figuras emblemáticas; hão-de ser todas gente muito conhecida, para não termos a cada instante de andar a explicar quem são.”

“Gente fixe como a da Quinta das Celebridades!” – gritou um, apatetado.

Ninguém fez caso.

“O Camões, é evidente!” – tentou o apatetado corrigir o último desmando.

“E a cativa Dinamene?...” - logo objectou o braço direito do gauleiter, também logo percebendo que ninguém ligara o nome à pessoa. E explicou.

“Foi uma amante do Épico. Não está provado que não fosse preta. De raça branca não era com certeza. A proximidade das raças foi prática corrente dele. Talvez não tenha havido filhos; mas ... fazer filhos noutra raça é como fazê-los numa perua.”

“Ora! Há bem pior que isso – esbracejou novo camarada – lembram-se da Ilha dos Amores? Donde vieram aquelas deusas todas, todas brancas, branquíssimas, e louras! Passava-se nas Áfricas! O que elas eram, com certeza, era pretas retintas. Começou ali a mestiçagem infecta e infame. O Épico, o tanas! Foi ele, se não o inventor, o legitimador do mulato!”

“Era o que nos faltava!” – berraram vários, em coro.

“O Camões não serve!”

“O Camões não serve, não!” – ecoava a assembleia por unanimidade.

Tinham trabalhado que chegasse.

Mais tranquilos e animados, saíram todos, para comer tremoços e beber uns “finos” na Brasileira.

A.C.R.

Etiquetas:


This page is powered by Blogger. Isn't yours?

  • Página inicial





  • Google
    Web Aliança Nacional