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2004/11/24

PSD: o elo mais fraco? 

De quinze em quinze dias tem que haver um folhetim. Se puder dividir e enfraquecer a coligação governamental, melhor ainda.

O folhetim escolhido é mais um número de ilusionismo legislativo sobre o aborto. Este truque tem provado ser aquele que mais eficazmente divide a coligação e semeia a confusão e a perplexidade nos espíritos pouco convictos de muitos deputados do PSD, que já estão por tudo, ao ponto de assinarem de cruz os projectos do PC, vá-se lá saber porque dívida de gratidão. Ou será que, simplesmente, o PSD é uma coutada da APF?

Sendo o PSD um partido mais dividido e menos coerente nestas matérias, os partidos ideologicamente abortistas alimentam, com razão, a expectativa de que o PSD seja o elo mais fraco da corrente que, presumem, há-de partir a favor deles. O facto é que, sempre que se fala em liberalizar o aborto, há um grupo de deputados do PSD dispostos a alinhar com o PS, PC ou BE.

A presunção desses deputados é que, se não corresponderem ao lobby abortista, perdem votos. Mas, quais votos? Por acaso, quem é favorável ao aborto vota no PSD? Onde é que votam aqueles 1,4 milhões de eleitores que rejeitaram no referendum a liberalização do aborto? No PS? No PC? No BE? Onde é que votam os
216 mil signatários de uma petição em favor da família e da vida entregue na AR no princípio de Março? Petição que, em cinco semanas, recolheu mais assinaturas que as 121 mil que os partidários do aborto recolheram em cinco meses ou mais.

Onde é que está a prova de que a maioria dos portugueses quer a liberalização do aborto, senhores deputados do PSD? Não estarão a confundir os interesses da maioria dos portugueses com os vossos?

É muito mais provável que as hesitações e transigências – pusilanimidade, afinal de contas – nesta matéria façam com que as perdas sejam maiores do que os ganhos. E que a população provida tenda cada vez mais a votar cada vez menos no PSD. Foi o que aconteceu nas europeias. Os candidatos do PSD serão sempre compelidos a pronunciar-se sobre esta matéria. As suas posições serão publicamente conhecidas.

Tudo isto vem a propósito de um número de ilusionismo legislativo no qual alguns deputados do PSD foram convidados a participar: a famosa suspensão de pena para pessoas envolvidas em actos abortivos ilegais, sobretudo – isto é o mais espantoso – os profissionais de saúde, como se não soubessem o que fazem e não o fizessem deliberadamente.

Não quererão também suspender a pena para evasões fiscais, tráfico de droga, violação, roubo, etc...? É que é uma grande humilhação ir a tribunal...

O mais curioso no meio disto tudo é verificar como, na prática, os deputados, desde o BE a quase todos os do PS e muitos (demais) do PSD, acabam por pensar exactamente o mesmo nesta matéria. Isto sim, é originalidade.

Não vale a pena anatematizar o PC. Aquilo é mesmo assim. Outra coisa até lhes faria mal. O cancro está na bancada laranja.

Será desta que o PSD é o elo mais fraco?

Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt

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